É bíblico nos preocuparmos com o
próximo como também o é sermos guardadores uns dos outros, ajudando-nos e
exortando-nos para que andemos sempre nos caminhos do Senhor. Porém, não é
bíblico tentarmos mudar as pessoas.
Infelizmente, todos nós temos o
desejo de mudar os outros. É muito comum confundirmos nosso dever de proteger o
irmão, ajudando-o com exortações, com o erro de tentarmos convencê-lo do pecado
com nossos argumentos a nosso tempo.
A Bíblia deixa claro que
convencer as pessoas de seus pecados é um ministério exclusivo do Espírito
Santo de Deus, conforme João 16:8 diz: “Ele
convence do pecado”. Portanto, não cabe
ao pastor, marido, esposa, aos filhos,
amigos esta função. Ela é somente do Espírito Santo.
Richard Foxter, no livro
Celebração da Disciplina, pag. 40, diz que: “Quando passarmos a acreditar de fato
que a transformação interna é ação de Deus, não nossa, seremos capazes de
deixar de lado a compulsão para endireitar as pessoas.” John Owen em seu livro -Para vencer o pecado e a tentação, pag. 149
diz: “Só Ele claramente e completamente
convence o coração do mal, da culpa, do perigo, da corrupção, da concupiscência
ou do pecado que precisam ser mortificados. Sem essa convicção ou enquanto ela
for tão fraca que o coração pode lutar com ela ou diregi-la, não haverá uma
obra completa”.
Devemos ser honestos e concluir
que muitos casamentos estão em guerra constante porque os cônjuges tentam mudar
um ao outro. A intenção pode até ser boa, ver o outro arrependido, mas essa
mudança é realizada somente pelo Espírito Santo. Quem desejar exercer essa
função tornará o problema ainda maior e pior. Em todas as áreas da nossa vida
funciona assim. Creio que os pastores correm este risco constantemente ao aconselharem
os irmãos.
Ninguém reage bem a tentativa de
ser mudado pelo outro, porque a ação de querer mudar não é biblicamente correta.
Alguns poderão dizer que Natã convenceu Davi do seu pecado (2 Sm 12). Eu digo
que não. Natã não convenceu Davi de nada. Deus enviou Natã apenas para falar a
verdade. Natã não convenceu Davi. Quem o convenceu foi o Espírito Santo de
Deus. Assim também é com a nossa vida. Não adianta querermos convencer as
pessoas a não adulterar, mentir, roubar, usar drogas, amar o mundo, a sensualidade, a promiscuidade e a abandonar o pecado e
seguir a santificação. Onde o Espírito
não atua, não há mudança e sim, confusão, intriga e divisão.
Precisamos crer de uma vez por
todas que o ministério de convencer do pecado, tanto o nosso quanto o dos
outros, é somente do Espírito Santo. Mas, isso não quer dizer que vamos ficar
de braços cruzados vendo as pessoas pecarem ou nós mesmos vivendo no pecado
esperando sermos convencidos. Quando acreditamos que somos nós que convencemos
alguém do pecado ou do nosso próprio pecado, isso gera orgulho ou decepção.
Orgulho quando Deus age através de nós, pois pensamos que fomos nós mesmo e
decepção quando nada acontece apesar do nosso empenho e esforço.
É preciso buscar a santificação,
lutar contra o pecado para mortificá-lo, como também exortar uns aos outros,
aconselhar, falar a verdade em amor, mas sem exigir mudança. A oração deve ser
nossa primeira ferramenta usada neste processo. Orar por nós mesmos e pelos
outros, suplicando ao Espírito Santo que nos convença do pecado, caso
contrário, poderemos ouvir a verdade de nua e crua de alguém como Natã, e ainda
assim, continuarmos na prática do pecado como se tudo estivesse bem.
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