PENSAI NAS COISAS DO ALTO

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Solo espinhoso e o coração do preguiçoso


Dentre os muitos e preciosos ensinamentos da parábola do Semeador (Mateus 13:1 a 23), queremos apenas destacar sobre a semente que caiu em solo espinhoso, deixando outras abordagens para outra ocasião.
Naturalmente, o solo espinhoso, verso 7, é aquele solo que tem outros moradores, outras raízes crescendo e disputando o mesmo lugar onde foi plantada uma boa semente. É um palco de constante disputa, de um conflito interminável entre sementes que querem um lugar ao sol. Vencerá ou prevalecerá aquela que conseguir fixar suas raízes mais profundamente. É possível imaginar a luta, a verdadeira batalha incansável que acontece entre a semente e os espinhos. É um contra o outro o tempo todo. Isto acontece, porque o terreno não foi limpado antes de ser lançada a semente. Achou um terreno todo cheio de espinhos e simplesmente, por preguiça, apenas lançou-se a semente junto aos espinhos. E nasça quem quiser.
O solo espinhoso representa o coração de muito dos filhos dos homens. O coração é como o solo, capaz de produzir bons frutos. Pena que muitos corações são como o campo do preguiçoso (PV. 24:30,31). A descrição deste texto de provérbios é muito real, diz: “Passei junto ao campo do preguiçoso e junto à vinha do homem falto de entendimento; e eis que tudo estava cheio de cardos, e a sua superfície coberta de urtigas, e o seu muro de pedra estava derrubado”. O preguiçoso não cuida do que é seu. É como vemos hoje em dia uma data vazia na cidade, sem cuidados. Não tem muro, cerca e por isso, acaba virando depósito de lixo. Todos que por ali passam jogam alguma coisa. O mato está sempre alto, não tendo espaço pra qualquer planta boa nascer. Assim também é o coração do cristão preguiçoso. Está sem muros, ou seja, sem discernimento, sem a proteção da Palavra de Deus devido à preguiça para as coisas espirituais. O cristão preguiçoso não dá a devida importância, não vê problemas em cultivar preocupações deste mundo e viver abandonando os cuidados espirituais. Ele até quer que a Palavra nasça e cresça, mas não faz nada para isso, não confessa pecados, não procura ter uma vida íntegra, não prioriza as coisas de Deus. Pelo contrário, vive para as coisas do mundo e somente no domingo, religiosamente, dedica o dia para as coisas espirituais. Um coração assim vira depósito das preocupações deste mundo e do engano nas riquezas e todo tipo de mal que advém destas duas pragas que germinam e dão frutos terríveis.
Este é o homem com o coração semelhante ao solo espinhoso. Ele não chega a rejeitar sua fé e a desprezar totalmente a Palavra de Deus. Todavia, não dá prioridade a ela. Quer que ela cresça, achando um espaço em seu coração em meio a tantas outras coisas que estão sendo cultivadas ali. Se conseguir germinar assim, ótimo. Ele é um homem duplo, quer cultivar espinhos e a boa semente; quer cultivar o pecado e a Palavra de Deus, quer se dedicar totalmente a este mundo e as coisas do Senhor, quer amar as riquezas e a Deus; quer desfrutar do futuro e do agora. Duas coisas lutando pelo mesmo lugar, para fixar raízes e germinar. Cultiva todo tipo de semente em seu coração, domingo e apenas domingo cultiva um pouco a boa semente (Palavra de Deus). Novamente, no restante da semana, cultiva urtigas, representados pelas preocupações com este mundo e engano das riquezas, como diz Mattew Henry em seu comentário do Novo Testamento: “Tais preocupações consomem o vigor da alma que deveria ser usado em coisas divinas. Nos distraem quanto ao nosso dever, e mais tarde nos causam os maiores problemas.Aqueles que são excessivamente atarefados, e que se mostram cuidadosos em relação a muitas coisas, normalmente negligenciam aquilo que é mais necessário e importante.”
O que prevalecerá em nosso coração? Certamente o que temos mais cultivado. Nosso coração tem sido semelhante ao solo espinhoso? Semelhante ao campo do preguiçoso? É tempo de arrependimento, confissão, limpeza destas pragas que tem sufocado a Palavra de Deus em nosso coração.

Alexandre Pereira Bornelli