PENSAI NAS COISAS DO ALTO

segunda-feira, 31 de março de 2008

A suficiência das Escrituras


“Fiz uma aliança com Deus: que Deus não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o Dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para a que há de vir.”

Martinho Lutero

sábado, 29 de março de 2008

CIDADÃOS DO CÉU!

Um aspecto interessante das diferentes nacionalidades existentes é que cada uma delas possui peculiaridades. Cada raça é identificada por suas características peculiares, por sua cultura que envolve costumes, alimentação, hábitos, idioma, etc. Cada pessoa carrega consigo os hábitos, o idioma, as preferências e costumes inerentes do país em que nasceu e/ou viveu. Portanto, a nacionalidade é capaz de identificar facilmente uma pessoa. Nalguns casos, basta olharmos para a fisionomia que já identificarmos a origem da pessoa; noutros, é preciso mais do que apenas o contato visual, é necessário também um contato verbal.
Esta fácil identificação também deveria ocorrer com os cristãos. Afinal, os crentes possuem uma nacionalidade singular: são cidadãos do céu . São, nos dizeres do apóstolo Pedro (I Pedro 2:9 ), “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus...”. Sendo assim, este povo, representado pelos eleitos de Deus, deveria evidenciar em seus semblantes, a marca desta nacionalidade celestial. Sim, é possível sermos identificados como cristãos simplesmente pelo nosso semblante! Este povo de propriedade exclusiva de Deus deveria ser reconhecido como celestial pelo olhar puro, pelas mãos santas e pelo caminhar íntegro. Mas, se esta nação santa ainda não alcançou tal progresso na vida cristã, a ponto de ser reconhecida como um povo eminentemente celestial mesmo sem falar uma única palavra, simplesmente pelo proceder, que então, seja conhecida como de propriedade exclusiva de Deus, pelo idioma cristão, pelos desejos das coisas santas, pelo amor cristão, pelo caráter de Cristo sendo formado em seu interior, pelo proceder, pela união uns com os outros, pelo amor fraternal, pelo perdão, pelas preferências celestiais, pelo agir cristão, pelo alimento que mais buscam, qual seja, o alimento espiritual, a Palavra de Deus e ainda, pelo que pensa, “nas coisas do alto” (Colossenses 3).
Não somos andarilhos, nem nômades. Temos um lar, temos um destino, já somos cidadãos do céu embora ainda, temporária e provisoriamente, estejamos morando na terra. Que nunca nos esqueçamos que não somos deste mundo. Novos céus e nova terra nos aguardam e devemos aguardá-las também, pois é para lá que iremos definitivamente. Vivamos aqui, mas pensando nas coisas do Alto. Se assim vivermos, iremos experimentar ainda que suavemente, uma prévia de como será a indizível realidade de vivermos eternamente no céu com o nosso Senhor.
De fato nós, cristãos, não somos um povo sem nacionalidade, muito menos somos cidadãos deste mundo, jamais somos terrenos. Ao contrário, Deus nos considera, pois assim de fato somos, nação santa, raça eleita, povo de propriedade exclusiva de Deus. Não é que seremos esta nação; nós já somos esta nação! Portanto, devemos viver dignamente como cidadãos do céu, homens de uma coisa só: Deus! Que toda a nossa vida aqui seja um retrato falado desta magnífica e comprometedora descrição bíblica: “somos nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus...”! Que possamos viver tão íntimos do Senhor, andando em seus caminhos diariamente, em tão profunda comunhão com Ele, a ponto de sermos facilmente identificados como uma nação santa e como o povo que pertence exclusivamente a Deus. Justamente por termos nossa nacionalidade celestial assegurada pela Bíblia é que devemos viver aqui e agora evidenciando os costumes celestiais, falando o idioma celestial, alimentando das coisas celestiais, tendo hábitos celestiais, afetos celestiais, amando as coisas celestiais e, principalmente, desejosos e esperançosos de morarmos definitivamente em nossa cidade celestial, com o nosso Pai celestial.
Paulo, escrevendo aos Filipenses, no capítulo 3, verso 20, afirma que não somos deste mundo! A cidade a qual moramos não é, na verdade, nosso destino eterno. Ele nos revela a suprema verdade ao nos informar o endereço correto da nossa verdadeira morada, quando diz: "Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo."

Alexandre Pereira Bornelli

quarta-feira, 26 de março de 2008

ESCRAVOS DO AMANHÃ

O número de cristãos escravizados pelo pecado da procrastinação, provavelmente, é maior do que pensamos! Deixar pra amanhã o que deve ser feito hoje, tem sido causa de muitos “naufrágios” espirituais, bem como de muitas vidas perdidas por falta de arrependimento. Esaú que o diga!![1]. Muitas vidas estão espiritualmente definhadas e desnutridas por causa da procrastinação. Amanhã é o melhor dia para se arrepender e voltar para Deus, pensam muitos jovens que querem curtir a juventude conforme o mundo determina e muitos adultos por amarem as riquezas. A velha desculpa “hoje não estou preparado, não estou legal, não estou me sentindo bem para se arrepender” tem sido utilizada indiscriminadamente por muitos procrastinadores. Amanhã, amanhã, amanhã...! Não nos esqueçamos de que essa síndrome do amanhã é pecado, chama-se procrastinação!
O dia de Deus se chama hoje! É assim que o autor de Hebreus
[2] nos alerta: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação.” Esse “hoje” é um dia sempre presente! Toda a Bíblia tem um momento único para ser obedecida: hoje, agora! Em relação à obediência, nada do que Deus deixou registrado é para fazermos amanhã. Quando devo seguir e buscar a santidade pra minha vida? Hoje. Quando devo obedecer o mandamento de amar a Deus de todo o meu coração? Hoje. Quando devo honrar meu pai e minha mãe? Hoje. Quando preciso obedecer à ordem divina de abandonar a impureza sexual, a bebedice, a glutonaria, a inveja, a lascívia etc.? Hoje. Precisamos entender definitivamente esta questão: o dia para obedecermos a Deus e abandonarmos o pecado, seja ele qual for, é hoje. Deve iniciar-se hoje, agora, neste segundo, e perpetuar-se por todos os dias até que o Senhor volte para nos buscar. Deve ser hoje que devo me arrepender diante de Deus. Deve ser hoje que preciso ser honesto com o Senhor, confessando e abandonando o caminho do pecado. Não é ano que vem ou depois que me formar, casar, passar no vestibular etc. É hoje, é agora, neste exato momento que devo buscar a Deus em oração, clamando a Ele por me conceder o genuíno arrependimento e abandono da prática do pecado.
Este assunto é por demais relevante e urgente em nossas vidas. Fatalmente, este pecado da procrastinação tem sido uma prática comum entre muitos de nós. De nada adianta sabermos nossos pecados se não os confessamos e os abandonamos diante de Deus. Muitas vezes sabemos quando estamos em pecado, sabemos quando desobedecemos a Deus, sabemos quando estamos pisando em terreno perigoso. A Bíblia diz em Colossenses 3:15, que o Espírito Santo de Deus é o arbitro em nossos corações. Esse Arbitro sinaliza quando algo está errado, nos retirando a paz interior.
Temos o privilégio de sermos livres para ler e estudar a Bíblia em nosso país Temos sido instruídos com boas literaturas teológicas, por sermões Cristocêntricos, mas, mesmo assim, temos deixado para amanhã a atitude de arrependimento que deveríamos realizar hoje! Quantas vidas estão escravizadas por pecados de anos!! Quantos cristãos estão enredados, atormentados por seus próprios pecados por causa da procrastinação!! Quantos jovens estão se perdendo por estarem prometendo arrependimento para amanhã! Quantos casais deixam para se perdoarem amanhã! Quantos estão atolados em promiscuidades, imoralidades, perversões sexuais, bebedices, drogas, sexo fora do casamento há anos, e ainda deixam o arrependimento para amanhã, como se o arrependimento pudesse ser realizado quando quisermos. Jamais nos esqueçamos do texto bíblico que afirma que o arrependimento é dado pelo Senhor, fruto da Sua benignidade e não algo que temos acesso quando bem quisermos. Assim diz Romanos 2:4: “Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te conduz ao arrependimento?”. É claro que não nos arrependemos a hora e quando quisermos, mas sim, quando Deus nos capacitar para tanto. Até para nos arrepender, somos dependentes do Senhor como está escrito em João 15:5: “...sem mim nada podeis fazer”. Nada mesmo, nem nos arrepender dos próprios pecados!
É preciso dizer que, se por um lado o dia de Deus chama-se hoje, por outro, o dia do diabo chama-se amanhã! O diabo está tranqüilo enquanto você agenda seu arrependimento e sua volta para os caminhos do Senhor para amanhã. Ele se delicia com o amanhã, pois sabe que esse “amanhã” dificilmente chegará!
Que Deus em sua infinita benignidade e misericórida, mediante o Seu Espírito Santo, que nos guia a toda a verdade, nos capacite a arrependermos dos nossos pecados hoje! Nada de deixar pra amanhã. Nada de deixar pra depois. Busquemos ao Senhor enquanto se pode achar
[3]. Busquemos arrependimento enquanto há lugar para o arrependimento, pois Esaú[4], depois de seu pecado, tentou buscar arrependimento, mas não o encontrou. Isto, porque o arrependimento é um dom de Deus concedido a nós. Somente podemos nos arrepender quando Deus em sua infinita misericórdia, nos conceder possibilidades de arrependimento genuíno.
Citamos o pensamento cristão que diz que “não há nenhuma virtude em nosso arrependimento, se ele não nos levar a Deus. Mero desgosto pelo pecado não nos isenta de culpa. Pode haver remorso, mas não arrependimento”
[5], pois “nosso Senhor e mestre Jesus Cristo deseja que a vida inteira do crente, seja uma vida de arrependimento”[6].
E, por fim, creiamos que “Deus prometeu o perdão diante do nosso arrependimento, mas não o prometeu para amanhã, face à nossa procrastinação”
[7]

Alexandre P. Bornelli
[1] Hebreus 12:17
[2] Hebreus 3:15
[3] Isaías 55:6
[4] Hebreus 12:17
[5] Stanley Jones
[6] Martinho Lutero
[7] Agostinho

segunda-feira, 24 de março de 2008

POR QUE PAROU, PAROU POR QUÊ?

O segredo de um maratonista para uma boa corrida, não é somente largar bem, mas também, correr pelo percurso certo, e ainda, correr progressivamente por todo o tempo e percurso. O início conta muito, mas não é o bastante. Temos o exemplo do maratonista brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima que mesmo sendo vítima de um torcedor-invasor durante a Olimpíada, ainda conseguiu superar o problema e manter-se constante no percurso, garantindo o honrado 3º lugar.
Desta mesma maneira, muitos crentes, via de regra, iniciam bem a corrida cristã, correndo pelo caminho estreito. Começam obedientes, prontos ao arrependimento, dependentes de Deus em tudo, dispostos a seguir fielmente as Escrituras, combater o bom combate e guardar a fé. Contudo, no decorrer da jornada cristã, a realidade muitas vezes, nos leva a uma outra conclusão, qual seja: o precoce esfriamento da fé, causado pelo desânimo espiritual. As dificuldades do percurso durante a caminhada cristã desanimam muitos crentes que estão correndo bem, fazendo-os perder de vista o alvo correto, que é manter-se puro, íntegro e santo, tudo isso para a glória de Deus.
Quem de nós não se lembra do inicio da vida cristã? Quem dentre nós não é capaz de afirmar que iniciou bem a jornada cristã? Sem muito esforço, lembramos do entusiasmo e da dedicação com que percorríamos os caminhos do Senhor. Aonde íamos, levávamos a mensagem do evangelho estampada em nosso rosto, gestos e atitudes. Nossa vida era resultado de um coração cheio do Espírito Santo de Deus. Mas, afinal, porque corríamos bem a carreira cristã e hoje, já não mais temos o mesmo desempenho, interesse e amor por Deus, pela Sua Palavra e pelos irmãos?
Gálatas 5:7, Paulo diz: “Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?”
Repare que o próprio versículo nos dá a única resposta correta. Nosso fracasso em não continuar a percorrer os caminhos do Senhor é fruto de não termos continuado a obedecer à Verdade. Não há como fugir desta conclusão extraída das Escrituras. Observemos a segunda parte do versículo: “...quem vos impediu de continuardes a obedecer à verdade?” Podemos ver com clareza que Paulo atribui o mau desempenho na jornada cristã, à desobediência da verdade!
Desobediência à palavra de Deus é a gênese de todo o nosso fracasso e perda de vigor na vida cristã. Todos os demais pecados derivam de querermos viver independentes de Deus, ou seja, não lhe obedecendo. A semente lançada no Éden pela serpente foi justamente a de enganar o casal crendo que, ao desobedecer à ordem divina, ambos seriam independentes de Deus e viveriam muito melhor. Hoje somos igualmente assaltados pela mesma proposta maligna: ser independente de Deus.
Portanto, se hoje já não mais percorremos bem os caminhos do Senhor é porque, pela desobediência à Sua Palavra, estamos correndo em algum outro caminho que nos conduz a perdição e a morte. Podemos estar com hábitos religiosos, mas com um coração rebelde e desobediente a Deus. De igual modo, se hoje já não mais temos prazer em Deus e, em Sua Palavra, se não mais priorizamos a comunhão dos irmãos, a vida santa, a integridade, se temos andado de mal a pior na vida cristã, indubitavelmente, é porque, em primeira instância, já não temos mais obedecido à verdade, ora, “a Tua palavra é a verdade”.
Não obedecer à Verdade, não obedecer ao comando do Espírito de Deus que tira-nos a paz quando pecamos (Cl 3:15), em atitude de arrependimento é pecado! Por este fato, o autor de Hebreus nos exorta no cap. 3:13: “...a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.” O pecado não confessado endurece nosso coração, tornando-o insensível e cínico em relação às coisas de Deus, fazendo-nos trilhar por outros caminhos que nos parecem retos, mas que são caminhos de morte (Pv. 14:12).
Em João 14: 6, lemos: “Eu sou o caminho a verdade e a vida”. Jesus não é um caminho, Ele é O caminho. O único caminho capaz de nos conduzir a Deus, ou seja, a Ele mesmo. Também, no mesmo livro, no capítulo 14, verso 21, lemos: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama”. Temos os mandamentos de Deus? Guardamos os Seus mandamentos em nosso coração? Obedecemos a eles? É imprescindível obedecermos as Escrituras, para que o Espírito Santo de Deus possa nos guiar a toda a Verdade. Aquele que não guarda os mandamentos de Deus não tem condições de percorrer Seu caminho de forma correta.
Só há um jeito de voltarmos a correr bem nos caminhos do Senhor: arrependendo e confessando nossos pecados, fixando nossos olhos no Autor e consumador da nossa fé.
Não adianta em nada corrermos bem, se estivermos correndo no caminho errado, pois chegaremos ao lugar errado. Assim, é necessário verificarmos, enquanto há tempo, por qual caminho estamos correndo, e como estamos correndo nele, a fim de que nosso enganoso coração (Jer. 17:9) não nos leve a desobedecer a Palavra de Deus, fazendo-nos crer que temos caminhos melhores, porque, na verdade, nossos caminhos parecem retos, mas o fim deles e a morte (Pv 14:12.).
Que Deus nos dê um coração cada dia mais obediente e submisso à Sua Santa Palavra. Não um coração questionador, cínico, cheio de justiça própria. Ao contrário, que tenhamos um coração arrependido, contrito e quebrantado porque o Senhor certamente não o desprezará (Is 57:15). Somente assim poderemos, pela Graça de Deus, percorrer nossa maratona cristã em santidade, apesar das dificuldades.
Concluindo, temos o ensino de Oswald Chambers que nos exorta sobre a importância da obediência na vida cristã, quando diz que "a melhor medida de uma vida espiritual não são os êxtases, mas a obediência". Sejamos, pois, obedientes ao Senhor e à Sua Santa Palavra.
Alexandre P. Bornelli




domingo, 23 de março de 2008

ASSIM DIZ O SENHOR.

A Bíblia está repleta desta sublime afirmativa: “Assim diz o Senhor”. Esta afirmação solene traz a certeza de uma verdade absoluta e irrefutável.
Dentre alguns desses “Assim diz o Senhor” encontrados na Bíblia, particularmente o de Jeremias 9:23 24 deve ser analisado especialmente. Nesta passagem, Deus faz cair por terra o tripé da segurança da humanidade: sabedoria, poder e força. As três colunas que os homens se apóiam, confiando suas vidas neste mundo são consideradas pelo realmente Sábio, Poderoso e Forte como sendo algo indigno de nossa confiança. Isto, para mostrar a todos que nada, além Dele mesmo, é digno de confiança, devoção, segurança e conforto eterno.
A primeira advertência do Senhor, é: “Assim diz o Senhor: não se glorie o sábio na sua sabedoria”. Sabemos que vivemos numa cultura onde o saber tem sido um dos deuses da humanidade. O saber, que inclui a ciência moderna, tem sido buscado a todo custo pelas pessoas. O saber tem agido como um divisor de águas entre os povos. Saber, ser culto, inteligente, ter QI elevado, ter conhecimento de várias culturas, tudo isso por si só não é pecado. Todavia, pode se tornar pecado. Observe que a advertência é para o sábio não se gloriar em seu saber. Realmente existem pessoas naturalmente mais sábias que outras, existem pessoas com mais conhecimento específico ou geral cultural que outros. Este não é o problema. O que o cristão não pode e não deve é gloriar-se nisto. Pois gloriando no saber, o cristão coloca tal conhecimento como superior, mais valoroso, mais importante e sublime do que o conhecer a Deus. Alguns de tanto estudo, chegam a querer ser tratado como um deus de tanta vanglória pelo conhecimento. E isto sim é pecado. Portanto, o sábio pode continuar sendo sábio, pode desenvolver sua sabedoria, inteligência e estudos, mas não deve gloriar-se nisto. Não deve “assentar-se” sobre ela confortável e seguramente como se seu saber o levasse ao céu, ao conhecimento de Deus, ou mesmo o tornasse um cristão superior aos demais, especial para Deus. Não! Somente Deus é digno de nossa glória, devoção e total reverência.
Segunda advertência do profeta trazendo a voz de Deus é: “Assim diz o Senhor: não glorie-se o forte na sua força”. A segunda coluna de sustentação dos homens também é derrubada aqui. A mesma observação com respeito do saber, vale aqui para a força, ou seja, a advertência não é contra o ser forte, mas sim contra o gloriar-se na força. Novamente a glória que está em questão. Ser forte tanto fisicamente quanto emocionalmente, ou até mesmo espiritualmente geralmente traz uma segurança pessoal muito grande. Traz uma sensação, na realidade falsa, de que somos imbatíveis, inatingíveis e, em alto grau, até sensação de que somos eternos. O forte, aquele que está com a saúde em dia, ainda jovem, ou mesmo o velho que se sente assim, não deve e nem pode se gloriar nisto. Nossa vida afinal “é como neblina que logo se é disssipada” ou como a flor que “logo se murcha”. O gloriar aqui é exaltar-se pela força que tem, atribuindo tudo a si próprio, esquecendo-se de dar glória a Deus por ela. Em outras palavras, é substituir o estar forte em Deus, o ser íntimo Dele, pelo querer viver sem Seu auxílio, desprezando nossa dependência Dele.
E, a terceira coluna de sustentação demolida é assim advertida por Deus: “Assim diz o Senhor: não glorie-se o rico nas suas riquezas”. É quase que indiscutível que a riqueza gera uma segurança em todos nós. Negar isso é ou ser super espiritual (o que é possível, mas difícil) ou super hipócrita (o que é possível e bem mais fácil). Por mais que as Escrituras nos advirtam com relação ao perigo de amar e confiar nas riquezas, ainda assim todos nós temos enorme dificuldade de praticar esse ensinamento. Como é difícil não colocar nosso coração nas riquezas e apesar de te-las, não depender delas para nossa felicidade e bem-estar. Como é difícil ter, mas viver como se não tivéssemos riquezas. Não ter riqueza e ainda assim não almejar tê-la é tão difícil quanto tê-la e não confiar nelas. Os que não a tem almejam-na a todo custo; e os que já a possuem, querem aumentá-la para sentirem-se mais seguros ainda no presente e no futuro (falsa segurança que insistimos em dar-lhe crédito). Todavia, esquecemos que o verdadeiro dono de toda a riqueza do universo é Deus, e que somos apenas seus mordomos. Por isso que esse pecado, assim como nos casos anteriores, não é o fato de ser rico, de ter riquezas, mas sim, de nos gloriarmos nelas. Talvez sua riqueza pode ser uma simples bicicleta, ou uma roupa nova, ou uma casa própria ou então, uma fazenda, carros importados e muito dinheiro no banco. Não importa. O fato é que independente do que seja nossa riqueza, não podemos nos gloriar nela, nem em nossa sabedoria e nem tampouco em nossa força. Sabedoria, Força e Riqueza são atributos de Deus, pertencentes somente a Ele.
Por outro lado, o verso 24 do capitulo 9 de Jeremias, nos adverte positivamente, dizendo: “mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor”. Novamente mais três atributos inerentes de Deus são expostos aqui: misericórdia, juízo e justiça. Como podemos nos gloriar na sabedoria, na força e na riqueza humana diante desse Deus que é o verdadeiro e legítimo dono de todas as coisas? Como confiar mais na sabedoria, na força e na riqueza dos homens do que em Deus que é misericordioso e justo? Que todo nosso empenho não seja para ser sábio, forte e rico, mas sim que possamos dedicar nossa vida passageira em conhecer a Deus e andar com Ele diariamente, como verdadeiros servos bons e fiéis, sabendo que Ele é quem “faz misericórdia, juízo e justiça na terra...”. Em que estamos nos gloriando?

Alexandre Pereira Bornelli

Bem-Vindos

Espaço criado para leitura de artigos cristãos reformados. Divulgem e deixem suas opiniões.
Abraço e bom proveito.