PENSAI NAS COISAS DO ALTO

domingo, 23 de março de 2008

ASSIM DIZ O SENHOR.

A Bíblia está repleta desta sublime afirmativa: “Assim diz o Senhor”. Esta afirmação solene traz a certeza de uma verdade absoluta e irrefutável.
Dentre alguns desses “Assim diz o Senhor” encontrados na Bíblia, particularmente o de Jeremias 9:23 24 deve ser analisado especialmente. Nesta passagem, Deus faz cair por terra o tripé da segurança da humanidade: sabedoria, poder e força. As três colunas que os homens se apóiam, confiando suas vidas neste mundo são consideradas pelo realmente Sábio, Poderoso e Forte como sendo algo indigno de nossa confiança. Isto, para mostrar a todos que nada, além Dele mesmo, é digno de confiança, devoção, segurança e conforto eterno.
A primeira advertência do Senhor, é: “Assim diz o Senhor: não se glorie o sábio na sua sabedoria”. Sabemos que vivemos numa cultura onde o saber tem sido um dos deuses da humanidade. O saber, que inclui a ciência moderna, tem sido buscado a todo custo pelas pessoas. O saber tem agido como um divisor de águas entre os povos. Saber, ser culto, inteligente, ter QI elevado, ter conhecimento de várias culturas, tudo isso por si só não é pecado. Todavia, pode se tornar pecado. Observe que a advertência é para o sábio não se gloriar em seu saber. Realmente existem pessoas naturalmente mais sábias que outras, existem pessoas com mais conhecimento específico ou geral cultural que outros. Este não é o problema. O que o cristão não pode e não deve é gloriar-se nisto. Pois gloriando no saber, o cristão coloca tal conhecimento como superior, mais valoroso, mais importante e sublime do que o conhecer a Deus. Alguns de tanto estudo, chegam a querer ser tratado como um deus de tanta vanglória pelo conhecimento. E isto sim é pecado. Portanto, o sábio pode continuar sendo sábio, pode desenvolver sua sabedoria, inteligência e estudos, mas não deve gloriar-se nisto. Não deve “assentar-se” sobre ela confortável e seguramente como se seu saber o levasse ao céu, ao conhecimento de Deus, ou mesmo o tornasse um cristão superior aos demais, especial para Deus. Não! Somente Deus é digno de nossa glória, devoção e total reverência.
Segunda advertência do profeta trazendo a voz de Deus é: “Assim diz o Senhor: não glorie-se o forte na sua força”. A segunda coluna de sustentação dos homens também é derrubada aqui. A mesma observação com respeito do saber, vale aqui para a força, ou seja, a advertência não é contra o ser forte, mas sim contra o gloriar-se na força. Novamente a glória que está em questão. Ser forte tanto fisicamente quanto emocionalmente, ou até mesmo espiritualmente geralmente traz uma segurança pessoal muito grande. Traz uma sensação, na realidade falsa, de que somos imbatíveis, inatingíveis e, em alto grau, até sensação de que somos eternos. O forte, aquele que está com a saúde em dia, ainda jovem, ou mesmo o velho que se sente assim, não deve e nem pode se gloriar nisto. Nossa vida afinal “é como neblina que logo se é disssipada” ou como a flor que “logo se murcha”. O gloriar aqui é exaltar-se pela força que tem, atribuindo tudo a si próprio, esquecendo-se de dar glória a Deus por ela. Em outras palavras, é substituir o estar forte em Deus, o ser íntimo Dele, pelo querer viver sem Seu auxílio, desprezando nossa dependência Dele.
E, a terceira coluna de sustentação demolida é assim advertida por Deus: “Assim diz o Senhor: não glorie-se o rico nas suas riquezas”. É quase que indiscutível que a riqueza gera uma segurança em todos nós. Negar isso é ou ser super espiritual (o que é possível, mas difícil) ou super hipócrita (o que é possível e bem mais fácil). Por mais que as Escrituras nos advirtam com relação ao perigo de amar e confiar nas riquezas, ainda assim todos nós temos enorme dificuldade de praticar esse ensinamento. Como é difícil não colocar nosso coração nas riquezas e apesar de te-las, não depender delas para nossa felicidade e bem-estar. Como é difícil ter, mas viver como se não tivéssemos riquezas. Não ter riqueza e ainda assim não almejar tê-la é tão difícil quanto tê-la e não confiar nelas. Os que não a tem almejam-na a todo custo; e os que já a possuem, querem aumentá-la para sentirem-se mais seguros ainda no presente e no futuro (falsa segurança que insistimos em dar-lhe crédito). Todavia, esquecemos que o verdadeiro dono de toda a riqueza do universo é Deus, e que somos apenas seus mordomos. Por isso que esse pecado, assim como nos casos anteriores, não é o fato de ser rico, de ter riquezas, mas sim, de nos gloriarmos nelas. Talvez sua riqueza pode ser uma simples bicicleta, ou uma roupa nova, ou uma casa própria ou então, uma fazenda, carros importados e muito dinheiro no banco. Não importa. O fato é que independente do que seja nossa riqueza, não podemos nos gloriar nela, nem em nossa sabedoria e nem tampouco em nossa força. Sabedoria, Força e Riqueza são atributos de Deus, pertencentes somente a Ele.
Por outro lado, o verso 24 do capitulo 9 de Jeremias, nos adverte positivamente, dizendo: “mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor”. Novamente mais três atributos inerentes de Deus são expostos aqui: misericórdia, juízo e justiça. Como podemos nos gloriar na sabedoria, na força e na riqueza humana diante desse Deus que é o verdadeiro e legítimo dono de todas as coisas? Como confiar mais na sabedoria, na força e na riqueza dos homens do que em Deus que é misericordioso e justo? Que todo nosso empenho não seja para ser sábio, forte e rico, mas sim que possamos dedicar nossa vida passageira em conhecer a Deus e andar com Ele diariamente, como verdadeiros servos bons e fiéis, sabendo que Ele é quem “faz misericórdia, juízo e justiça na terra...”. Em que estamos nos gloriando?

Alexandre Pereira Bornelli

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