PENSAI NAS COISAS DO ALTO

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

PODEMOS DIALOGAR COM DEUS?


O pecado nos desequilibrou em todas as áreas. Não há ninguém equilibrado em área nenhuma. Os que se acham equilibrados, já demonstram desequilíbrio por pensarem mais de si do que convém. Por isso, precisamos de graça de Deus para tudo. Um dos desequilíbrios na vida cristã é o fato de oscilarmos entre ficarmos questionando a Deus em tudo ou sermos medrosos em abrir nossa boca para dialogar com Ele, expondo nossos medos, inseguranças e até incredulidade, pedindo-Lhe socorro.
Ao lermos o livro de Êxodo, especificamente nos capítulos 3 e 4, vemos Moisés dialogando seriamente com Deus. Um diálogo interessante diante de um assunto importantíssimo. Moisés havia sido convocado por Deus para falar com Faraó, mas estava resistindo a esta convocação. No capítulo 3, verso 2 lemos que apareceu o Anjo do Senhor a Moisés numa chama de fogo, a conhecida sarça ardente. Vendo isto, por curiosidade, Moisés foi até lá para ver o que era. Foi então que Deus o chamou (v. 4). A partir daí vemos um interessante dialogo entre Deus e Moisés. No verso 7 Deus diz que estava ciente da opressão do seu povo nas mãos dos egípcios e que decidiu livrar este povo. Para isso, usaria Moisés. No verso 10 Deus diz para ele falar com Faraó a fim de libertar os israelitas. Moisés sentiu medo e ficou incrédulo, dizendo a Deus (v.11): “Quem sou eu para apresentar-me ao faraó e tirar os israelitas do Egito?”. Realmente, Moisés não era ninguém de expressão para tal tarefa. Mas, parece que por um instante ele esqueceu totalmente do cuidado que Deus havia manifestado por toda a sua vida. Deus havia dado a ordem para que fosse, mas ele estava enganado pensando que Deus confiava em sua capacidade.  Então, como é comum aos incrédulos, tratou logo de tentar “ajudar” Deus (como se Ele precisasse de nossa ajuda), dizendo ser incapaz. Pacientemente, no verso 12 Deus diz que estaria com ele. Moisés então até simulou consigo mesmo o dialogo (v. 13) que provavelmente teria com Faraó, como fazemos quando estamos inseguros antes de conversar com alguém importante. Nos versos 14 a 18, nova e pacientemente, Deus reforça Sua atuação sobre tudo que aconteceria, dizendo tudo a Moisés o que ele deveria dizer quando lhe questionarem. Era só Moisés crer. Só? Contudo, no verso 19 surpreendemente Deus afirma que o rei do Egito não obedecerá a sua ordem, senão quando Ele atuar com mão forte. Nos versos 20 a 22, Deus mostra o que fará ante a desobediência de Faraó, mostrando com isso Sua soberania sobre tudo e todos. Deus não pede para Moisés disciplinar Faraó, era Ele mesmo quem o faria. Parece-nos que já era hora de Moisés estar convencido de que Deus estaria realmente no controle da situação e que ele e então, deveria crer Lhe obedecer. Entretanto, o capítulo 4 inicia da seguinte forma: “Moisés respondeu: E se eles não acreditarem em mim nem quiserem me ouvir e disserem: O Senhor não lhe apareceu?” O medo que dominava Moisés, fruto da sua incredulidade, por muitas vezes nos assalta também, mesmo sabendo, como ele sabia, do cuidado de Deus e do Seu poder. Isso, porque olhamos muito mais para nós, para nossa capacidade ou falta dela e para as circunstâncias do que propriamente para o Senhor.. Para encorajar Moisés, Deus ainda demonstra Seu poder transformando a vara em serpente; fazendo com que a mão de Moisés ficasse repentinamente com lepra e lhe restaurando-a em seguida e fazendo a água do Nilo se transformar em sangue (Ex 4: 3 a 9). Porém, mesmo diante de todas estas evidências miraculosas, a incredulidade de Moisés ainda reinava em seu coração. Observamos que no verso 10, ele agora fala a Deus (como se Deus não soubesse!) que ele é pesado de boca e que nunca teve facilidade para falar. É até infantil a desculpa de Moisés, porque se Deus mostrou que pode transformar uma vara em serpente, que pode fazê-lo ficar com lepra e curá-lo e que transforma a água em sangue, era para Moisés pensar que o fato dele não ter facilidade para falar era algo fácil de Deus resolver. Mas, não! O fato é que nossa incredulidade nos faz sempre duvidar do poder de Deus e por isso ficamos medrosos, mesmo diante de tantos fatos comprobatórios do Seu poder em nossa própria vida. No verso 11 Deus ainda conversa com Moisés, explicando detalhadamente quem criou o homem: “Quem deu boca ao homem? Quem o fez surdo ou mudo? Quem lhe concede vista ou o torna cego? Não sou eu, o Senhor?” Claro que Moisés sabia responder a todas as perguntas, mas não acredita de coração nas respostas. Então, no verso 12, Deus diz mais enfaticamente: “Agora, pois, vá: eu estarei com você, ensinando-lhe o que dizer.” Depois dessa, Moisés tinha que ir, não é mesmo? Você iria? Mas, de fato ele ainda não foi. Não o condenemos, pois faríamos o mesmo, visto que por tarefa muito menos arriscada que temos que cumprir em nossos dias, também nos amedrontamos e resistimos a obedecer a Palavra de Deus.  Então, novamente o Senhor diz para Moisés ir até Faraó que Ele é quem estaria lhe capacitando. No entanto, Moisés ainda não estava convencido do poder de Deus. Olhava mais para suas dificuldades e falta de habilidades do que para o atuar do Senhor e como Pedro ao andar sobre as águas, afundou ante sua incredulidade. Então, no verso 13, não tendo mais desculpas a apresentar, Moisés dá um basta, dizendo: “Ah, Senhor! Peço-te que envies outra pessoa.” Ou seja, por mais que Deus usasse de paciência e didática com Moisés explicando passo a passo o que aconteceria e sempre deixando claro que estaria no controle da situação, Moisés ainda permaneceu incrédulo e disse para Deus arrumar outra pessoa. Com isso, estava ele dizendo que Deus errou ao convocá-lo. No verso 14, depois de exaustivamente explicar a Moisés e ante sua incredulidade, Deus se ira, semelhantemente como um pai natural se ira contra seu filho quando, após explicar por várias vezes e dizer que estaria com ele, o filho ainda insiste em não obedecer. Incrivelmente, nos versos 15 e 16, Deus mesmo irado, ainda continuou a conversa com Moisés. Isto, porque nosso medo não frustra os planos de Deus e nossa reação não determina a ação de Deus, pois Ele age soberanamente dentro sua Soberania. Deus então, convoca Arão, irmão de Moisés, para ser o porta-voz diante do povo. A história continua e podemos continuar lendo-a no livro de Êxodo.
Aprendemos algumas preciosas lições com estes fatos. 1) Podemos expor a Deus nossos medos e até nossa incredulidade sem estar pecando com isso; desde que o façamos com o devido temor, como que de criatura que somos para o Criador; 2) Deus nos ouve e não nos reprova simplesmente por expormos a Ele nossa incredulidade; 3) Não podemos fugir eternamente da ordem de Deus. Existe um momento que Deus se ira contra nossa resistência e incredulidade; 4) Por mais que tentemos fugir da ordem de Deus,  Ele fará o Seu plano. Vemos isso com Moisés e com Jonas especificamente; 5) O que Deus requer de nós é obediência e fé. Ele deseja que confiemos em Sua Palavra e em Seu poder, não exigindo resultados, pois isso é da competência exclusiva dEle. Não somos nós que convencemos ninguém a nada. Moisés não ia convencer Faraó. Deus havia deixado claro que, embora Moisés fosse ser Seu porta-voz, Deus endureceria o coração do rei do Egito. Não devemos nutrir preocupação por resultados, mas sim, devemos focar em obedecer a Deus confiando que as consequências estão todas por conta exclusiva dEle. 6) Deus não nos pede nada que Ele mesmo não nos capacita a cumprir; 7) Nenhuma dificuldade, problemas pessoais ou falta de habilidades naturais servem como desculpas para fugirmos e resistirmos às ordens do Senhor. Alguém já disse e muito bem, que Deus não chama os capacitados, mas sim, capacita os chamados. Portanto, aprendamos estas lições para nosso melhor aproveitamento e relacionamento com Deus diante de  todas as áreas e acontecimentos da nossa vida.

ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

EU SEI, MAS NÃO CONHEÇO.


É fato que sabemos muito mais do que realmente conhecemos. Sabermos de muitos países, lugares e pessoas do que propriamente os conhecemos. Saber é ouvir falar sobre e ler algo a respeito. Por outro lado, conhecer implica em ter contato pessoal e relacionamento. Quando se trata de relacionamentos, isso fica mais evidente. Um exemplo natural é que sabemos algo sobre o Pelé, mas quem de fato o conhece?
É justamente isto que acontece com muitas pessoas na área espiritual. Apenas sabem algo sobre Deus, porque leram algum trecho da Bíblia, porque foram em época passada em alguma igreja, porque seus pais são cristãos e lhes falaram do evangelho ou por outro meio qualquer. Mas, na verdade, muitas dessas pessoas não conhecem de fato a Deus, porque se O conhecesse não viveriam como vivem. A Bíblia não nos exorta para apenas sabermos algo sobre Deus, senão para nos relacionemos pessoalmente com Ele. Em João, capítulo 3, no conhecido diálogo que Jesus teve com Nicodemos, observamos que Nicodemos sabia algo sobre Jesus. Vejamos suas palavras no verso 2: “Mestre, sabemos que ensinas da parte de Deus, pois ninguém pode realizar os sinais miraculosos que estás fazendo, se Deus não estiver com ele.” É muito interessante que Nicodemos sabia que Jesus ensinava da parte de Deus, foi o que ele mesmo disse! Entretanto, vejamos a resposta de Jesus no verso 3: “Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”. Jesus não se impressionou com o saber dele, nem tampouco disse que Nicodemos não sabia.  Ele apenas respondeu que este saber somente não o faz um filho de Deus. Esta é a mensagem de toda a Bíblia, de que precisamos ter relacionamento pessoal com Jesus Cristo e não apenas saber algo sobre Ele. Isto faz toda a diferença! Por isso que no livro de Oséias 6:3, lemos “conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor...”. Em João 8:32 lemos: “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Também em Efésios, Paulo nos diz para “conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus”. Conhecer a Deus é algo que faremos eternamente, como nos diz João 17:3: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste.” O quanto você sabe sobre Deus? E quanto você realmente conhece a Deus? Você se relaciona pessoalmente com Ele? Você já nasceu de novo? Está vivendo uma nova vida, em santidade, abandono do pecado, uma vida que glorifica Seu Santo nome? Não podemos nos contentar de forma alguma em apenas sabermos algo sobre Deus. Nicodemos o chamou até de Mestre! Contudo, isso não significou nada, porque Jesus deve ser visto como o Filho de Deus que se encarnou e veio a esta terra para salvar os pecadores. Saber algo sobre Deus até o diabo sabia, ao citar parte (fora de contexto é verdade) da Palavra de Deus quando foi tentá-Lo no deserto (Mateus 4). Contudo, embora soubesse algo sobre Deus, satanás nunca O conheceu e O reconheceu como Deus. Saber e conhecer portanto, são tão distantes quanto o céu e o inferno distam um do outro. É o que vemos em Mateus 7:21 a 23, ao lermos a dura advertência de Jesus contra aqueles que apenas sabiam algo sobre o evangelho, mas que não conheciam pessoalmente o Deus do evangelho. Diz o texto: “Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que estás nos céus. 22. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres? 23. Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim, vós que praticais o mal.” Vejamos o quão sério é esta advertência. Primeiro, Jesus afirma que o fato de falarmos “Senhor” a Ele não quer dizer que o conhecemos, podemos apenas saber algo sobre Ele e falar isso da boca para fora, sem realidade espiritual. O que evidencia nossa salvação é termos nascido de novo e vivermos em obediência à Sua Palavra. Diz o texto de Mateus que muitos alegarão que fizeram muita coisa em “nome de Jesus”, mas Jesus irá dizer a estes: “Nunca os conheci, afastem-se de mim”. Este “nunca vos conheci” não quer dizer que Jesus não sabia da existência deles. Claro que sabia, afinal, Ele é o Criador de todas as coisas. Jesus estava dizendo que eles nunca haviam tido relacionamento, ou seja, aquele povo apenas sabia algo sobre Ele, mas nunca quiseram relacionamento, eles nunca nasceram de novo (João 3). E, por fim, embora eles achassem que suas obras eram maravilhosas, por usarem o nome de Jesus, foi dito que eles praticaram o mal. Isso, porque sem uma vida entregue a Cristo, sem um relacionamento pessoal com Ele, tudo o que fizermos não lhe será agradável e aceito. Lembremo-nos da história de Caim.
Aprendemos então que saber algo sobre Jesus, por si só, não é suficiente para evidenciar que fomos realmente salvos por Cristo. O que prevalecerá e definirá se somos novas criaturas ou ainda velhas criaturas é passarmos primeiramente pelo novo nascimento e, a partir daí, cultivarmos uma vida dedicada a Deus, sendo gradativamente transformados à Sua semelhança. Podemos saber algo sobre Jesus Cristo, sem O conhecermos e isto é trágico. Qual é o seu caso?

ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

QUANDO COMEÇA A TRAGÉDIA?


Independentemente da  origem , do lugar, da espécie,  da amplitude ou mesmo das conseqüências, todos os conflitos têm algo em comum: todos  pensam ter razão. Quer seja entre países, estados, cidades, vizinhos, amigos ou casais a razão das divisões, desentendimentos e conflitos continua sendo a mesma: todos pensam ter razão. Shakespeare disse algo interessante: “A tragédia começa quando os dois acham que têm razão”. E ele tem razão. No momento em que lutamos por provar que temos razão e a outra pessoa também faz o mesmo, soou o inicio do combate. Não é que devemos ser passivos e aceitar tudo sem antes examinarmos a veracidade dos fatos. O alerta é na questão dos relacionamentos, onde o orgulho nos impede, muitas vezes, de reconhecermos nosso erro. Somos compulsivos por termos razão em tudo e lutamos com unhas e dentes contra quem tente nos provar o contrário. Sempre procuramos um jeito de torcer a verdade a fim de nos dar razão. Não queremos reconhecer que erramos ou pecamos ou que o outro está certo. Isto nos fere. Parece que, agindo assim, somos fracos e perdedores de uma batalha. Que lamentável que isso ainda acontece com tanta frequência entre nós cristãos. Quantos lares estão divididos porque marido e esposa lutam por ter razão em vez de perdão; quantos relacionamentos na igreja estão em conflitos porque cada um impõe seu jeito de ser como sendo o padrão a ser seguido. Qualquer relacionamento sofrerá uma tragédia a partir do momento em que as pessoas agarrarem a razão em vez de sujeitarem-se à verdade objetiva que é Palavra de Deus. É a Bíblia que deve gerir nossos relacionamentos. É ela que deve nos convencer do erro e do pecado. É a Palavra de Deus que deve ser nossa regra de fé e prática para nossa vida e nossos relacionamentos. Fora dela, tudo é subjetivo e todos julgam ter razão, mesmo estando todos errados. Daí surge a necessidade urgente de meditarmos na vida de Jesus que “embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Filipenses 2: 6 e 7). E Paulo inicia este texto, no verso  5, dizendo: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus...”. Hipoteticamente, se Jesus lutasse em seu direito de ser igual a Deus, estaria em conflito com Deus-Pai e nesse caso, não iria humilhar-se, esvaziar-se, tornando-se servo semelhante aos homens. Ora, se alguém podia lutar por esse direito de ser igual a Deus, era Jesus! E, justamente Ele, abriu mão. Nós que não temos direito algum, vivemos agarrados a um direito imaginário e pecaminoso de sermos o dono da razão. Por isso que em muitos casamentos grandes conflitos e intermináveis guerras entre os cônjuges começam porque ambos pensam ter razão em tudo. Com isso, destroem a própria vida, a vida do cônjuge e, consequentemente, a vida conjugal. Tais casamentos são uma verdadeira tragédia para o testemunho cristão. Até quando vamos lutar por algo que não temos? Até quando vamos resistir à ordem de Deus (Ef. 4:32) para sermos compassivos, benignos, perdoadores e misericordiosos uns com os outros? Não adianta adotarmos uma postura piedosa de maridos que amam as esposas, de esposas que submetem e respeitem seus maridos, de amigos que se perdoam, de irmãos que são misericordiosos com os outros se não temos imitado a Jesus e buscado nos esvaziar e reconhecer nossos pecados e erros, pedindo perdão e vivendo em paz uns com os outros. Forte não é o que lutar por ter razão, talvez no mundo isso seja assim. Mas, para o cristão, ser forte é o contrário disto; é pedir perdão e reconhecer os erros primeiro. Quando soltarmos a razão e agarrarmos o perdão, a longanimidade, a paciência, a misericórdia, que são frutos do Espírito e não nossos, por isso precisamos nos encher da Palavra de Deus, veremos que nossos relacionamentos passarão de tragédia para ser um testemunho vivo do que Deus é capaz de fazer em pessoas pecadoras, para a Sua própria Glória.

ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

ALIMENTADOS OU EMPANTURRADOS?


Naturalmente, o que nos mantém com boa saúde é uma boa alimentação. Ora, uma boa alimentação deve conter proteínas, carboidratos, etc, de forma balanceada. É verdade que ninguém se alimenta decorando cardápio, como já disse John Blanchard. Porém, estar alimentado requer mais do que apenas comer. Lendo uma máxima, do autor Brillat-Savarin, nada sei sobre ele mais do que seu próprio nome, percebi uma realidade tanto natural quanto espiritual. Assim ele nos diz: "Não se vive do que se come, mas sim do que se digere." Naturalmente sabemos desta verdade e a comprovamos todos os dias em nossa própria existência. Quando nosso organismo não digere corretamente, mesmo nos alimentando bem, sofreremos sérios problemas.
Espiritualmente não é diferente. Não importa o tanto que lemos a Bíblia, bons livros e também não importa se escutamos boas pregações, seja nos cultos ou pela internet. O que conta mesmo é o tanto que digerimos isso. Como podemos digerir a Palavra de Deus, lida ou ouvida? Digerimos quando esta Palavra invade nosso coração, quando meditamos nela, quando oramos a Deus suplicando ao Espírito Santo que a transforme em vida para nós. Ouvir e ler apenas estufa nossa mente como um alimento estufa o estômago. Isso não quer dizer que estamos alimentados, mas sim, que estamos apenas empanturrados de leitura. O que nos manterá com vitalidade espiritual é o tanto que meditamos, ruminamos, trituramos, pensamos, refletimos, consideramos e recebemos com fé a Palavra de Deus.
Portanto, podemos estar apenas momentaneamente satisfeitos quando simplesmente lemos e enchemos nossa mente com a Palavra de Deus. E isso não quer dizer estamos realmente alimentados. Enquanto a Palavra não invadir e tomar conta do nosso coração e afetos, determinando tudo o que fizermos em nossa vida, estaremos apenas mentalmente empanturrados. Os glutões não são, necessariamente, os melhores alimentados. Da mesma forma, os glutões espirituais, os devoradores de livros, que leem muito e os ouvintes profissionais de sermões também não são necessariamente os que estão mais alimentados espiritualmente. Daí que a Palavra de Deus nos exorta no Salmo 1: “...antes o seu prazer está na lei do Senhor e nela medita dia e noite”. Josué 1:8 igualmente nos diz a mesma verdade: “Não deixe de falar deste Livro da Lei e de meditar nele de dia e de noite...”. Um grande homem de Deus, George Muller, disse a mesma verdade: “Considero perdido o dia em que não me detive a meditar na Bíblia”. Lembrando que meditar não é simplesmente ler. É mais do que isso. É ler e refletir, buscar entender tudo o que leu e aplicar à própria vida. O grande escritor e pregador A. W. Pink, manifesta a mesma verdade ao dizer: ”Eu preciso não apenas estudar a Bíblia para descobrir o que já me foi entregue devido ao pacto eterno; mas também preciso meditar nas promessas, revolvendo-as sempre na mente e clamando ao Senhor para que me seja dado entendimento espiritual delas. Uma abelha não extrai mel da flor se ficar somente a contemplá-la. Por igual modo, o crente não obtém consolo real nem força espiritual das promessas divinas, se a sua fé não se apossa delas, e se elas não lhe penetram o coração”.
 O fato é que têm muitos cristãos apenas contemplando a Palavra de Deus, lendo-a sem fé, para buscar tão somente conhecimento teológico. Estão com a cabeça cheia, mas com o coração vazio. Conhecem muito, todavia, não praticam nada, ou quase nada. Tiago 1:22 então nos exorta para “sermos praticantes da Palavra e não somente ouvintes...”. Charles Hodge nos exorta dizendo que “não podemos fazer progresso na santidade a menos que empreguemos mais tempo lendo e ouvindo a Palavra de Deus, e meditando sobre ela; pois é ela a verdade pela qual somos santificados.” Como você está hoje: realmente bem alimentado, ou apenas mentalmente empanturrado com a Palavra de Deus? O tanto que meditamos no que lemos e ouvimos diariamente, determinará nossa realidade.

ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O CRENTE E A MURMURAÇÃO: QUE CONTRADIÇÃO!


Indubitavelmente, vivemos numa época onde predomina a preocupação pela aparência em detrimento do conteúdo. Este fato invadiu a vida da igreja e, consequentemente, dos cristãos também.  Este mal é antigo. Jesus já  o combateu severamente quando chamou os fariseus da sua época de sepulcros caiados. Hoje diria o mesmo para muitos que se intitulam religiosos. O padrão de santidade caiu assustadoramente, apesar das estatísticas afirmarem que o número de evangélicos aumentou. Que contradição!
Não é difícil detectar se vivemos apenas fantasiados de cristãos, se amamos mais nosso interior do que o exterior. Basta respondermos às perguntas: o que nos causa maior preocupação é algo externo/físico que não gostamos do nosso corpo ou problemas internos, tais como, inveja, ira, inimizades que abrigamos no coração? Cuidamos (leia-se investimos nosso tempo) mais no cuidado da nossa aparência do que cuidamos do nosso interior, lendo a Palavra de Deus e orando para sermos transformados? O que nos causa mais vergonha diante das pessoas:  algo que não gostamos do nosso corpo, ou o fato de ainda sermos invejosos, fofoqueiros, impacientes, maldizentes, iracundos e mentirosos?
Dentro desse contexto, queremos meditar em algo que pode estar sendo desprezado pelos cristãos. Talvez tenhamos evitado a bebida, o cigarro, a pornografia explícita, palavrões por que isso é mais notório e todos nos condenariam. Ainda vivemos muito mais preocupados com que os outros pensam de nós do que em agradarmos a Deus, infelizmente. A prova disto é que existem alguns pecados, igualmente pecaminosos, que podemos estar praticando justamente por serem mais secretos aos olhos humanos. Por isso, iniciaremos falando algo sobre a murmuração, algo que pode ser feito às escondidas, internamente, camufladamente, mas que é um pecado terrível como todos os demais. Quantos de nós já oramos e confessamos a Deus que somos murmuradores? Murmurar nos incomoda ou achamos normal? A verdade é que murmurar faz muito mal porque uma vez iniciada não tende a desaparecer, ao contrário, aumenta como uma bola de neve, além de contagiar as pessoas ao nosso redor.. Outra coisa pela qual devemos não murmurar é justamente porque murmurar é pecado. A murmuração envolve de certo modo rebelião contra a vontade soberana de Deus. Existe a murmuração verbal, falada, que as demais pessoas escutam, mas tem também a murmuração do coração, que Deus escuta ainda que ninguém mais a ouça. Toda murmuração é contra Deus, por isso é pecado. Veja o texto em que Moisés advertiu o povo de Israel, em Êxodo 16:8, quando reclamavam do maná enviado por Deus: “...as vossas murmurações não são contra nós, e sim contra o Senhor”. Toda a nossa murmuração é contra Deus, precisamos crer nisso de uma vez por todas! Daí a real gravidade dela. Quando murmuramos contra alguém ou alguma situação, estamos indo murmurar nos ouvidos de Deus. Pedro, em sua primeira carta, capítulo 4:9, nos adverte a sermos “mutuamente hospitaleiros sem murmuração”. Até para hospedar somos murmuradores se não for a graça de Deus. Segundo Pedro, não basta sermos hospitaleiros é preciso hospedarmos sem murmurar! Isto está dentro do contexto de I Coríntios 10:31, “fazei tudo para a glória de Deus”. Em Filipenses 2: 14, Paulo nos da outra exortação para fazer tudo sem murmuração nem contenda. A melhor definição de “tudo” é “tudo”, ou seja, tudo mesmo! Nada que fizermos murmurando glorificará a Deus. Em I Coríntios 10:10, lemos uma severa advertência contra a murmuração: “Nem murmureis como alguns deles murmuraram, e foram destruídos pelo exterminador”, se referindo ao povo de Israel. Muitos pensam erradamente, que o que pode libertar um coração de murmurar é a riqueza, a fama, a estabilidade profissional, um bom casamento, filhos saudáveis, saúde, etc. Porém, nada disso, por si só, é capaz de eliminar ou diminuir a murmuração do coração humano. Existem inúmeras pessoas ricas, saudáveis, famosas, estáveis profissionalmente que são profissionais em murmurar. De certo modo, murmurar é irracional porque além de não resolver os problemas, quando murmuramos ficamos impedidos de pensar na Palavra e nas Suas Promessas, pois um murmurador não tem tempo para mais nada a não ser murmurar. reclamar, esbravejar e resmungar. Por fim, a murmuração provoca a ira de Deus, foi isso que aconteceu com o povo de Israel e pode acontecer conosco também. E mais. Deus ouve nossas murmurações, e isso é causa de grande perigo, conforme lemos em Números 14:27: "...tenho ouvido as queixas desses israelitas murmuradores".
Portanto, cuidemos do nosso coração muito mais do que temos cuidado da nossa aparência. Tratemos seriamente diante de Deus nossa murmuração antes que ela tome conta da nossa vida. Segundo o Novo Dicionário da Bíblia, de J. B. Douglas, murmurar é "conservar a ira". Isso faz com que a murmuração se torne algo mais sério do que imaginamos. A ira não tratada diante de Deus transforma-se em murmuração. É uma contradição um cristão murmurador. Temos motivos de sobra para agradecermos a Deus por tudo, mesmo quando as coisas não acontecem como gostaríamos. Afinal, Romanos 12:2 diz que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. Não é a nossa vontade que é boa, perfeita e agradável. Por isso, estar debaixo da vontade de Deus é a melhor coisa para nós! A murmuração só traz malefícios. Aponte um benefício da murmuração? O que ela já lhe acrescentou na vida? O que ela já te ajudou? Também é preciso enfatizar que murmurar é pecado pois afronta a Soberania Deus e é fruto do nosso orgulho de querer controlar a situação, não aceitando a vontade de Deus. Murmuramos por que cremos merecer algo sempre melhor do que temos. Por isso, o único caminho para nos libertar da murmuração é confessar este pecado a Deus para que Ele nos liberte das garras da murmuração, fazendo-nos viver, como fez com o Apóstolo Paulo, contentes, não murmurantes, em toda e qualquer situação (Filipenses 4:10 a 13). Sim, isto é possível! Assim, estaremos glorificando a Deus.

ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI