Qual a nossa participação na santificação? Esta pergunta tem
levado a duas principais respostas, ambas erradas. Alguns pensam que a
santificação depende inteiramente deles. Outros pensam que tudo depende somente
de Deus e que eles nada podem fazer. Mas, afinal, temos ou não temos
participação no processo de santificação?
Primeiramente, é preciso esclarecer que com relação à
regeneração e a justificação em nada participamos. Assim como não escolhemos e
decidimos nascer, não decidimos e não escolhermos nascer de novo, ou seja, sermos
regenerados, feitos novas criaturas (II Coríntios 5:17). A justificação é obra totalmente de Deus. É o
que diz Efésios 2: 8 e 9: “Pois vocês são
salmos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não
por obras, para que ninguém se glorie.”
Contudo, após a regeneração, entramos no processo de
santificação e neste processo temos participação. E é aqui que muitos erram.
Muitos cristãos ou estão lutando pela santificação sem oração ou estão orando
sem lutar. As duas coisas estão igualmente erradas.
A Bíblia diz em Hebreus 12: 14: “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem
santidade ninguém verá o Senhor”. E
também I Pedro 1: 15,16: “Mas, assim como
é santo aquele os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois
está escrito: “Sede santos, porque eu sou santo”.
Ora, o que isto quer dizer senão que devemos realmente nos
esforçar para sermos santos? Mas, afinal, como isto deve acontecer? J. C. Ryle
diz em seu livro Santidade, pag. 46: “A
santificação, pois, é o invariável resultado da união vital com Cristo, que a
verdadeira fé confere a um crente.” Spurgeon já disse que “a santidade é o lado visível da salvação”.
Deus nos deu meios de graça (leitura bíblica, oração, vida comunitária da
igreja) como ferramentas indispensáveis neste dever que temos de buscar a
santificação. Temo usado com diligência estes meios?
Quanto a nossa participação neste processo, lemos as palavras
do salmista no Salmo 119:30: “Escolhi o
caminho da fidelidade; decidi seguir as tuas ordenanças”. Isto não é uma
sentença arrogante, mas é uma decisão de alguém que busca a santidade porque
foi realmente justificado. Santificação começa com escolhas corretas. Onde não
há santificação da vida, não há fé real em Cristo, diz Ryle. Com muita
sabedoria, Spurgeon, em seu livro O Alfabeto de Ouro, pag. 66, diz: “A graça não nos trata como toras de madeira
ou pedras, que são arrastadas por animais adestrados ou máquinas, mas como
criaturas dotadas de vida, razão, vontade e forças ativas que se dispõem e são
capazes de mover-se se porventura houver necessidade. Deus opera em nós, mas é
para que possamos querer e agir de acordo com seu beneplácito”.
Portanto, em qual grupo você está? Você é daqueles que quer
ser santo apenas com seus próprios esforços? Ou, você está no outro extremo e
pensa que Deus o santificará sem que você busque a santificação? Somos
responsáveis por nossa santificação e se contentamos com uma vida cristã de
baixo nível de santidade é porque ainda somos muito ignorantes no assunto. J.
Sidlow Baxter diz que “nenhum assunto que já ocupou os
pensamentos dos crentes pode ser mais urgente do que o da santificação
pessoal.”
Paulo ensina em I Tessalonicenses 4:3: “Pois esta é a vontade de Deus, a
vossa santificação.”
Portanto, não precisamos orar para saber se devemos ou não
buscar a santificação. Precisamos orar para que Deus nos capacite a sermos
obedientes e a respondermos aos meios de graça à nossa disposição. Afinal, sem
santidade ninguém verá o Senhor.
Alexandre
Pereira Bornelli