PENSAI NAS COISAS DO ALTO

segunda-feira, 29 de julho de 2013

MEIA VOLTA, VOLVER.



Não é fácil parar de fazer algo, por simples que seja, porque isso implica em reconhecer que estamos errados. Lutamos por provar que estamos certos o tempo todo. Isto é fruto do pecado do orgulho enraizado em nós.

Ninguém, por conta própria, tem a capacidade de discernir seus próprios pecados e voltar-se para Deus. Sem uma séria reflexão diante da Palavra, permanecemos cegos e ignorantes a nosso respeito.

Todavia, quando estudamos as Escrituras, ela exerce em nós uma dupla função:  revela-nos a pessoa de Cristo e revela nossa condição espiritual (Tg 1:23 a 25).

No Salmo 119:59, vemos um claro exemplo disto. Diz o salmista: “Considero os meus caminhos e volto os meus passos para os teus testemunhos”.

Duas coisas são fundamentais: considerar e voltar. Voltou porque considerou e considerou disposto a voltar. Muitos consideram apenas especulativamente, sem interesse em obedecer.  Ficam tristes com o diagnostico da Palavra, mas continuam no mesmo procedimento. Isto é apenas remorso.

Entretanto, o caso do salmista é diferente. Após examinar sua vida diante da Palavra, ele volta seus passos em direção a Deus. Isto é arrependimento.

Isso nos mostra que arrependimento é algo visível.  Não podemos dizer que arrependemos se continuamos deliberadamente na mesma direção, fazendo as mesmas coisas. Arrependimento é dar as costas.

Considerar nossos caminhos  é um dever constante que precisamos cumprir se queremos realmente ser discípulos do Senhor.

Portanto, sem que isso aconteça, pode ter acontecido tudo, menos o verdadeiro arrependimento.

Alexandre Pereira Bornelli

quinta-feira, 18 de julho de 2013

MULTIDÃO É SINÔNIMO DE ESPIRITUALIDADE?



Vivemos numa época que atribui excessivo valor a aglomerações. Quanto mais gente nas ruas protestando, mais força o povo tem para conseguir seus objetivos. Mas, aglomeração de cristãos tem a mesma força diante de Deus? Quanto mais pessoas juntas, melhor? Ou, na linguagem para alguns entenderem: quanto mais pessoas aglomeradas, maior a bênção?

Infelizmente, muitos ainda pensam que Deus é semelhante às autoridades humanas que podem ser impressionadas, vencidas ou constrangidas pelos barulhos de manifestações, movimentos organizados, muita música e aparência de espiritualidade. 

Basta vermos esses movimentos e aglomerações de pessoas com o nome de “noite abençoada” onde milhares de pessoas agitadas demonstram espiritualidade coletiva. É possível haver ali pessoas bem intencionadas, mas confusas e mal orientadas a buscar realmente a Deus. Todavia, a maioria ali talvez nunca tenha buscado realmente a Deus individualmente. O trocadilho é pobre, mas oportuno. Tais movimentos podiam ser nomeados de “noite bem suada”, visto a quantidade de pessoas agitadas num mesmo lugar. 

Onde somos ensinados na Palavra de Deus a nos organizarmos com movimentos nas ruas, passeatas, grandes shows e marchas para mostrar a força da nossa fé? Aliás, Jesus nunca se impressionou com as multidões. Multidão nunca foi sinônimo de espiritualidade. Muitos desses movimentos, senão todos, infelizmente, são cópias que a igreja faz de eventos seculares. 

No conhecido caso de Atos 2, no dia de pentecostes e da mensagem do apóstolo Pedro em seguida, vemos claramente acontecimentos que não se vê em movimentos religiosos atuais. 

Nos versos 37, lemos que ouvindo estas coisas, foram levados a refletirem sobre suas próprias vidas; 38 - Pedro disse: Arrependei-vos e sejam batizados para remissão dos pecados; 40 – Pedro exortava: Salvai-vos desta geração perversa; 42 – Perseverança na doutrina dos apóstolos e na comunhão e orações; 43 – em cada alma havia temor; 44 – todos os que creram estavam juntos; 45- foram salvos do materialismo egoísta; 46 – diariamente perseveraram unânimes no templo, tinham alegria verdadeira e por fim, verso 47 – louvor a Deus.

Não queremos induzir a repetição deste evento histórico. A lição é para tirarmos princípios bíblicos reguladores do que a verdadeira presença de Deus é capaz de fazer nas pessoas.

Portanto, o que importa não é o número de pessoas reunidas, não é o choro, a euforia, cartazes, shows ou coisas do gênero. Isso, em si mesmo, nada significa para Deus, a despeito de muito impressionar a cidade, os jornais e as pessoas.  

A questão a ser considerada é que a real presença de Deus transforma-nos. Onde houver pregação fiel da Palavra, arrependimento genuíno dos pecados, exortação para sermos salvos deste mundo perverso, perseverança na doutrina bíblica, comunhão, oração, temor a Deus, alegria real, libertação do amor ao dinheiro e louvor somente a Deus, podemos dizer que Deus esteve presente e o povo então foi abençoado, mesmo sem haver barulho e multidão eufórica. 

Como já disse Samuel ChadwicK: "A pior maldição que um povo pode sofrer é ter uma religião movida à base de mera emoção e sensacionalismo. A ausência de realidade espiritual já é trágica; mas o aumento da falsa espiritualidade é pecado mortal"



Precisamos ter cuidado com movimentos em "nome de Jesus", porque podemos estar usando Seu nome em eventos que Ele jamais participaria se estivesse fisicamente hoje presente entre nós. Ser abençoado é andar nos caminhos de Deus e não, criar nossos próprios caminhos pedindo que Ele nos abençoe.

Alexandre Pereira Bornelli

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O QUE É PIOR: PALESTRA NO CIRCO OU ESPETÁCULO NA IGREJA?



Milhares de pessoas vão regularmente à reuniões. Contudo, enganadas ou confusas, podem estar prestando culto a si mesmas. Precisamos resgatar o verdadeiro sentido de nos reunirmos como cristãos. Qual a finalidade da reunião da igreja?

Imagine por um instante você indo ao circo com seus filhos e chegando lá, você compra pipoca, se preparando para o espetáculo. O clima todo é de descontração. A expectativa é grande! Famílias chegando com suas crianças empolgadas e pais relembrando sua infância!

Porém, ao apagarem-se as luzes, um palhaço, sem fazer palhaçada, anuncia: “Respeitável público, hoje não iremos ter espetáculo. Ao contrário, teremos uma palestra sobre a importância do palhaço e seus reflexos na sociedade.” Haveria protestos diante de tamanha palhaçada. Afinal, circo não é lugar para palestra e sim de espetáculos e descontração. 

Com relação à reunião da igreja tem acontecido problema semelhante. Muitas pessoas vão às reuniões na esperança e expectativa de ouvirem músicas e  pregação que exaltam a pessoa de Cristo e Sua Palavra. 

Todavia, ao chegarem lá esta esperança logo é dissipada. Em lugar de músicas cristocêntricas, ouvem-se músicas que exaltam o homem e toda a sua “busca” por Deus. Na hora da pregação a coisa piora. Ouvem-se  mensagens de autoajuda e até verdadeiros espetáculos de pastores metidos a comediantes ou a palestrantes motivacionais de empresas. Que tragédia!

Noutras palavras, é como se o pastor anunciasse do púlpito: “ O culto é para você sentir-se bem. Deus é louco por você e você precisa dar uma chance a Ele”. Nestes casos, obviamente, a mensagem não abordará o pecado, arrependimento e exortação. Isso é culto ao homem. 

É preferível ter a decepção do circo a da igreja. É menos trágico um palhaço sem graça no circo do que um pastor engraçado no púlpito. A reunião da igreja é para cultuarmos a Deus e não o homem. Ali deve haver culto agradável ao Senhor e não às pessoas, nem mesmo aos visitantes. As músicas, orações, pregação tudo deve ser para exaltar a pessoa de Cristo. 

Sentir-se bem não é o termômetro do verdadeiro culto a Deus, pois muitas vezes podemos sair confrontados e exortados por termos que rever caminhos tortuosos que exigirão renúncia, arrependimento e confissão de pecados. Porém, posteriormente, a Palavra trabalhada em nosso coração nos fará desfrutar de paz interior em meio às mudanças necessárias. 

Portanto, reunião da igreja é para cultuar a Deus, não para agradar os crentes ou visitantes! O que realmente nos atrai para o Evangelho é a própria Palavra de Deus quando pregada fielmente! C. S. Lewis afirma: ”... o culto perfeito seria aquele em que quase teríamos estado desapercebidos dele; nossa atenção teria estado em Deus." Isso é culto a Deus, o resto é idolatria e perda de tempo.

Alexandre Pereira Bornelli

sexta-feira, 12 de julho de 2013

CRER É NÃO FAZER NADA?



                                          
Uma das características determinantes do pecado é o desequilíbrio que ele nos causou. Uns confiam somente em si mesmos e nos homens, enquanto que outros recorrem somente a Deus sem tomarem atitudes práticas nesta vida. O que fazer?

Em I Pedro 5:8, vemos que precisamos “vigiar e orar”. O Salmo 127 nos ensina que “se Deus não edificar a casa em vão trabalham os que a edificam. Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela”. Note que devemos trabalhar e vigiar, mas orar confiando unicamente em Deus. A soberania de Deus não nos faz negligentes. 

Conta a historia que D. L. Moody, talvez o maior evangelista da história, estava num pequeno barco com um amigo. De repente começou entrar água no barco. O amigo confiante que estava ao lado de um grande homem de Deus, ficou assustado ao vê-lo tirando água com rapidez usando um pequeno balde. Então, inconformado, perguntou: “Moody, você que é um grande homem de fé, não vai orar para Deus nos livrar desse naufrágio?”. Ao que Moody lhe respondeu: “Estou orando”. 

Essa deve ser nossa postura diante de Deus: se temos um balde, usemos; se temos médicos, consultemos; se temos portas para trancar nas casas, tranquemos; se temos que melhorar a alimentação, melhoremos; se temos que perdoar, perdoemos; se temos que ensinar nossos filhos o evangelho, ensinemos. Em tudo, porém, confiemos e descansemos na vontade divina.

Com relação à saúde, também oscilamos. Vejamos o exemplo bíblico em 2 Crônicas 16:12,13: “No trigésimo nono ano de seu reinado, Asa foi atacado por uma doença nos pés. Embora a sua doença fosse grave, não buscou ajuda do Senhor, só dos médicos. Então, no quadragésimo primeiro ano do seu reinado, Asa morreu e descansou com seus antepassados.”

A verdadeira fé é obediente à Palavra de Deus. Usemos com gratidão os meios e recursos que Ele nos deu, mas confiemos unicamente no Senhor e não nos meios. Provérbios 21:13 nos adverte: ”O cavalo prepara-se para o dia da batalha, mas a vitória vem do Senhor”.  E, Spurgeon nos exorta: “Deus não irá adiante do homem que marcha em sua própria força”

George Muller resumiu assim este princípio: “Este é um dos grandes segredos relacionados ao serviço bem-sucedido para o Senhor - trabalhar como se todas as coisas dependessem de nossa diligência, mas, apesar disso, não depender do menor de nossos esforços, e sim das bênçãos do Senhor" (Narrativa, vol. 2. p. 290). 

Nosso dever? Obediência. Nossa obrigação? Descansar totalmente em Deus. 

Alexandre Pereira Bornelli 

terça-feira, 9 de julho de 2013

QUAL A NOSSA PARTICIPAÇÃO NA SANTIFICAÇÃO?



Qual a nossa participação na santificação? Esta pergunta tem levado a duas principais respostas, ambas erradas. Alguns pensam que a santificação depende inteiramente deles. Outros pensam que tudo depende somente de Deus e que eles nada podem fazer. Mas, afinal, temos ou não temos participação no processo de santificação?

Primeiramente, é preciso esclarecer que com relação à regeneração e a justificação em nada participamos. Assim como não escolhemos e decidimos nascer, não decidimos e não escolhermos nascer de novo, ou seja, sermos regenerados, feitos novas criaturas (II Coríntios 5:17).  A justificação é obra totalmente de Deus. É o que diz Efésios 2: 8 e 9: “Pois vocês são salmos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.
Contudo, após a regeneração, entramos no processo de santificação e neste processo temos participação. E é aqui que muitos erram. Muitos cristãos ou estão lutando pela santificação sem oração ou estão orando sem lutar. As duas coisas estão igualmente erradas. 

A Bíblia diz em Hebreus 12: 14: “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor”.  E também I Pedro 1: 15,16: “Mas, assim como é santo aquele os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: “Sede santos, porque eu sou santo”. 

Ora, o que isto quer dizer senão que devemos realmente nos esforçar para sermos santos? Mas, afinal, como isto deve acontecer? J. C. Ryle diz em seu livro Santidade, pag. 46: “A santificação, pois, é o invariável resultado da união vital com Cristo, que a verdadeira fé confere a um crente.” Spurgeon já disse que “a santidade é o lado visível da salvação”. Deus nos deu meios de graça (leitura bíblica, oração, vida comunitária da igreja) como ferramentas indispensáveis neste dever que temos de buscar a santificação. Temo usado com diligência estes meios?

Quanto a nossa participação neste processo, lemos as palavras do salmista no Salmo 119:30: “Escolhi o caminho da fidelidade; decidi seguir as tuas ordenanças”. Isto não é uma sentença arrogante, mas é uma decisão de alguém que busca a santidade porque foi realmente justificado. Santificação começa com escolhas corretas. Onde não há santificação da vida, não há fé real em Cristo, diz Ryle. Com muita sabedoria, Spurgeon, em seu livro O Alfabeto de Ouro, pag. 66, diz: “A graça não nos trata como toras de madeira ou pedras, que são arrastadas por animais adestrados ou máquinas, mas como criaturas dotadas de vida, razão, vontade e forças ativas que se dispõem e são capazes de mover-se se porventura houver necessidade. Deus opera em nós, mas é para que possamos querer e agir de acordo com seu beneplácito”. 

Portanto, em qual grupo você está? Você é daqueles que quer ser santo apenas com seus próprios esforços? Ou, você está no outro extremo e pensa que Deus o santificará sem que você busque a santificação? Somos responsáveis por nossa santificação e se contentamos com uma vida cristã de baixo nível de santidade é porque ainda somos muito ignorantes no assunto. J. Sidlow Baxter diz que “nenhum assunto que já ocupou os pensamentos dos crentes pode ser mais urgente do que o da santificação pessoal.” Paulo ensina em I Tessalonicenses 4:3: “Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação.” 

Portanto, não precisamos orar para saber se devemos ou não buscar a santificação. Precisamos orar para que Deus nos capacite a sermos obedientes e a respondermos aos meios de graça à nossa disposição. Afinal, sem santidade ninguém verá o Senhor. 

Alexandre Pereira Bornelli