PENSAI NAS COISAS DO ALTO

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Sequestraram minha mente!

Estamos saturados e indignados com o numero alarmante de ocorrências do crime de seqüestro. Há muito mais vítimas de seqüestro do que imaginamos e escutamos nos noticiários. Cristãos, diariamente, são vítimas de seqüestros no Brasil. Provavelmente, você pode estar sob seqüestro e ainda percebeu o perigo que corre.
Nossa mente pode ser comparada a uma fronteira entre países. É ali que a guarda e a defesa precisam ser fortemente colocadas. É mais fácil e menos danoso resistir o inimigo na fronteira, do que detê-lo já em território nacional. O mesmo se aplica à vida cristã e ao cristão. Nossa mente é uma fronteira e o nosso coração, fonte das nossas vontades e emoções, o nosso território. Diariamente, são vários os inimigos que estão rondando nossa fronteira para invadir nosso território, seqüestrando-nos a santidade e a paz com Deus. Destacamos apenas alguns desses inimigos que nos rondam: ansiedade, preocupação excessiva com o amanhã, propagandas imorais, outdoors sensuais, pornografia na internet, más amizades, medo da morte, etc. O que esses inimigos querem de nós? A intenção deles é seqüestrar nosso coração, deixando sob o cativeiro do medo, frieza espiritual, incredulidade, mundanismo, relativismo da Palavra de Deus, pornografia, dentre outras coisas mais. Como devemos enfrentar tais inimigos que nos rondam diuturnamente? Devemos ficar em estado de alerta máximo e constante para identificar e resistir a esses inimigos em nossa fronteira (mente), antes de adentrarem para nosso território (coração). Resistir na fronteira fará com que a luta seja mais fácil de ser vencida e menos danosa à nossa vida cristã. Ao menor descuido de nossa parte, eles invadirão nosso território, instalando-se em nossos pensamentos e coração, mantendo nossa mente seqüestrada, distante das Verdades do Senhor. E, como tem cristãos vivendo com suas mentes sequestradas pelo medo da morte, pela incerteza com o futuro e pela ansiedade. Cristãos deprimidos por serem a todo momento ameaçados e dominados pelas preocupações desta vida. Neste caso, a luta contra eles, para expulsá-los, será mais difícil de ser vencida, além das marcas indesejáveis deixadas do combate. Sabemos que não há como impedir que tais inimigos nos ronde e tente invadir nosso território. Contudo, podemos resisti-los antes de adentrarem, aliás, devemos resisti-los na fronteira. Como? Estando cheios do Espírito Santo, para ficarmos alertas, vigiando e orando, pedindo por graça e auxílio ao Senhor. Sem este socorro divino, somos vítimas fáceis. Uma forma prática e bíblica de resitir a tais inimigos e criar o hábito de pensar nas coisas do Alto (Cl..3), de aprender a invocar o nome de Deus em todo e qualquer lugar. Precisamos nos voltar para a Palavra de Deus, reconhecendo que somente Ela pode nos ajudar neste instante, mediante o atuar do Espírito Santo de Deus.
Não pode haver negociação neste tipo de seqüestro. A única forma de vencer esses seqüestradores e sair do cativeiro do medo, ansiedade, temor, frieza, indiferença, etc, é invocar o nome de Deus (Rm. 10:13) e firmar nossa mente na Palavra de Deus, acompanhado de oração e vigilância. Isto deve ser feito, de preferência, ainda na fronteira. Tão logo percebemos a chegada da ansiedade marchando em nossa direção, demos combatê-la com as promessas de Deus (Mateus 6:24); quando o medo der sinal de invasão, devemos combatê-lo com a Palavra de Deus (Sl 121) antes de entrincheirar-se em nosso território. Assim devemos agir em todas as demais situações. Sempre devemos usar a Palavra de Deus para resistir a tais inimigos, bem como para expulsá-los do nosso território. Porém, se tais inimigos invadirem nosso território e acontecer de sermos levados cativos, estando sob o domínio do medo, ansiedade etc, isso ainda não é o fim. Temos a confissão e o arrependimento que expulsa tais inimigos, nos resgata do poder do pecado, restaura nossa comunhão Cristo, tornando-nos livres novamente para progredir rumo à santidade e continuar, sempre, com a mesma vigilância na fronteira.
Alexandre Pereira Bornelli

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Más amizades, boas encrencas.

Num texto anterior – “Diga-me com quem andas, na universidade”, publicado neste mesmo blog, me referi especificamente ao problema das amizades feitas nas universidades. Porém, nesta reflexão, a intenção sobre o perigo das más companhias em qualquer fase da vida e das más conversações que resultam delas.
Iniciemos com o texto Paulo em I Coríntios 15: 33, que diz: “as más conversações corrompem os bons costumes”. Más conversações, neste caso, são assuntos contrários aos ensinamentos da Palavra de Deus. De onde vem esta má conversação, senão, via de regra, de uma má amizade? Primeiramente, não devemos confundir amizade com um simples relacionamento. Evidente que, como cristãos, temos que nos relacionar com pessoas não cristãs. Contudo, sejamos exigentes, cautelosos e atentos ao escolher nossas amizades. Este assunto é muito sério e deveria ocupar grande parte de nossa reflexão no dia-a-dia É muito difícil ter uma má amizade e não ter uma má conversa que corrompa, aos poucos, nossos valores espirituais. É isto que o grande teólogo J. C. Ryle, diz com imensa sabedoria e simplicidade, em seu livro Uma Palavra Aos Moços, Ed. Fiel, pag. 52: “Bons amigos estão entre as maiores bênçãos que podemos ter. Eles podem nos afastar do mal, animar-nos em nosso caminhar, dar uma palavra no tempo apropriado, levar-nos a pensar nas coisas do alto e a continuar avante na carreira cristã. Mas, um mau amigo é um verdadeiro infortúnio; é um peso que continuamente nos puxa para baixo e nos prende às coisas terrenas.” Não se iluda, se você cultiva uma má amizade, você está sendo mais influenciado por ela, do que pensa estar influenciando com sua postura cristã. Não pense você que consegue conviver ao lado de uma má companhia, sentar-se ao lado dela, partilhar momentos juntos, ir a lugares juntos, falar de coisas comuns sem que esteja sendo enredado e seduzido por sua malignidade que, muitas vezes, está muito bem camuflada com uma roupagem inofensiva. O mesmo Ryle diz logo em seguida: “Mantenha amizade com um homem que não teme a Deus e, é mais provável, acabará tornando-se igual a ele. Essa é a conseqüência de tais amizades.” Também nos lembremos da exortação de Salomão em Provérbios 13:10: “Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau”. Aconteceu, à época do meu pai quando jovem, há muitos anos em Minas Gerais, um fato interessante. Havia um homem, casado, que tinha um problema físico que o fazia mancar. Com o tempo, sua esposa, que não sofria do problema, de tanto andar ao lado dele, passou a andar como ele. A convivência fez com que ela adquirisse o hábito, embora não tivesse o problema. Por isso existe o ditado popular: “quem anda com manco, aprende a mancar”. Sobre a importância das boas amizades John Owen nos ensina em seu livro (de leitura praticamente obrigatória) – A Tentação, a mortificação do Pecado – O que todo cristão precisa saber – da editora PES, pag. 50, que merece toda a nossa atenção, pois diz: “A companhia de certas pessoas é capaz de levar quase com toda certeza a pensamentos, palavras e atos pecaminosos (I Cor. 15:33), todavia é possível gostar dessa companhia e mais tarde lamentar sobre o pecado que resultou dela.” Paulo também nos exorta a cuidarmos com amizades de pessoas que se dizem cristãs, que até mesmo se reúnem conosco, mas que vivem uma vida contrária à Palavra de Deus, em I Coríntios 5:11: “Mas agora vos escrevo que não associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com este tal nem ainda comais”. Vejamos a importância que a Bíblia dá sobre o perigo das más companhias, até mesmo entre os que se dizem cristãos! Não devemos, portanto, menosprezar tal importância e perigo deste assunto. Não há como andar junto de uma má companhia, não há como manter amizade com aquela pessoa que nada quer saber das coisas de Deus, ainda que se diga cristã (uma incoerência) sem que isso não produza más conversações e terríveis colheitas. Já temos o pecado dentro de nós, e se além disso, cultivarmos amigos e companhias que nada querem saber de Deus, será ainda mais terrível vencermos a luta contra o pecado. Portanto, podemos nos perguntar se nossas atuais amizades trazem constantemente oportunidades para satisfazermos nossos desejos pecaminosos, ou se elas nos ajudam a matá-los? Sintam-se desafiados a ler esses textos bíblicos que nos advertem sobre o perigo das más companhias – Provérbios 2: 12 a 20; 4:14 a 19; 22:24 e 25. É fato que muitos não gostam de abrir mão de suas amizades, pois se divertem com elas. São amigos de pessoas engraçadas, extrovertidas, revolucionárias, otimistas, festeiras, vibrantes, leais, etc. Mas, não são estes pré requisitos de uma boa amizade ao cristão. Devemos, outrossim, nos indagar se estamos sacrificando princípios bíblicos em proveito de uma amizade divertida. Podemos não aprovar tudo que muitos amigos nossos fazem, mas, lamentavelmente, dentro de pouco tempo, se não cortamos tal amizade, estaremos pensando da mesma forma e, inevitavelmente, estaremos fazendo as mesmas coisas que antes reprovávamos. Isto tem acontecido muitas e muitas vezes. A lógica explica isso, pois é mais fácil o que está em baixo puxar o de cima do que acontecer o contrário. Vejamos os 3 degraus descendentes descritos no Salmo 1, conseqüência de más amizade. No verso 1, lemos: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores nem se assenta na roda dos escarnecedores“. Observemos o perigo e a tragédia que é uma má amizade. Primeiro, começamos a andar de acordo com o conselho das pessoas que não conhecem a Deus; consequentemente, passamos a participar dos mesmos lugares e ter o mesmo estilo de vida delas, até que, por fim, nos misturamos de vez com eles.
Portanto, cultivar uma má amizade é cultivar uma tentação para que ela gere pecados em nossa vida. As más conversações oriundas das más amizades são um veneno contra a santidade. Então, quais seriam alguns padrões bíblicos para uma boa amizade? Encontramos alguns em I Timóteo 2:22, na exortação de Paulo: “Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que de coração puro, invocam o Senhor.” Primeiro, temos fugido das paixões sejam da mocidade, meia idade ou da velhice? Segundo, nossas amizades nos estimulam a seguir a fé, o amor e a paz? Observemos que o final do versículo diz “...juntamente com os que de coração puro invocam o Senhor”. Nossos amigos têm um coração puro, no sentido de estar sendo purificado pela Palavra de Deus? Eles invocam o Senhor Jesus Cristo como Senhor e Salvador da vida deles? Temos condições hoje de, juntamente com nossos amigos, seguir a fé, o amor e a paz? Devemos escolher os amigos que fazem bem à nossa vida cristã, amigos que, segundo Ryle (pag.53) “você gostaria de ter ao lado no leito de morte, amigos que amam a Bíblia e não temem falar-lhe sobre ela, dos quais, na volta de Cristo e no Dia do Juízo, você não se envergonhará por tê-los conhecido.” Por fim, sigamos o exemplo de Davi quando disse no Salmo 119:63: “Companheiro sou de todos os que te temem e dos que guardam os teus preceitos”.

Alexandre pereira bornelli

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Podemos determinar algo para Deus?

Naturalmente, o ser humano sempre gostou mais de mandar do que de obedecer, pois ele ama ter o poder sobre as situações. Poder é uma das coisas que mais embriaga o ser humano. Seja poder para fazer acontecer ou para impedir algo de acontecer, poder sobre as pessoas, coisas, objetos e até mesmo (pasmem!) sobre Deus.
Muitos pastores, uns de má-fé e outros de "sem-fé" no verdadeiro Deus da Bíblia, ensinam por ai que o homem pode determinar as coisas diante de Deus e, isto o obriga a fazer o que foi determinado. Ou seja, ensinam que o homem é o deus da situação. Sim, pois se Deus tem que realizar aquilo que o homem determina, logo quem está no controle da situação é o próprio homem.
Este ensinamento, totalmente divorciado das Escrituras, traz um prejuízo sem medidas para nosso relacionamento com Deus.
O que você irá ler abaixo foi uma troca emails, que realmente aconteceu, sobre este assunto.


PERGUNTA FEITA À MIM POR EMAIL:

Graça e Paz!

Irmão, ouvi uma pregação na qual o mensageiro pregava sobre o seguinte tema: " Tudo o que pedires ao Pai em Meu mome, Ele vô-lo concederá", Ele dizia que a tradução correta da Língua Grega, para a Língua Portuguesa não seria pedires e sim DETERMINARES, isto estaria correto? Estou no começo dos meus estudos, não tenho este domínio. Desde já agradeço pela ajuda.



MINHA RESPOSTA:

Graça e Paz irmão.
Irmão, não sou estudioso do Grego, por isso recorri ao dicionário VINE para ver o siginificado no original.
Como eu já esperava, NÃO encontrei esse significado - determinares - para essa palavra. Ela, ao contrário, tem o sentido de rogar, suplicar, como alguem inferior (ex. filho diante do pai) suplica a alguém superior.
Evidente que muitas igrejas (falando de forma geral, pois desconheço o pastor que deu tal significado) distorcem o evangelho de Deus, querendo colocar o homem em igualdade diante de Deus, dizendo que ele (homem) pode exigir/determinar alguma coisa pra Deus. Isto, biblicamente e diante da teologia reformada, a qual creio, é um absurdo e uma ofensa a Deus. Quem somos nós para determinar algo para Deus? Quem é o homem para ter direitos diante do Soberano Criador, Rei do universo?
Separei alguns, e somente alguns textos biblicos, dentre muitos outros, que pode ajudar o irmão a pensar nisso. São textos que mostra a majestade de Deus e a insignificancia do homem diante Dele - ISAÍAS 40:12 a 31 - ATOS 17:24 a 30 - DANIEL capítulo 9 - JÓ capítulos 38,39,40,41 e 42.

Leia estas passagens e encontre nelas a grandeza de nosso Deus, a infinita distancia que há entre nós e Deus....como o homem pode determinar algo diante de um Deus assim??? Só mesmo quem desconhece o Deus das Escrituras é que pensa poder determinar algo pra Deus realizar.
Algumas igrejas pregam que temos direitos, que se fizermos tal e tal coisa Deus está obrigado a nos abençoar, que se determinarmos algo Deus fará acontecer...blá blá blá...

Irmão, não creio assim, pois a Bíblia não mostra isso. Creio que podemos pedir, suplicar a Deus e esperar nele confiantemente (Salmo 40). Podemos colocar diante de Deus nossa vontade, mas sempre sujeitando-a diante da vontade SOBERANA de Deus. Podemos pedir, suplicar, e devemos esperar e orar como Jesus orou "...seja feita a Tua vontade". Sempre ao final de nossas orações precisamos acrescentar.." mas seja feita a Tua vontade e não a minha ó Senhor".

Creio, com base bíblica que Deus não está nem por fio de cabelo, preso à nossa vontade e determinação (absurda). Deus é Deus e nós, o barro.
Quem prega um evangelho que aprova o homem determinar algo pra Deus, que prega que Deus está obrigado/vinculado a nos abençoar de alguma forma, desconhece a Bíblia de Gênesis a Apocalipse....
Toda a Bíblia ensina que Deus é quem criou e quem sustenta o universo e que diante Dele, as nações são como pó num balança, ou seja, mesmo que nada.

Diante de um Deus assim, só nos resta mesmo dobrar os joelhos, orar e suplicar a Ele para que o nosso coração seja cada dia mais ganho e convertido a crer num Deus assim.

Espero ter ajudado de alguma forma.
Se o irmão quiser, posso indicar alguns livros sobre o assunto.
Estou encaminhando em anexo uma musica cristã (formato mp3) que diz muito bem sobre esse assunto. O grupo se chama LOGOS .
Que Deus o abençoe.
Alexandre.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Eu não sou como os demais

A coisa mais fácil de confessar é o pecado do vizinho”. Esta foi a sábia afirmativa de Eleanor L. Doan. Realmente é fácil encontrar pecado nas pessoas. Contudo, a Bíblia nos exorta a examinarmos a nós mesmos (II Cor. 13:5) e a confessarmos os nossos próprios pecados (I João 1:9).
É comum identificarmos os pecados do nosso cônjuge. É fácil detectar quão desobedientes são nossos filhos, quão fofoqueiro (a) é aquele irmão (ã). Costumeiramente, falamos e enumeramos os mais diversos pecados que vemos na vida da igreja. Mas, enfatizamos, não é este o ensinamento das Escrituras. A Bíblia fala sempre em confessarmos os nossos próprios pecados, conforme I João 1:9, que diz: “Se confessarmos os nossos pecados ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. A mesma exortação nos é dada em Lucas 6: 42: “Como poderás dizer a teu irmão: deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão”. Somos prontos e rápidos para enumerar os pecados do nosso próximo, mas somos cegos para identificar os nossos próprios pecados. O marido vê somente o pecado da esposa e a esposa, o do marido. O filho diz que o pai é culpado por sua atitude rebelde, o pai diz que o filho é quem é culpado por ele ser violento. O amigo transfere a culpa da sua atitude aos seus colegas. O patrão não vê sua atitude errada e alega que o funcionário é incompetente. O funcionário, por sua vez, diz que a culpa é toda do patrão que o persegue sem motivos. Todos parecem ser justos aos seus próprios olhos. E, por causa dessa terrível justiça própria, nossas orações são sempre de nós para nós mesmos. Oramos nos engrandecendo diante de Deus, apresentando a Ele nossas fantasiosas virtudes e aproveitamos para apontar falhas e pecados alheios. Esta atitude é totalmente contrária aos ensinamentos da Palavra de Deus. Primeiro, que não temos nenhuma virtude para apresentar diante de Deus, pois fomos salvos unicamente pela Graça e, segundo, que não é nosso dever cristão apontar os pecados alheios, antes os nossos próprios pecados. Porém, a verdade é que se nos preocuparmos em arrepender dos nossos pecados (que certamente são muitos), não teremos tempo e nem condições de apontar os pecados do próximo.
Há uma parábola na Bíblia que ilustra muito bem esse fato. É a parábola do fariseu e do publicano. Diz o texto de Lucas 18:9 a 14 que: “Propôs também uma parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros. Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um era fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.”. Todos aqueles que se exaltam diante de Deus e dos homens, que confiam em sua própria carne, que se acham justos aos seus próprios olhos, não enxergando sua miserabilidade diante de Deus são como o fariseu da parábola. Tais pessoas não se vêem carentes da Graça salvadora de Deus. Estão apegados a hábitos religiosos e morais, pensando com isto estar cumprindo os mandamentos do Senhor. Por isso não oram suplicando por graça e misericórida, antes apresentam seu curriculun diante de Deus. Pessoas assim, nunca buscam o arrependimento, pois jamais pensam precisar dele. De conseqüência, são inflexíveis com os erros e pecados alheios, pois se julgam superiores e incapazes de cometê-los. Como o fariseu da parábola, crêem estar num nível espiritual mais elevado, não pertencendo à classe dos roubadores, adúlteros, enfim, dos que necessitam da graça de Deus. Entretanto, Marcos 7: 21 a 23, diz: “porque de dentro, do coração do homem, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem”. Mas, você pode afirmar convictamente que ainda nunca roubou, adulterou ou matou, e se achar melhor do que os demais por isto. Porém, a graça de Deus e somente ela, é capaz de nos livrar de cometer tais pecados. Mesmo que ainda que não tenhamos praticado tais e tais pecados, devemos creditar isso unicamente a Graça do Senhor, sabendo que todos nós, sem uma única exceção, somos potencialmente adúlteros, homicidas, avarentos, maliciosos, invejosos, etc. Afinal, “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23). A Bíblia também diz em Romanos 3:10, que “não há um justo, nenhum sequer”. Embora saibamos na teoria que não há um justo sequer, é fácil de encontrar cristãos vivendo como se fossem justos; não perdoam porque não admitem pecados no próximo, por pensar que eles mesmos não seriam capazes de cometer, não pedem perdão porque não vêem suas atitudes como pecado, e, por fim, são pessoas que vivem uma vida cristã isolada, independente, não aceitam ajuda e nem conselhos, se julgam autosuficientes. Por outro lado, quando somos ganhos pela realidade bíblica de que somos pecadores, todos os nossos relacionamentos mudam. Diante de Deus, passamos a suplicar apenas por Graça e misericórdia em nossas orações, com o nosso próximo (que pode ser nosso cônjuge, filhos, pais) passamos a perdoar incondicionalmente, como Deus nos perdoou em Cristo Jesus. Não mais apontaremos os pecados do nosso próximo, antes, teremos compaixão dele (próximo), pois estaremos cientes da nossa própria e idêntica natureza pecaminosa. Seremos mais misericordiosos (não coniventes) com nosso próximo. Como resultado, não mais viveremos e oraremos como o fariseu, mas sim, como o publicano, que orou dizendo: "Ó Deus sê propício a mim pecador”. É proveitoso refletirmos sobre a exortação de Agostinho: “Aquele que bate no peito, mas não emenda seus caminhos, não remove seus pecados; antes os enrijece.” Nós somos como os demais, pois todos nós somos dependentes da graça de Deus, pois somos todos igualmente pecadores.
Alexandre pereira bornelli

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Andando como Ele andou (I João 2:6)

O evangelho de I João é totalmente prático. O apóstolo, inspirado por Deus, vai diminuindo os escapes de fuga do leitor em cada versículo. João ao lançar um princípio bíblico, logo coloca o leitor à prova a respeito do princípio lançado. E dai, não há escapatória. Somos ensinados e, logo em seguida, colocados á prova para ver se estamos realmente obedecendo.
Observamos isto claramente em I João 2:6, que diz: "Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou". É preciso definir o que João quer dizer com "permanece em Cristo". Segundo o teólogo Augustus Nicodemus Lopes, em seu comentário da primeira carta de João, pag. 54, "permanecer em Cristo, aqui na carta de João, é a mesma coisa que crer nele, conhecê-lo e ter comunhão com ele." O que então evidencia que permanecemos em Cristo? O próprio João, no mesmo versículo, nos responde: "...esse também deve andar assim como ele andou". Ora, e como foi que Cristo andou sobre a terra? O mesmo Nicodemus diz: "João provavelmente tem em mente o andar obediente de Jesus diante do Pai, que foi o aspecto que mais caracterizou sua vida como homem aqui neste mundo (ver Fp 2:8)." Pronto, a questão está encerrada. Não há detalhes a se resolver. Não há alternativas a escolher. Há somente uma evidência segura e bíblica que nos garante se permanecemos ou não em Cristo, e ela se chama obediência a Deus. Aquele que diz permanecer em Cristo deve andar em obediência a Deus, do contrário, está enganando a si mesmo. Este é o sinal seguro de alguém que permanece em Cristo, a obediência aos seus mandamentos. É isto que lemos em João 15:10: "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e no seu amor permaneço."
Portanto, não há como dizer que permanecemos em Deus se não guardamos os Seus mandamentos, e se o nosso andar está em desacordo com os ensinamentos da Bíblia. Podemos cultivar hábitos religiosos e afirmar que permanecemos em Cristo. Entretanto, se nossa vida é marcada por pecados não confessados, por um andar totalmente oposto ao que Cristo andou, se a santidade não faz parte do nosso dia-a-dia, se não prezamos pela fuga do pecado por amor a Deus, se o arrependimento também não faz parte do nosso dia-a-dia, podemos estar andando em qualquer outro caminho, menos nos caminhos do Senhor. E, consequentemente, não permanecemos em Cristo. É inevitável, portanto, que aquele diz que permanece em Cristo, deve, necessariamente, andar como Cristo andou. Evidente que Cristo andou em perfeição, pois Ele não conheceu o pecado (II Cor. 5: 21). Porém, o que Deus requer de nós não é um andar perfeito (o que nos seria impossível cumprir), pois Ele sabe que somos pecadores, mas, sim, um andar em obediência aos Seus mandamentos, buscando o arrependimento sempre que pecarmos. E, isto sim, está ao nosso alcance cumprir, unicamente pela graça e misericórdia do nosso Senhor.
Alexandre Pereira Bornelli

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

E agora, José?

Juventude e compromisso com Deus parecem, para muitos de nós, coisas inimigas. Temos dificuldade em crer ser perfeitamente possível viver a juventude de forma normal mantendo, ao mesmo tempo, a fé, santidade e a intimidade com Deus. É possível aproveitar a juventude sem prejudicar nossa vida cristã e vice-versa?

Em Gênesis cap.37 e 39 vemos, com o exemplo do jovem José, que podemos desfrutar da juventude sem abrir mão da nossa vida pessoal com Deus, apesar das tentações diárias inerentes desta fase da vida. Considerando que a história de José é conhecida de todos nós, podemos extrair dela algumas preciosas lições, dentre muitas outras. Primeiramente, no relato bíblico dos capítulos 37 39 de Gênesis lemos várias vezes a afirmativa: “E Deus era com José”. Mas, como pode alguém tão jovem e após ter sido vendido como escravo por seus irmãos, desfrutar de uma companhia tão íntima assim com Deus? Por qual razão Deus era com José? Ele conseguia ser jovem e permanecer firme em sua fé sem se contaminar com o mundo? A Bíblia nos responde em Isaías 57: 15, a razão de Deus ser com o jovem José: “Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e vivificar o coração dos contritos.” José tinha um coração contrito, que temia a Deus, ou seja, quebrantado e obediente ao Senhor. Em segundo lugar, vemos a fidelidade de José para com Deus. Devido a permanência diária de José, como escravo, no palácio de Potifar, começaram a surgir alguns inconvenientes em sua vida pessoal. Iniciou-se então a sedução diária e persistente da mulher de seu senhor, para que ele se deitasse com ela. Diariamente, segundo o cap. 39, José recebeu tal convite: “deita-te comigo”. O pecado o chamava incansavelmente a todo instante. Certamente, em determinados momentos, seu senhor estava longe, ausente e seria fácil para o jovem atender a ordem da mulher. Ele estava ali como escravo! Mas, não nos esqueçamos que José, apesar jovem, era temente a Deus! Contudo, provavelmente José teve lutas para não cair em tentação, afinal era humano. Naturalmente, José estava no lugar propício para pecar. Era necessário tão-somente dizer sim à mulher. Que tentação! Que luta certamente passou José naquele momento. Mas ele não cedeu ao convite. Foi íntegro e fiel a Deus. Preferiu obedecer e não pecar contra Deus em detrimento do prazer momentâneo e carnal. Ante a resistência de José em atender seus convites pecaminosos, a mulher não mais aguentou e quis pegá-lo à força. Assim diz o verso 11, que José certo dia foi resolver os negócios de seu senhor e ninguém dos de casa se achavam presentes e então ela, a mulher de Potifar, pegou-o pelas vestes para se deitar com ele. José, imediatamente fugiu. Fugir numa situação desta? Ou José foge ou então, se rende. E agora, José? Desta vez, o Jovem José não disse nada, não tentou explicar nada à mulher. Muito menos quis provar que era homem (no sentido sexual) pra ela. Ao contrário, José provou que era um verdadeiro servo de Deus, isto sim! Ele tão somente fugiu. Para muitos de nós, José foi até covarde, medroso e infantil ao fugir. Afinal de contas, muitos pensam, correr de mulher? Mas José tinha sua mente em Deus. Sabendo da inclinação pecaminosa da sua carne, não quis dar a ela qualquer chance de sobrepor-se à sua santidade e pensou: ou fujo, ou peco. Preferiu fugir. Diante dos homens, certamente um fracassado e um medroso; mas diante de Deus, um servo bom e fiel. Aquele jovem não cedeu à sua vontade carnal. Preferiu fazer o que era reto perante Deus. Disse José à mulher de seu senhor, verso 9: “Ele não é maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porque és sua mulher: como, pois, cometeria tamanha maldade e pecaria contra Deus?”. Para José, Deus estava em primeiro lugar. Sua mente o alertava para Deus. Ele sabia que todo pecado ofende primeiro a santidade de Deus. O que de fato o preservou de pecar, não foi outra coisa senão o fato de Deus ser com ele.

José amava realmente a Deus e provou isto fugindo do pecado e dizendo: “pecaria eu contra Deus?” Agora podemos entender a exortação do Apóstolo Paulo ao jovem Timóteo: “Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor. (II Tm 2:22)” Temos fugido das paixões da mocidade e dos pecados que tenazmente nos assediam, como fez José? No caso de José foi a mulher de Potifar que o tentou a pecar. Mas, há inúmeras tentações, não somente sexuais, que nos rondam a todo instante querendo nos fazer pecar contra Deus. Lembremos que todo e qualquer pecado é, primeiramente, contra o nosso Deus. Lembremos também, que José e Timóteo viveram a sua juventude de maneira digna do evangelho de Cristo. Eles fugiam do pecado. Eles eram pecadores como nós, eram tentados como nós, mas fugiam do pecado constantemente. Portanto, não basta apenas nos intitularmos jovens cristãos e descansarmos nisto. É necessário um coração contrito, um espírito abatido, um coração que busque ao Senhor e que não abra mão da Sua palavra por nada, por convite algum deste mundo. É necessário fugir do pecado e dos lugares que nos induzem a pecar. É preciso evitar muitas amizades, programas, lugares para não pecar contra nosso Deus. Assim viveu José e assim podemos viver hoje também. Muitas vezes estamos a sós com a tentação, como José esteve. Porém, José amava e tinha temor a Deus. E não foi outra coisa, senão seu temor a Deus, que o guardou de cometer tal pecado. Não pensemos que intimidade com Deus é algo para experimentarmos somente na fase mais adulta ou mesmo na velhice. Não. Todos nós fomos chamados para viver como José, fugindo do pecado por amor ao nosso Senhor.

Alexandre Pereira Bornelli