PENSAI NAS COISAS DO ALTO

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Quanto lhe custa ser um discípulo de Cristo?

Lucas 14:25 a 33

Nunca me dei bem em matéria de cálculo na escola. Sempre fugi de matemática. Ainda não gosto. Porém, mesmo não gostando de cálculo, admito que ele faz parte da minha vida.
Para o cristão, calcular é essencial. Não que o cristão tenha que saber matemática ou física. Mas, sim, que precisa aprender a calcular o quanto custa ser um verdadeiro discípulo de Cristo.
O texto começa no verso 25 relatando que grandes multidões seguiam a Jesus. Então, Jesus virando-se para a multidão, deu o duro discurso dos versos 26 a 33 (sugere-se a leitura do texto).
A primeira lição que vemos é que realmente Jesus nunca se impressionou com a quantidade de pessoas que o seguiam, pois não estava atrás de números, fãs, contribuintes, ibope e fama como muitos homens procuram para si hoje em dia nas igrejas. Enquanto muitos “pastores” de hoje iriam caprichar no discurso pra atrair mais seguidores, pensando no aumento que isso significaria em sua renda mensal, Jesus volta-se para a multidão e lhes fala o que é preciso para ser um verdadeiro discípulo seu. Para Jesus era e ainda é melhor poucos seguidores dispostos a renunciar a tudo para segui-Lo, do que uma multidão indisposta a praticar a renuncia, ainda que disposta a segui-Lo. O assunto central do ensino é sobre renúncia. Certamente, com esse discurso, muitos dos que estavam atrás de Jesus apenas pelas bênçãos, milagres ou algum outro benefício pessoal, muitos que queriam segui-lo sem qualquer renuncia, iriam ficar por ali mesmo. Talvez, ao contrário do que muitos líderes fariam hoje, Jesus não elogiou a multidão por estar seguindo-O. Conhecendo os corações e as motivações, falou sobre renúncia, assim como foi com o jovem rico. O ensinamento do discurso de Jesus é: para ser um verdadeiro discípulo é preciso renunciar as coisas do mundo, muitas até mesmo lícitas (v. 26). Neste caso, aborrecer pai, mãe, mulher, filhos, irmão e a si próprio não é uma questão de tratá-los mal, jamais! É sim, organizar as prioridades e o amor, colocado Deus acima deles. Quem não passa neste primeiro teste, diz o Mestre, “não pode ser meu discípulo”. Também não pode ser discípulo de Jesus, aquele não toma a cruz e O segue, ou seja, aquele que não renuncia o bem-estar e que não quer enfrentar aflições, perseguições por amor a Cristo (João 16:33). Àqueles que só querem o status de ser cristão sem pagar o preço, sem calcular o custo disso, novamente afirma Jesus que “não pode ser meu discípulo” (v . 27). Depois disso, versos 28 a 32, Jesus dá dois claros exemplos naturais de se calcular antes de seguir em frente nos projetos, que muito nos ajuda na vida espiritual. Em seguida, conclui seu discurso no verso 33, “assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo”. Ele começa com o “assim, pois...” nos convocando a considerar os versos anteriores. Renunciar tudo para ter a Jesus é a marca do verdadeiro discípulo. Sempre foi e sempre será. Que diga Abraão que se mostrou disposto a renunciar seu próprio filho em obediência a Deus. Vejamos Moisés que renunciou sua carreira no palácio de Faraó para ser maltratado junto com o povo de Deus (Hb. 11:24 a 26). Que nos diga Noé que renunciou seu tempo para obedecer a Deus na construção da arca que salvou toda a sua família. E, negativamente, pessoas que não calcularam o preço do discipulado, sãos os filhos de Israel que foram tirados do Egito rumo à terra prometida e murmuraram ante as dificuldades da trajetória, preferindo retornar à escravidão. E também, Demas (II Tm 4:10) que apesar de ser um colaborador do apóstolo Paulo por algum tempo, abandonou o evangelho e a Paulo por amor ao mundo. Todos eles estiveram diante da renuncia. As escolhas determinaram o fim.
A questão é: o que temos renunciado para seguir a Cristo hoje? Quanto tem nos custado, na moeda renuncia seguirmos a Cristo em nossa vida? Tem sido fácil ser cristão? Então, algo pode estar errado. Sabemos que o caminho que conduz ao céu é apertado e estreito, ou seja, de renuncia. Não há como dizer-se discípulo de Cristo sem renunciar o pecado, más amizades, muitos lugares, eventos, certos programas de TV, muita coisa da internet, muito do nosso lazer e muitos convites contrários à Palavra de Deus. Não basta dizer que estamos seguindo a Cristo como aquela multidão estava, se não estivermos dispostos a renunciar as coisas pecaminosas e até mesmo, lícitas por amor ao Senhor. Certamente, devemos ter nossas ocupações normais da vida, casamento, filhos, profissão, lazer e realizá-las da melhor forma possível. O foco é que estas coisas não podem sufocar nosso amor e nossa disposição em seguir a Cristo. Quando não estamos dispostos a abrir mão delas, quando necessário, para o benefício da nossa caminhada cristã, estamos indo na direção errada. Elas não podem nos distrair e impedir de seguir a Cristo. Doutro modo, não seremos discípulos de Jesus. Afinal, pela Palavra de Deus, a marca registrada do discípulo é a renúncia e não, simplesmente, o fato de segui-Lo.
Alexandre Pereira Bornelli – ag./2010