PENSAI NAS COISAS DO ALTO

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Eu não sou como os demais

A coisa mais fácil de confessar é o pecado do vizinho”. Esta foi a sábia afirmativa de Eleanor L. Doan. Realmente é fácil encontrar pecado nas pessoas. Contudo, a Bíblia nos exorta a examinarmos a nós mesmos (II Cor. 13:5) e a confessarmos os nossos próprios pecados (I João 1:9).
É comum identificarmos os pecados do nosso cônjuge. É fácil detectar quão desobedientes são nossos filhos, quão fofoqueiro (a) é aquele irmão (ã). Costumeiramente, falamos e enumeramos os mais diversos pecados que vemos na vida da igreja. Mas, enfatizamos, não é este o ensinamento das Escrituras. A Bíblia fala sempre em confessarmos os nossos próprios pecados, conforme I João 1:9, que diz: “Se confessarmos os nossos pecados ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. A mesma exortação nos é dada em Lucas 6: 42: “Como poderás dizer a teu irmão: deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão”. Somos prontos e rápidos para enumerar os pecados do nosso próximo, mas somos cegos para identificar os nossos próprios pecados. O marido vê somente o pecado da esposa e a esposa, o do marido. O filho diz que o pai é culpado por sua atitude rebelde, o pai diz que o filho é quem é culpado por ele ser violento. O amigo transfere a culpa da sua atitude aos seus colegas. O patrão não vê sua atitude errada e alega que o funcionário é incompetente. O funcionário, por sua vez, diz que a culpa é toda do patrão que o persegue sem motivos. Todos parecem ser justos aos seus próprios olhos. E, por causa dessa terrível justiça própria, nossas orações são sempre de nós para nós mesmos. Oramos nos engrandecendo diante de Deus, apresentando a Ele nossas fantasiosas virtudes e aproveitamos para apontar falhas e pecados alheios. Esta atitude é totalmente contrária aos ensinamentos da Palavra de Deus. Primeiro, que não temos nenhuma virtude para apresentar diante de Deus, pois fomos salvos unicamente pela Graça e, segundo, que não é nosso dever cristão apontar os pecados alheios, antes os nossos próprios pecados. Porém, a verdade é que se nos preocuparmos em arrepender dos nossos pecados (que certamente são muitos), não teremos tempo e nem condições de apontar os pecados do próximo.
Há uma parábola na Bíblia que ilustra muito bem esse fato. É a parábola do fariseu e do publicano. Diz o texto de Lucas 18:9 a 14 que: “Propôs também uma parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros. Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um era fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.”. Todos aqueles que se exaltam diante de Deus e dos homens, que confiam em sua própria carne, que se acham justos aos seus próprios olhos, não enxergando sua miserabilidade diante de Deus são como o fariseu da parábola. Tais pessoas não se vêem carentes da Graça salvadora de Deus. Estão apegados a hábitos religiosos e morais, pensando com isto estar cumprindo os mandamentos do Senhor. Por isso não oram suplicando por graça e misericórida, antes apresentam seu curriculun diante de Deus. Pessoas assim, nunca buscam o arrependimento, pois jamais pensam precisar dele. De conseqüência, são inflexíveis com os erros e pecados alheios, pois se julgam superiores e incapazes de cometê-los. Como o fariseu da parábola, crêem estar num nível espiritual mais elevado, não pertencendo à classe dos roubadores, adúlteros, enfim, dos que necessitam da graça de Deus. Entretanto, Marcos 7: 21 a 23, diz: “porque de dentro, do coração do homem, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem”. Mas, você pode afirmar convictamente que ainda nunca roubou, adulterou ou matou, e se achar melhor do que os demais por isto. Porém, a graça de Deus e somente ela, é capaz de nos livrar de cometer tais pecados. Mesmo que ainda que não tenhamos praticado tais e tais pecados, devemos creditar isso unicamente a Graça do Senhor, sabendo que todos nós, sem uma única exceção, somos potencialmente adúlteros, homicidas, avarentos, maliciosos, invejosos, etc. Afinal, “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3:23). A Bíblia também diz em Romanos 3:10, que “não há um justo, nenhum sequer”. Embora saibamos na teoria que não há um justo sequer, é fácil de encontrar cristãos vivendo como se fossem justos; não perdoam porque não admitem pecados no próximo, por pensar que eles mesmos não seriam capazes de cometer, não pedem perdão porque não vêem suas atitudes como pecado, e, por fim, são pessoas que vivem uma vida cristã isolada, independente, não aceitam ajuda e nem conselhos, se julgam autosuficientes. Por outro lado, quando somos ganhos pela realidade bíblica de que somos pecadores, todos os nossos relacionamentos mudam. Diante de Deus, passamos a suplicar apenas por Graça e misericórdia em nossas orações, com o nosso próximo (que pode ser nosso cônjuge, filhos, pais) passamos a perdoar incondicionalmente, como Deus nos perdoou em Cristo Jesus. Não mais apontaremos os pecados do nosso próximo, antes, teremos compaixão dele (próximo), pois estaremos cientes da nossa própria e idêntica natureza pecaminosa. Seremos mais misericordiosos (não coniventes) com nosso próximo. Como resultado, não mais viveremos e oraremos como o fariseu, mas sim, como o publicano, que orou dizendo: "Ó Deus sê propício a mim pecador”. É proveitoso refletirmos sobre a exortação de Agostinho: “Aquele que bate no peito, mas não emenda seus caminhos, não remove seus pecados; antes os enrijece.” Nós somos como os demais, pois todos nós somos dependentes da graça de Deus, pois somos todos igualmente pecadores.
Alexandre pereira bornelli

2 comentários:

Oliveira disse...

Sim... que Deus tenha misericórdia da minha arrogância.

Anônimo disse...

Realmente é muito mais facil olhar o pecado dos outros...
Mais quantas familias, amizades, namoros, relacionamentos em si, seriam salvos se cada um procurase olhar para seu proprio pecado, seu proprio defeito.
Que Deus nos de graça pra sermos como o publicano.