PENSAI NAS COISAS DO ALTO

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

PODEMOS DIALOGAR COM DEUS?


O pecado nos desequilibrou em todas as áreas. Não há ninguém equilibrado em área nenhuma. Os que se acham equilibrados, já demonstram desequilíbrio por pensarem mais de si do que convém. Por isso, precisamos de graça de Deus para tudo. Um dos desequilíbrios na vida cristã é o fato de oscilarmos entre ficarmos questionando a Deus em tudo ou sermos medrosos em abrir nossa boca para dialogar com Ele, expondo nossos medos, inseguranças e até incredulidade, pedindo-Lhe socorro.
Ao lermos o livro de Êxodo, especificamente nos capítulos 3 e 4, vemos Moisés dialogando seriamente com Deus. Um diálogo interessante diante de um assunto importantíssimo. Moisés havia sido convocado por Deus para falar com Faraó, mas estava resistindo a esta convocação. No capítulo 3, verso 2 lemos que apareceu o Anjo do Senhor a Moisés numa chama de fogo, a conhecida sarça ardente. Vendo isto, por curiosidade, Moisés foi até lá para ver o que era. Foi então que Deus o chamou (v. 4). A partir daí vemos um interessante dialogo entre Deus e Moisés. No verso 7 Deus diz que estava ciente da opressão do seu povo nas mãos dos egípcios e que decidiu livrar este povo. Para isso, usaria Moisés. No verso 10 Deus diz para ele falar com Faraó a fim de libertar os israelitas. Moisés sentiu medo e ficou incrédulo, dizendo a Deus (v.11): “Quem sou eu para apresentar-me ao faraó e tirar os israelitas do Egito?”. Realmente, Moisés não era ninguém de expressão para tal tarefa. Mas, parece que por um instante ele esqueceu totalmente do cuidado que Deus havia manifestado por toda a sua vida. Deus havia dado a ordem para que fosse, mas ele estava enganado pensando que Deus confiava em sua capacidade.  Então, como é comum aos incrédulos, tratou logo de tentar “ajudar” Deus (como se Ele precisasse de nossa ajuda), dizendo ser incapaz. Pacientemente, no verso 12 Deus diz que estaria com ele. Moisés então até simulou consigo mesmo o dialogo (v. 13) que provavelmente teria com Faraó, como fazemos quando estamos inseguros antes de conversar com alguém importante. Nos versos 14 a 18, nova e pacientemente, Deus reforça Sua atuação sobre tudo que aconteceria, dizendo tudo a Moisés o que ele deveria dizer quando lhe questionarem. Era só Moisés crer. Só? Contudo, no verso 19 surpreendemente Deus afirma que o rei do Egito não obedecerá a sua ordem, senão quando Ele atuar com mão forte. Nos versos 20 a 22, Deus mostra o que fará ante a desobediência de Faraó, mostrando com isso Sua soberania sobre tudo e todos. Deus não pede para Moisés disciplinar Faraó, era Ele mesmo quem o faria. Parece-nos que já era hora de Moisés estar convencido de que Deus estaria realmente no controle da situação e que ele e então, deveria crer Lhe obedecer. Entretanto, o capítulo 4 inicia da seguinte forma: “Moisés respondeu: E se eles não acreditarem em mim nem quiserem me ouvir e disserem: O Senhor não lhe apareceu?” O medo que dominava Moisés, fruto da sua incredulidade, por muitas vezes nos assalta também, mesmo sabendo, como ele sabia, do cuidado de Deus e do Seu poder. Isso, porque olhamos muito mais para nós, para nossa capacidade ou falta dela e para as circunstâncias do que propriamente para o Senhor.. Para encorajar Moisés, Deus ainda demonstra Seu poder transformando a vara em serpente; fazendo com que a mão de Moisés ficasse repentinamente com lepra e lhe restaurando-a em seguida e fazendo a água do Nilo se transformar em sangue (Ex 4: 3 a 9). Porém, mesmo diante de todas estas evidências miraculosas, a incredulidade de Moisés ainda reinava em seu coração. Observamos que no verso 10, ele agora fala a Deus (como se Deus não soubesse!) que ele é pesado de boca e que nunca teve facilidade para falar. É até infantil a desculpa de Moisés, porque se Deus mostrou que pode transformar uma vara em serpente, que pode fazê-lo ficar com lepra e curá-lo e que transforma a água em sangue, era para Moisés pensar que o fato dele não ter facilidade para falar era algo fácil de Deus resolver. Mas, não! O fato é que nossa incredulidade nos faz sempre duvidar do poder de Deus e por isso ficamos medrosos, mesmo diante de tantos fatos comprobatórios do Seu poder em nossa própria vida. No verso 11 Deus ainda conversa com Moisés, explicando detalhadamente quem criou o homem: “Quem deu boca ao homem? Quem o fez surdo ou mudo? Quem lhe concede vista ou o torna cego? Não sou eu, o Senhor?” Claro que Moisés sabia responder a todas as perguntas, mas não acredita de coração nas respostas. Então, no verso 12, Deus diz mais enfaticamente: “Agora, pois, vá: eu estarei com você, ensinando-lhe o que dizer.” Depois dessa, Moisés tinha que ir, não é mesmo? Você iria? Mas, de fato ele ainda não foi. Não o condenemos, pois faríamos o mesmo, visto que por tarefa muito menos arriscada que temos que cumprir em nossos dias, também nos amedrontamos e resistimos a obedecer a Palavra de Deus.  Então, novamente o Senhor diz para Moisés ir até Faraó que Ele é quem estaria lhe capacitando. No entanto, Moisés ainda não estava convencido do poder de Deus. Olhava mais para suas dificuldades e falta de habilidades do que para o atuar do Senhor e como Pedro ao andar sobre as águas, afundou ante sua incredulidade. Então, no verso 13, não tendo mais desculpas a apresentar, Moisés dá um basta, dizendo: “Ah, Senhor! Peço-te que envies outra pessoa.” Ou seja, por mais que Deus usasse de paciência e didática com Moisés explicando passo a passo o que aconteceria e sempre deixando claro que estaria no controle da situação, Moisés ainda permaneceu incrédulo e disse para Deus arrumar outra pessoa. Com isso, estava ele dizendo que Deus errou ao convocá-lo. No verso 14, depois de exaustivamente explicar a Moisés e ante sua incredulidade, Deus se ira, semelhantemente como um pai natural se ira contra seu filho quando, após explicar por várias vezes e dizer que estaria com ele, o filho ainda insiste em não obedecer. Incrivelmente, nos versos 15 e 16, Deus mesmo irado, ainda continuou a conversa com Moisés. Isto, porque nosso medo não frustra os planos de Deus e nossa reação não determina a ação de Deus, pois Ele age soberanamente dentro sua Soberania. Deus então, convoca Arão, irmão de Moisés, para ser o porta-voz diante do povo. A história continua e podemos continuar lendo-a no livro de Êxodo.
Aprendemos algumas preciosas lições com estes fatos. 1) Podemos expor a Deus nossos medos e até nossa incredulidade sem estar pecando com isso; desde que o façamos com o devido temor, como que de criatura que somos para o Criador; 2) Deus nos ouve e não nos reprova simplesmente por expormos a Ele nossa incredulidade; 3) Não podemos fugir eternamente da ordem de Deus. Existe um momento que Deus se ira contra nossa resistência e incredulidade; 4) Por mais que tentemos fugir da ordem de Deus,  Ele fará o Seu plano. Vemos isso com Moisés e com Jonas especificamente; 5) O que Deus requer de nós é obediência e fé. Ele deseja que confiemos em Sua Palavra e em Seu poder, não exigindo resultados, pois isso é da competência exclusiva dEle. Não somos nós que convencemos ninguém a nada. Moisés não ia convencer Faraó. Deus havia deixado claro que, embora Moisés fosse ser Seu porta-voz, Deus endureceria o coração do rei do Egito. Não devemos nutrir preocupação por resultados, mas sim, devemos focar em obedecer a Deus confiando que as consequências estão todas por conta exclusiva dEle. 6) Deus não nos pede nada que Ele mesmo não nos capacita a cumprir; 7) Nenhuma dificuldade, problemas pessoais ou falta de habilidades naturais servem como desculpas para fugirmos e resistirmos às ordens do Senhor. Alguém já disse e muito bem, que Deus não chama os capacitados, mas sim, capacita os chamados. Portanto, aprendamos estas lições para nosso melhor aproveitamento e relacionamento com Deus diante de  todas as áreas e acontecimentos da nossa vida.

ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI

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