Independentemente
da origem , do lugar, da espécie, da amplitude ou mesmo das
conseqüências, todos os conflitos têm algo em comum: todos pensam
ter razão. Quer seja entre países, estados, cidades, vizinhos, amigos ou casais
a razão das divisões, desentendimentos e conflitos continua sendo a mesma:
todos pensam ter razão. Shakespeare disse algo interessante: “A tragédia
começa quando os dois acham que têm razão”. E ele tem razão. No momento em
que lutamos por provar que temos razão e a outra pessoa também faz o mesmo, soou
o inicio do combate. Não é que devemos ser passivos e aceitar tudo sem antes
examinarmos a veracidade dos fatos. O alerta é na questão dos relacionamentos,
onde o orgulho nos impede, muitas vezes, de reconhecermos nosso erro. Somos
compulsivos por termos razão em tudo e lutamos com unhas e dentes contra quem
tente nos provar o contrário. Sempre
procuramos um jeito de torcer a verdade a fim de nos dar razão. Não queremos
reconhecer que erramos ou pecamos ou que o outro está certo. Isto nos fere.
Parece que, agindo assim, somos fracos e perdedores de uma batalha. Que
lamentável que isso ainda acontece com tanta frequência entre nós cristãos.
Quantos lares estão divididos porque marido e esposa lutam por ter razão em vez
de perdão; quantos relacionamentos na igreja estão em conflitos porque cada um impõe
seu jeito de ser como sendo o padrão a ser seguido. Qualquer relacionamento
sofrerá uma tragédia a partir do momento em que as pessoas agarrarem a razão em
vez de sujeitarem-se à verdade objetiva que é Palavra de Deus. É a Bíblia que
deve gerir nossos relacionamentos. É ela que deve nos convencer do erro e do
pecado. É a Palavra de Deus que deve ser nossa regra de fé e prática para nossa
vida e nossos relacionamentos. Fora dela, tudo é subjetivo e todos julgam ter
razão, mesmo estando todos errados. Daí surge a necessidade urgente de
meditarmos na vida de Jesus que “embora sendo Deus, não considerou que o ser
igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo
a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Filipenses 2: 6 e 7). E
Paulo inicia este texto, no verso 5,
dizendo: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus...”.
Hipoteticamente, se Jesus lutasse em seu direito de ser igual a Deus, estaria
em conflito com Deus-Pai e nesse caso, não iria humilhar-se, esvaziar-se,
tornando-se servo semelhante aos homens. Ora, se alguém podia lutar por esse
direito de ser igual a Deus, era Jesus! E, justamente Ele, abriu mão. Nós que
não temos direito algum, vivemos agarrados a um direito imaginário e pecaminoso
de sermos o dono da razão. Por isso que em muitos casamentos grandes conflitos
e intermináveis guerras entre os cônjuges começam porque ambos pensam ter razão
em tudo. Com isso, destroem a própria vida, a vida do cônjuge e,
consequentemente, a vida conjugal. Tais casamentos são uma verdadeira tragédia
para o testemunho cristão. Até quando vamos lutar por algo que não temos? Até
quando vamos resistir à ordem de Deus (Ef. 4:32) para sermos compassivos,
benignos, perdoadores e misericordiosos uns com os outros? Não adianta
adotarmos uma postura piedosa de maridos que amam as esposas, de esposas que
submetem e respeitem seus maridos, de amigos que se perdoam, de irmãos que são
misericordiosos com os outros se não temos imitado a Jesus e buscado nos
esvaziar e reconhecer nossos pecados e erros, pedindo perdão e vivendo em paz
uns com os outros. Forte não é o que lutar por ter razão, talvez no mundo isso
seja assim. Mas, para o cristão, ser forte é o contrário disto; é pedir perdão
e reconhecer os erros primeiro. Quando soltarmos a razão e agarrarmos o perdão,
a longanimidade, a paciência, a misericórdia, que são frutos do Espírito e não
nossos, por isso precisamos nos encher da Palavra de Deus, veremos que nossos
relacionamentos passarão de tragédia para ser um testemunho vivo do que Deus é
capaz de fazer em pessoas pecadoras, para a Sua própria Glória.
ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI
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