PENSAI NAS COISAS DO ALTO

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

QUANDO COMEÇA A TRAGÉDIA?


Independentemente da  origem , do lugar, da espécie,  da amplitude ou mesmo das conseqüências, todos os conflitos têm algo em comum: todos  pensam ter razão. Quer seja entre países, estados, cidades, vizinhos, amigos ou casais a razão das divisões, desentendimentos e conflitos continua sendo a mesma: todos pensam ter razão. Shakespeare disse algo interessante: “A tragédia começa quando os dois acham que têm razão”. E ele tem razão. No momento em que lutamos por provar que temos razão e a outra pessoa também faz o mesmo, soou o inicio do combate. Não é que devemos ser passivos e aceitar tudo sem antes examinarmos a veracidade dos fatos. O alerta é na questão dos relacionamentos, onde o orgulho nos impede, muitas vezes, de reconhecermos nosso erro. Somos compulsivos por termos razão em tudo e lutamos com unhas e dentes contra quem tente nos provar o contrário. Sempre procuramos um jeito de torcer a verdade a fim de nos dar razão. Não queremos reconhecer que erramos ou pecamos ou que o outro está certo. Isto nos fere. Parece que, agindo assim, somos fracos e perdedores de uma batalha. Que lamentável que isso ainda acontece com tanta frequência entre nós cristãos. Quantos lares estão divididos porque marido e esposa lutam por ter razão em vez de perdão; quantos relacionamentos na igreja estão em conflitos porque cada um impõe seu jeito de ser como sendo o padrão a ser seguido. Qualquer relacionamento sofrerá uma tragédia a partir do momento em que as pessoas agarrarem a razão em vez de sujeitarem-se à verdade objetiva que é Palavra de Deus. É a Bíblia que deve gerir nossos relacionamentos. É ela que deve nos convencer do erro e do pecado. É a Palavra de Deus que deve ser nossa regra de fé e prática para nossa vida e nossos relacionamentos. Fora dela, tudo é subjetivo e todos julgam ter razão, mesmo estando todos errados. Daí surge a necessidade urgente de meditarmos na vida de Jesus que “embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Filipenses 2: 6 e 7). E Paulo inicia este texto, no verso  5, dizendo: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus...”. Hipoteticamente, se Jesus lutasse em seu direito de ser igual a Deus, estaria em conflito com Deus-Pai e nesse caso, não iria humilhar-se, esvaziar-se, tornando-se servo semelhante aos homens. Ora, se alguém podia lutar por esse direito de ser igual a Deus, era Jesus! E, justamente Ele, abriu mão. Nós que não temos direito algum, vivemos agarrados a um direito imaginário e pecaminoso de sermos o dono da razão. Por isso que em muitos casamentos grandes conflitos e intermináveis guerras entre os cônjuges começam porque ambos pensam ter razão em tudo. Com isso, destroem a própria vida, a vida do cônjuge e, consequentemente, a vida conjugal. Tais casamentos são uma verdadeira tragédia para o testemunho cristão. Até quando vamos lutar por algo que não temos? Até quando vamos resistir à ordem de Deus (Ef. 4:32) para sermos compassivos, benignos, perdoadores e misericordiosos uns com os outros? Não adianta adotarmos uma postura piedosa de maridos que amam as esposas, de esposas que submetem e respeitem seus maridos, de amigos que se perdoam, de irmãos que são misericordiosos com os outros se não temos imitado a Jesus e buscado nos esvaziar e reconhecer nossos pecados e erros, pedindo perdão e vivendo em paz uns com os outros. Forte não é o que lutar por ter razão, talvez no mundo isso seja assim. Mas, para o cristão, ser forte é o contrário disto; é pedir perdão e reconhecer os erros primeiro. Quando soltarmos a razão e agarrarmos o perdão, a longanimidade, a paciência, a misericórdia, que são frutos do Espírito e não nossos, por isso precisamos nos encher da Palavra de Deus, veremos que nossos relacionamentos passarão de tragédia para ser um testemunho vivo do que Deus é capaz de fazer em pessoas pecadoras, para a Sua própria Glória.

ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI

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