PENSAI NAS COISAS DO ALTO

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

POSSO CONFIAR EM MINHA CONSCIÊNCIA?



A Bíblia fala sobre a importância de mantermos nossa consciência limpa diante de Deus. Porém, a mesma Bíblia não coloca nossa consciência como estágio final e definitivo em relação a estarmos certou ou errados. É possível ser enganado pela própria consciência?

Alguns textos bíblicos nos exortam a respeito disto. Em Jó 27:6, lemos:” Manterei minha retidão, e nunca a deixarei; enquanto eu viver, a minha consciência não me repreenderá”. Paulo nos diz em Atos 23:1: “Paulo, fixando os olhos no Sinédrio, disse: Meus irmãos, tenho cumprido meu dever para com Deus com toda a boa consciência, até o dia de hoje”. No capítulo 24:16 ele novamente diz: “ Por isso procuro sempre conservar minha consciência limpa diante de Deus e dos homens”. Em I Timóteo 1:5, Paulo afirma: “O objetivo desta instrução é o amor que procede de um coração puro, de uma consciência e de uma fé sincera”, e no verso 19, traz o alerta: “Mantendo a fé a boa consciência que alguns rejeitaram e, por isso, naufragaram na fé”. Em  Romanos 14:22, Paulo diz:”Feliz o homem que não se condena naquilo que aprova”, ou seja, que faz as coisas sem acusação”.

Em contrapartira, lemos a séria advertência em I Timóteo 4:2: “Tais ensinamentos vêm de homens hipócritas e mentirosos, que têm a consciência cauterizada”. Aqui vemos que nossa consciência não é referencial último e absoluto para medir nossa santidade, pois ela pode estar cauterizada,  insensível para com a Palavra de Deus e mesmo assim, crendo estar em paz. 

Por esta razão, João Calvino[i] afirma que “não há nenhuma paz genuína que seja desfrutada neste mundo senão na atitude repousante nas promessas de Deus. Os que não lançam mão delas podem ser bem sucedidos por algum tempo em abafar ou expulsar os terrores da consciência, mas sempre deixarão de desfrutar do genuíno conforto íntimo”.

Onde encontrarmos na Bíblia sobre o perigo de confiarmos única e exclusivamente em nossa consciência? O texto está em I Coríntios 4: 14, que diz: “Embora em nada minha consciência me acuse, nem por isso justifico a mim mesmo; o Senhor é quem me julga”.  

Nossa consciência deve estar totalmente sujeita à Palavra de Deus. Paulo não confiou e descansou no fato de sua consciência não o acusar. O critério absoluto para ele era a Palavra de Deus que é a verdade (João 17:17). Foi justamente isto que afirmou Martinho Lutero, ao dizer: “Minha consciência é escrava da Palavra de Deus”. Nossa consciência deve estar sujeita a Palavra e não o contrário.

Não adianta dizemos: “estou em paz, minha consciência não me acusa”. Isto é bom, mas não pode ser algo definitivo. Deixemo-nos ser julgados pela Palavra de Deus. Coloquemos-nos diante dela em submissão para que o Senhor mesmo nos julgue.

Alexandre Pereira Bornelli


[i] O LIVRO DOS SALMOS, VOL. 2 (SL 51:8-9), pag. 436

Nenhum comentário: