A Bíblia fala sobre a importância
de mantermos nossa consciência limpa diante de Deus. Porém, a mesma Bíblia não
coloca nossa consciência como estágio final e definitivo em relação a estarmos
certou ou errados. É possível ser enganado pela própria consciência?
Alguns textos bíblicos nos
exortam a respeito disto. Em Jó 27:6, lemos:” Manterei minha retidão, e nunca a deixarei; enquanto eu viver, a minha
consciência não me repreenderá”. Paulo nos diz em Atos 23:1: “Paulo, fixando os olhos no Sinédrio, disse: Meus
irmãos, tenho cumprido meu dever para com Deus com toda a boa consciência, até o dia de hoje”. No
capítulo 24:16 ele novamente diz: “ Por
isso procuro sempre conservar minha consciência limpa diante de Deus e dos
homens”. Em I Timóteo 1:5, Paulo afirma: “O objetivo desta instrução é o amor que procede de um coração puro, de
uma consciência e de uma fé sincera”, e no verso 19, traz o alerta: “Mantendo a fé a boa consciência que alguns
rejeitaram e, por isso, naufragaram na fé”. Em Romanos 14:22, Paulo diz:”Feliz o homem que não se condena naquilo que
aprova”, ou seja, que faz as coisas sem acusação”.
Em contrapartira, lemos a séria
advertência em I Timóteo 4:2: “Tais ensinamentos
vêm de homens hipócritas e mentirosos, que têm a consciência cauterizada”. Aqui vemos que nossa consciência não
é referencial último e absoluto para medir nossa santidade, pois ela pode estar
cauterizada, insensível para com a
Palavra de Deus e mesmo assim, crendo estar em paz.
Por esta razão, João Calvino[i] afirma
que “não há nenhuma paz genuína que seja
desfrutada neste mundo senão na atitude repousante nas promessas de Deus. Os
que não lançam mão delas podem ser bem sucedidos por algum tempo em abafar ou
expulsar os terrores da consciência, mas sempre deixarão de desfrutar do
genuíno conforto íntimo”.
Onde encontrarmos na Bíblia sobre
o perigo de confiarmos única e exclusivamente em nossa consciência? O texto
está em I Coríntios 4: 14, que diz: “Embora
em nada minha consciência me
acuse, nem por isso justifico a mim mesmo; o Senhor é quem me julga”.
Nossa consciência deve estar totalmente
sujeita à Palavra de Deus. Paulo não confiou e descansou no fato de sua
consciência não o acusar. O critério absoluto para ele era a Palavra de Deus
que é a verdade (João 17:17). Foi justamente isto que afirmou Martinho Lutero,
ao dizer: “Minha consciência é escrava da
Palavra de Deus”. Nossa consciência deve estar sujeita a Palavra e não o
contrário.
Não adianta dizemos: “estou em paz, minha consciência não me acusa”.
Isto é bom, mas não pode ser algo definitivo. Deixemo-nos ser julgados pela
Palavra de Deus. Coloquemos-nos diante dela em submissão para que o Senhor
mesmo nos julgue.
Nenhum comentário:
Postar um comentário