É comum vermos pessoas empolgadas em fazer
regime, principalmente nas segundas-feiras, depois de comerem churrasco e doce
no fim de semana. Geralmente, esses regimes são de durações meteóricas. Tais
pessoas não querem realmente pagar o preço que o regime exige. Apenas estão
temporariamente incomodados com peso na consciência pelo abuso alimentar, coisa
que superam e esquecem com facilidade. Geralmente este peso some na próxima
refeição, ficando somente o peso corporal.
Outros, entretanto, um pouco mais esforçados
e determinados, conseguem atingir o objetivo de abaixar de peso. Contudo, não
são determinados o suficiente para manter-se assim. Após chegarem ao peso
ideal, ficam satisfeitos e negligenciam a necessidade de continuar o regime. E
o temido “efeito sanfona” acaba desorientando e castigando as pessoas.
Na vida cristã não é diferente. São muitos
aqueles que após abusarem de coisas ilícitas, sentem peso na consciência,
porém, nada mais que isso. Então, começam o processo para aliviá-la, fazendo coisas
do tipo: ir mais a reunião da igreja, ler um pouco a Bíblia, fazer uma oração,
fazer votos e promessas para Deus, ajudar alguém e por ai vai. Todavia, estas
coisas são ineficientes, porque nasceram de um coração apenas incomodado e não
arrependido.
Outras pessoas, porém, conseguem caminhar um
pouco. Elas são capazes de praticarem por mais tempo e de forma mais visível a
santificação. Conseguem abandonar algumas amizades erradas, deixam alguns
vícios, participam mais da vida da igreja, tentam restaurar os relacionamentos
rompidos e coisas assim. Todavia, por não se arrependerem genuinamente, tais
procedimentos não têm vida longa. E ficam sofrendo pelo “efeito sanfona”
espiritual. Ora estão cheios do Espírito, ora vazios.
Começar não é o grande problema, mas sim,
manter-se no caminho iniciado. Quando começamos errado, não caminhamos muito
tempo. Quando a motivação é a nossa justiça própria e o nosso orgulho de
conseguir fazer algo, logo somos vencidos pelo desânimo.
É interessante que a Palavra de Deus nunca
desmereceu a iniciativa dos cristãos, mas também nunca a supervalorizou. Não
basta começarmos bem, se não nos mantivermos firmes na fé pela graça de Deus.
Todos nós começamos bem animados a vida cristã. Creio que ninguém a iniciou desanimado.
Mas, então, porque desanimamos e não mantemos a chama acesa?
É o que lemos em Gálatas 5:7: “Corríeis bem, quem vos impediu de
continuardes a praticar a verdade?” Paulo não desmereceu o início dos
cristãos, mas advertiu-os em relação a pouca duração que isso teve. Em I Timóteo
1: 19, lemos: “...mantendo a fé e a boa
consciência que alguns rejeitaram e, por isso, naufragaram na fé.” Isto
quer dizer que não basta termos lampejos de boa consciência em certas fases da
vida. Ao contrário, devemos manter, dar continuidade e viver sempre com a boa
consciência porque se rejeitarmos isso, iremos naufragar na fé.
Em I Pedro 2:12 também somos ensinados a
manter o nosso procedimento exemplar entre os ímpios. Nas palavras de Pedro,
lemos: “...mantendo exemplar o vosso
procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros
como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no
dia da visitação”. Pedro tem em mente uma vida exemplar e não apenas sermos
exemplos em certas épocas da nossa vida. Em I Coríntios 16:13, Paulo diz: “Estejam vigilantes, mantenham-se firmes na
fé...” Em Efésios 6: 14: “Assim, mantenham-se firmes, cingindo com cinto da
verdade...” e muitos outros textos.
Percebemos então que a iniciativa não é o nosso
maior problema, mas sim, a continuidade. Deus não se impressiona com nossas
iniciativas e não devemos nos impressionar também. Quando a graça de Deus é
desprezada não há condições de se manter no caminho estreito, de manter a boa
consciência e continuarmos no caminho da santidade. Sempre desfrutaremos de
bons começos e péssimos fins. Não
desprezemos os dias dos pequenos começos, mas também, não nos contentemos
apenas por termos começado algo bem. Antes, oremos para que Deus nos ajude a
perseverar no caminho da santificação, evitando o “efeito sanfona espiritual”
que nunca foi o desejo de Deus para seus filhos.
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