PENSAI NAS COISAS DO ALTO

segunda-feira, 4 de março de 2013

EFEITO SANFONA


É comum vermos pessoas empolgadas em fazer regime, principalmente nas segundas-feiras, depois de comerem churrasco e doce no fim de semana. Geralmente, esses regimes são de durações meteóricas. Tais pessoas não querem realmente pagar o preço que o regime exige. Apenas estão temporariamente incomodados com peso na consciência pelo abuso alimentar, coisa que superam e esquecem com facilidade. Geralmente este peso some na próxima refeição, ficando somente o peso corporal.

Outros, entretanto, um pouco mais esforçados e determinados, conseguem atingir o objetivo de abaixar de peso. Contudo, não são determinados o suficiente para manter-se assim. Após chegarem ao peso ideal, ficam satisfeitos e negligenciam a necessidade de continuar o regime. E o temido “efeito sanfona” acaba desorientando e castigando as pessoas.

Na vida cristã não é diferente. São muitos aqueles que após abusarem de coisas ilícitas, sentem peso na consciência, porém, nada mais que isso. Então, começam o processo para aliviá-la, fazendo coisas do tipo: ir mais a reunião da igreja, ler um pouco a Bíblia, fazer uma oração, fazer votos e promessas para Deus, ajudar alguém e por ai vai. Todavia, estas coisas são ineficientes, porque nasceram de um coração apenas incomodado e não arrependido.

Outras pessoas, porém, conseguem caminhar um pouco. Elas são capazes de praticarem por mais tempo e de forma mais visível a santificação. Conseguem abandonar algumas amizades erradas, deixam alguns vícios, participam mais da vida da igreja, tentam restaurar os relacionamentos rompidos e coisas assim. Todavia, por não se arrependerem genuinamente, tais procedimentos não têm vida longa. E ficam sofrendo pelo “efeito sanfona” espiritual. Ora estão cheios do Espírito, ora vazios. 

Começar não é o grande problema, mas sim, manter-se no caminho iniciado. Quando começamos errado, não caminhamos muito tempo. Quando a motivação é a nossa justiça própria e o nosso orgulho de conseguir fazer algo, logo somos vencidos pelo desânimo. 

É interessante que a Palavra de Deus nunca desmereceu a iniciativa dos cristãos, mas também nunca a supervalorizou. Não basta começarmos bem, se não nos mantivermos firmes na fé pela graça de Deus. Todos nós começamos bem animados a vida cristã. Creio que ninguém a iniciou desanimado. Mas, então, porque desanimamos e não mantemos a chama acesa?

É o que lemos em Gálatas 5:7: “Corríeis bem, quem vos impediu de continuardes a praticar a verdade?” Paulo não desmereceu o início dos cristãos, mas advertiu-os em relação a pouca duração que isso teve. Em I Timóteo 1: 19, lemos: “...mantendo a fé e a boa consciência que alguns rejeitaram e, por isso, naufragaram na fé.” Isto quer dizer que não basta termos lampejos de boa consciência em certas fases da vida. Ao contrário, devemos manter, dar continuidade e viver sempre com a boa consciência porque se rejeitarmos isso, iremos naufragar na fé. 

Em I Pedro 2:12 também somos ensinados a manter o nosso procedimento exemplar entre os ímpios. Nas palavras de Pedro, lemos: “...mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação”. Pedro tem em mente uma vida exemplar e não apenas sermos exemplos em certas épocas da nossa vida. Em I Coríntios 16:13, Paulo diz: “Estejam vigilantes, mantenham-se firmes na fé...” Em Efésios 6: 14: “Assim, mantenham-se firmes, cingindo com cinto da verdade...” e muitos outros textos. 

Percebemos então que a iniciativa não é o nosso maior problema, mas sim, a continuidade. Deus não se impressiona com nossas iniciativas e não devemos nos impressionar também. Quando a graça de Deus é desprezada não há condições de se manter no caminho estreito, de manter a boa consciência e continuarmos no caminho da santidade. Sempre desfrutaremos de bons começos e péssimos fins.  Não desprezemos os dias dos pequenos começos, mas também, não nos contentemos apenas por termos começado algo bem. Antes, oremos para que Deus nos ajude a perseverar no caminho da santificação, evitando o “efeito sanfona espiritual” que nunca foi o desejo de Deus para seus filhos.

ALEXANDR PEREIRA BORNELLI

Nenhum comentário: