PENSAI NAS COISAS DO ALTO

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Olho por olho, literalmente.

Um caso ocorrido recentemente serve de exemplo à todos nós. Trata-se do caso em que uma iraniana perdoou um homem que jogou ácido em seu rosto há 7 anos, deformando-a e deixando-a cega, conforme matéria no link http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/07/iraniana-perdoa-homem-que-deformou-seu-rosto-com-acido.html. A vítima conseguiu uma sentença para que seu agressor pagasse o crime que cometera da mesma forma que o causou. Literalmente, seria olho por olho. A justiça determinou que o agressor também recebesse ácido em seu rosto e perdesse a visão total como punição do seu crime. Sua cegueira estava decretada. No entanto, usando seu direito e tendo suas razões pessoais, a vítima perdoou o agressor que foi poupado do castigo. Mesmo com sentença judicial a seu favor para ver seu agressor cego como punição pelo ato que fez, a vítima abriu mão de vingar-se e aceitou o dano sofrido, perdoando no último minuto. Imaginem a alegria do perdoado e porque não dizer, do perdoador também que se viu livre de mágoas e ressentimentos. O agressor está livre de perder a visão graças ao perdão que recebeu, mas continuará preso pelo crime cometido, com razão. Afinal, como a bíblia mesmo diz em Gálatas 6:7: “o perdão não anula a colheita”.
É inevitável lermos isto e não refletirmos no perdão bíblico. Sabemos que Deus nos perdoou incondicionalmente em Cristo Jesus, assumindo nossa culpa, sofrendo e morrendo em nosso lugar para nos reconciliar com Deus (II Coríntios 5:19 a 21). Sabemos também que devemos perdoar as pessoas sempre e incondicionalmente (Mateus 18:21,35 e João 6:14,15). Não devemos improperar, ou seja, perdoar sob condição, sob explicação, sob pedido de desculpas. Devemos assumir o dano. Isso é perdão. Qual a razão então de não estarmos praticando o perdão em nossos relacionamentos? Por que tantos casais vivem em guerra, tantos pais e filhos, os filhos entre si, parentes, patrões e empregados, amigos não se perdoam, não assumem o dano, não se reconciliam? Creio que é porque pensamos ter direito de vingança e a muitas explicações. Imaginem se Deus, para nos perdoar, exigisse de nós o que exigimos daqueles que nos ofenderam? Estaríamos eternamente perdidos sem o perdão divino. Mesmo que tenhamos as marcas de agressões sofridas, seja em nosso corpo ou em nossa alma, como a vítima do ácido ficou deformada para o resto de sua vida, precisamos perdoar por ordem de Deus. Não perdoar, alguém já disse: "é tomar veneno e desejar que o outro morra". É loucura religiosa pensarmos que mesmo não perdoando, conseguimos viver bem conosco mesmos e em paz com Deus. O verdadeiro cristianismo não nos dá a possibilidade de vivermos bem com Deus, se estamos amargurados e ressentidos contra o nosso próximo (I João 2:9,11). A prova de que estamos vivendo em paz com Deus é que também estamos em paz, sem amarguras, ressentimentos, contra as pessoas, sejam elas quem forem e o que nos fizeram (I João 2:10). Jesus sempre nos ensinou que devemos perdoar sempre, por toda a vida e isto, incondicionalmente. (Mateus 18:21)
Temos muito menos razões, deformidades e danos sofridos, do que a vítima do ácido para não perdoarmos alguém. Em contrapartida, temos infinitamente mais razões bíblicas para perdoamos aqueles que nos têm ofendido, porque também já desfrutamos do perdão divino. Porém, insistimos em manter uma religião (falsa) onde não queremos perdoar, mas queremos ser perdoados por Deus e pelos outros, onde não perdoamos, mas falamos que estamos bem com Deus, onde não perdoamos, mas mantemos uma postura de alguém que ama a Deus e ao próximo. Isso é religião e não cristianismo! Que Deus realmente nos liberte dessa vida deprimente e pecaminosa de não perdoarmos, de vivermos com amargura, nos agarrando ao direito carnal e pecaminoso de vingar, de retaliar e de não perdoar e achar ainda que estamos caminhado no conhecimento e na graça de Jesus Cristo. Assim como Deus nos perdoou em Cristo, assim também devemos perdoar uns aos outros.

Alexandre Pereira Bornelli

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