PENSAI NAS COISAS DO ALTO

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Quando vejo a Deus, vejo também quem sou.

“O homem jamais alcança um verdadeiro autoconhecimento a não ser que antes tenha contemplado a face de Deus. O conhecimento de Deus e de nós mesmos estão unidos por um laço mútuo
                                                                                                     João Calvino.

Uma das tragédias deixadas pelo pecado original é o fato do ser humano pensar muito a respeito de si mesmo. Paulo já nos exortou sobre isso em Romanos 12:3. A tragédia é ainda maior porque pensamos que somos bons também diante de Deus. Esta característica é determinante naqueles que não conheceram ainda o Senhor. Aqueles, porém, que foram alcançados pelo amor de Deus e que estão conhecendo o Senhor diariamente, estão aprendendo que esse "bom" conceito sobre si mesmo é enganoso. A Bíblia declara em Romanos 3: 10 a 12, que “não há justo, nem sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviara, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer". Todos significa todos. Contudo, ainda assim nos pegamos crendo que não somos tão maus assim e que nosso coração não é tão enganoso quanto Jeremias diz que é (Jr 17:9).
O fato é que quando não conhecemos a Deus como a Bíblia o apresenta, não conhecemos realmente também a nós mesmos. Aqueles que são muitos cheios de si demonstram estar vazios de Cristo. Não há como estarmos cheios de nós mesmos e cheios de Deus ao mesmo tempo. Isaías é nosso grande exemplo neste aspecto. Na conhecida passagem de Isaías 6, o profeta deixa registrado algo profundo que aconteceu em sua vida. Talvez Isaías se achasse muito correto e temente a Deus, até quando o rei Uzias morreu. Quando isso aconteceu, o profeta disse que viu o Senhor. E, qual a primeira conseqüência disto? Foi que Isaías também viu a si mesmo como de fato ele é, e não como ele pensava que era, ou mesmo que os outros falavam que ele era. Isaías então diz no capítulo 6: 1 e 5 “No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. V. 5: Então disse eu: Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio dum povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!”.
Algumas verdades deste texto devem ser destacadas: a) Isaías viu o Senhor e viu que Ele era Santo; b) No mesmo instante que ele viu a Deus, viu a si mesmo como impuro, e; c) Isaías primeiro viu seu pecado, viu que era homem de lábios impuros para, depois, testificar que o povo também tinha impuros lábios. Caso a nossa primeira reação é: eu conheço pessoas impuras, demonstramos estar totalmente cegos quanto ao engano do nosso próprio coração. Nossa primeira reação não deve ser apontar o dedo para os outros, mas sim, primeiramente, de ver que nós mesmos somos impuros.
Aprendemos então que nosso Deus é Santo e que somos pessoas que precisam ser diariamente purificadas pelo Senhor; que primeiro devemos nos preocupar com nosso pecado e não, com os pecados dos outros. Mas, a lição principal é que quando Deus se revela à nós, Ele também revela nosso coração para nós mesmos. E por ter Se revelado primeiro, não ficamos desesperados quando Ele nos mostra quem realmente somos, mas no faz amá-Lo e estar disposto a servi-Lo corretamente. Precisamos destas duas verdades sempre diante dos nossos olhos: Deus é Santo e nós somos impuros, mas Ele quer purificar-nos a cada dia. João Calvino já disse: “Quase toda a sabedoria que possuímos, isto é, a sabedoria verdadeira e correta, consiste em duas partes: o conhecimento de Deus e de nós mesmos” (As Institutas, Vol. I, pag. 35). Blaise Pascal refletindo sobre este assunto concluiu que “conhecer a Deus e, no entanto, desconhecer o nosso próprio estado desprezível produz orgulho; compreender a nossa miséria e nada conhecer sobre Deus é mero desespero; mas, se chegarmos ao conhecimento de Jesus Cristo, encontraremos nosso verdadeiro equilíbrio, pois lá encontramos tanto a miséria humana quanto Deus”. Quanto menos conhecemos a Deus, menos conhecemos realmente a nós mesmos e por isso nos achamos bons e merecedores do amor de Deus; e quanto mais conhecemos o Senhor, mais vemos nossa pecaminosidade e impureza e ao mesmo tempo, o grande e incondicional amor de Deus. 

                                                                        Alexandre Pereria Bornelli

Nenhum comentário: