PENSAI NAS COISAS DO ALTO

sábado, 12 de abril de 2008

OS OPOSTOS QUE NÃO SE ATRAEM

A maioria dos que procuraram conselho com relação a escolha de sua futura esposa (o), provavelmente foram aconselhados pelos mais experientes com a seguinte afirmação: os opostos se atraem. Livros foram escritos e palestras já foram realizadas neste sentido. É necessário que saibamos conviver com as diferenças que, via de regra, existem entre o casal. Celebrar as diferenças é o grande desafio da vida relacional. No aspecto da vida natural, isto é saudável e precisamos realmente aprender a tirar os proveitos que estas diferenças trazem para o relacionamento para que um ajude o outro e ambos sejam amadurecidos.
Entretanto, esta máxima - os opostos se atraem - não pode ser aplicada em nossa vida espiritual. Ao tratarmos da vida cristã, comparada com a vida do mundo, vemos que são vidas extremamente opostas entre si. A possibilidade de conciliá-las e de celebrar as diferenças é algo pecaminoso porque a Bíblia condena (Tg 4:4). A vida com Deus e a vida com o mundo são completamente distintas. Uma nada tem a ver com a outra. Trata-se de luz e trevas.
A Bíblia está repleta de exemplos e exortações claras a respeito da total diferença que há entre Deus e o mundo. Somos ensiandos em Colossenses 1:13 que "Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho seu amor." Também Tiago, em sua carta, capítulo 4, verso4, afirma: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. A exortação de Tiago é um alerta contra a infidelidade espiritual. Uma repreensão severa para aqueles que pensam poder conciliar Deus e o mundo. Calvino diz: "Tiago os chama de adúlteros porque eles se corromperam com as vaidades deste mundo". Infiéis, para Tiago, tem o mesmo sentido do alguém que trai o cônjuge. Augustus Nicodemus Lopes em sua interpretação sobre o Livro de Tiago, editora Cultura Cristã, pag. 124, afirma: "O termo infiéis aqui, portanto, se refere à quebra dos votos e compromissos assumidos por ocasião da conversão e do batismo, em que os cristãos haviam jurado que seriam de Deus e que o serviriam. O adultério espiritual deles se constituía no fato de que, sendo cristãos e pertencendo a Deus pela aliança, estavam amando exatamente aquele que é o inimigo de Deus - não compreendeis que a amizade como mundo é inimiga de Deus? A 'amizade do mundo' significa 'amizade ao mundo' ou 'amizade com o mundo' (NVI)." O que Tiago está nos deixando muito claro é que não podemos viver bem amando a Deus e ao mundo. O perigo é pensarmos que o mundo é um lugar neutro, que tanto faz amar o mundo ou não, desde que eu ame a Deus também. A primeira objeção a isto é que é impossível amarmos os dois, ou amamos a Deus ou amamos o mundo. A segunda objeção é que o mundo não é um lugar neutro, ao contrário, ele jaz no maligno (Jo 12:31; IJo 5:19). É prudente então nos perguntar se queremos ainda quer ser amigos do mundo depois desta advertência de Tiago? Caso queiramos, então estamos declarando nossa inimizade com Deus. Não há como concluir de outra forma! É a Palavra de Deus quem afirma esta verdade. Estejamos cientes do que as Escrituras dizem sobre o que Deus fará no juízo aos que se tornarem seus inimigos. Somos ensinados que: "tu destróis todos os que são infiéis para contigo" (Salmo 73:27; Lc 19:27 e Hb 10:31).
Ora, a princípio a exortação de Tiago mais nos deixa indignados com o aparente excesso de zelo espiritual do que propriamente, nos exorta sobre a importância de amarmos somente a Cristo. Isso, porque ela toca em nossa "ferida", em nosso ponto fraco - nosso coração espiritualmente infiel. Achamos até que Tiago está sendo muito radical e se assemelhando a um fanático religioso ao dizer que nossa amizade com o mundo nos torna inimigos de Deus, quando na verdade, nós é que somos cristãos divididos e infiéis a Deus. Tentamos, em vão, dar um jeitinho brasileiro ao tentar viver com um pé no mundo e outro na igreja.
Completando a idéia que os opostos não se atraem, temos o ensinamento de Paulo, em II Coríntios 5:17: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”. Os que já nasceram de novo são novas criaturas. Ou seja, não são mais criaturas do mundo, não amam mais o mundo, não pertencem mais ao mundo (ao menos não deveriam). Vemos aqui outro ponto que torna inconciliável a vida cristã com a vida do mundo. Os que já nasceram de novo, formam o grupo das novas criaturas. Estas, portanto, não podem mais viver como viviam antes, “segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos...” (Ef. 2:3). E, como uma nova criatura, separada por Deus, poderá continuar amando as coisas do mundo, inerentes da velha criatura?
A Bíblia é tão clara ao enfatizar que não há harmonia nenhuma e nem mesmo pode haver, entre a vida cristã e a vida mundana. Contudo, insistimos inúmeras vezes viver divididos entre Deus e o mundo, tentando provar que a Bíblia está errada. Alguém já disse: “pior que um mundano declarado, é um crente divido”.
Como vimos, a exortação de Paulo que combate frontalmente este estilo pecaminoso de vida é severa: “ E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente...” Não conformar aqui é simplesmente não tomar a forma, não se amoldar ao mundo. Como nós, que já nasceu de novo, que já é nova criatura em Cristo, está vivendo hoje? Insistimos em conciliar as coisas do mundo com as coisas de Deus? Pensamos ser possível viver com um pé na igreja e outro no mundo? Tentamos conciliar festas e igreja? Impureza e santidade? Oração e palavrão? Leitura da Bíblia e leituras pornográficas? A esses, a Bíblia chama de adúlteros e infiéis.
Augustus Nicodemus extrai uma preciosa lição de Tiago 4:4, ao dizer que "ser amigo do mundo é uma decisão pessoal - 'aquele pois que quiser...'. Ou seja, ninguém é culpado por nossa amizade com o mundo. Nada justifica nossa infidelidade e nosso adultério espiritual para com Deus! Somos nós mesmos os infiéis e adúlteros, porque o pecado tem o origem em nosso coração depravado, conforme o própria ensinamento de Tiago no cap. 1 versos 13 a 15.
Paulo, escrevendo na carta de Tito, cap. 2: 11 e 12, nos dá uma profunda visão de como o crente deve viver neste mundo. Leiamos atentamente este texto: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no presente século, sensata, justa e piedosamente...” É assim que temos vivido? Temos renegado as paixões mundanas, ou temos abraçado todas elas? Temos desistido de programas e ambientes impuros onde reina a bebedice, sensualidade, confusão e todo tipo de bagunça? Temos visto que a vida cristã e a vida do mundo são irreconciliáveis? Amigos de Deus e inimigos do mundo, ou amigos do mundo e inimigos de Deus, qual a nossa situação?
Finalmente, a exortação do apóstolo João é muito bem-vinda e oportuna a todos nós. Que estas sábias palavras possam ainda, encontrar terreno fértil em nosso coração para que produza frutos dignos de arrependimento para a honra e glória do nosso Senhor Jesus.

“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo quanto há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem com as suas concupiscências; aquele, porém, que faz a vontade de Deus, permanece eternamente.” (I João 2:15 a 17).

alexandre pereira bornelli

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