PENSAI NAS COISAS DO ALTO

sexta-feira, 25 de abril de 2008

AOS POUCOS

Nenhum perigoso ladrão conquistou seu espaço no mundo do crime da noite para o dia. Nenhum homem “de bem” acordou um dia e saiu cometendo os mais bárbaros crimes. As coisas foram acontecendo devagar, aos poucos. Foi preciso ganhar experiência em roubos menores. Foi preciso até mesmo perder o medo e a vergonha de roubar. E, com o tempo, um pequeno roubo já não mais era suficiente. Era preciso ir para o seqüestro, latrocínio, homicídio, estupro, etc.
Assim somos nós, vis pecadores desde o ventre materno. Nenhum de nós acorda e fala de repente: “vou me envolver na bebida, nas drogas, na prostituição, na mentira, vou adulterar etc”. O princípio aplicado ao ladrão é o mesmo aplicável a nós cristãos. Aos poucos deixamos de ler e meditar na Palavra todos os dias, aos poucos abandonamos nossa vida de oração, aos poucos perdemos o temor de Deus, aos poucos perdemos a vergonha de não mais nos dedicarmos ao Senhor, aos poucos vamos quebrando princípios de Deus, aos poucos abandonamos a reunião da igreja, aos poucos nos distanciamos da companhia e do convívio dos irmãos, aos poucos os valores bíblicos que eram nosso referencial para viver passam a ser desprezados e até ridicularizados, aos poucos nos atolamos no lamaçal de um pecado aqui, outro ali, aos poucos perdemos o discernimento espiritual entre o santo e o profano, do que é de Deus e do que é do mundo. Conta-se que para matar um sapo, basta coloca-lo numa vasilha ao fogo com água a temperatura normal, e deixa-lo lá até a água começe a ferver, matando-o sem qualquer resistência. Nesse processo de aquecimento aos poucos da água, o sapo não percebe o perigo que está e não toma nenhuma atitude de sair de lá, vindo a morrer. Se jogarmos o sapo na água fervente, ele pulará da água no mesmo instante. Assim também acontece com os cristãos com relação ao pecado. Vamos indo, caminhando e curtindo o pecado e, quando nos damos conta, já estamos imersos, enredados e sujos. Se alguém de repente nos convida para praticar algum pecado evidente e notório, muitas vezes iremos nos assustar e arredar os pés. Mas, a estratégia de Satanás é criar uma situação aparentemente agradável com o convite para pecarmos, a fim de que não percebamos o grave perigo que estamos correndo e para onde estamos sendo arrastados. É sobre isto que nos adverte o Salmo 1º. Vejamos os degraus da decadência que nos leva para longe de Deus descritos ali. Tudo começa com uma perguntinha: "que mal tem em fazer isso". Veja o grande mau que vamos causando com nossa negligência em irmos aos poucos amando o mundo e nos enraizando nele. Analisemos os três degraus decadentes que o Salmo primeiro nos mostra. Primeiro, não devemos andar no conselho dos ímpios. Você pode se perguntar: "mas que mal tem andar com aquela turminha?". Tem muito mal. Os ímpios não temem a Deus e não estão nem um pouco preocuados com a santidade e com o agradar a Deus. Para eles, Deus não existe. Veja então o próximo passo de quem anda no conselho dos ímpios. O segundo degrau nos diz que não devemos nos deter nos caminhos dos pecadores. Ora, deter é parar, é concordar com os caminhos dos pecadores. Primeiro, escutamos seus conselhos e depois, passamos a andar em concordância com os pecadores. Ainda não satisfeito, você novamente se pergunta: "mas, que mal tem fazer programas, de andar, de sair e curtir a vida com aquela turminha da faculdade, da escola, do serviço?". Veja aonde estes dois degraus anteriores nos levam. Em terceiro, não devemos nos assentar na roda dos escarnecedores. Neste momento, ao nos assentarmos com os ímpios, com aqueles que escarnecem Deus, compartilhando do nosso tempo, de suas amizades, desfrutando dos prazeres carnais inerentes aos que não conhecem a Deus, já é um evidente sinal de que fomos seduzidos e enredados pelo pecado. Estamos na"água fervente" pensando estarmos em boa situação. Não que devemos ignorar, no sentido de ser mal educados com as pessoas que não crêem em Deus. Antes, devemos amá-los e pregar o evangelho de Cristo. Porém, o que de costume acontece, infelizmente, é que somos influenciados pelo mundanismo deles, nos afastando do Senhor, da igreja e dos irmãos, ao invés de trazê-los a Cristo. Foi isso que aconteceu também com Pedro. Ele foi aos poucos enfraquecendo sua fé ao ponto de negar o Senhor Jesus 3 vezes quando perguntado se era um dos discípulos. E logo Pedro que se achava tão fiel a Deus! O coração de Pedro é o mesmo coração nosso, enganoso e inclinado para o mundo, para o pecado. Somente pela Graça de Deus é que temos condições de evitar o caminho do mundo e do pecado.
Afinal, é aos poucos que vamos tomando a forma do mundo e que acabamos por nos conformar com este século, quando não deveríamos fazê-lo (Rm 12:2). Tente lembrar o momento exato em que você começou a distanciar-se de Deus. Pergunte a si mesmo qual o local exato da ruptura da intimidade com Deus em sua vida. Provavelmente você não se lembrará exatamente. Poderá, quem sabe, se lembrar dos primeiros pecados cometidos que desencadearam numa vida imersa no pecado. Mas tente saber com exatidão quando você começou a negligenciar sua vida com Deus, a importância da santidade e da pureza. Aos poucos, e sempre é aos poucos, que vamos negligenciando a leitura e a meditação na Palavra. Com isso, nosso coração vai se tornando frio e insensível para com as coisas de Deus, pois está seduzido pelas coisas do mundo. Daí por diante, a queda ao mudanismo é livre e inevitável. Com isso, trocamos os valores de Deus pelos valores do mundo; a reunião da igreja por reunião em barzinhos, festas e bailes; amizades cristãs por amizades mundanas; a Bíblia pela novela e pelo o que eu acho melhor; a obediência a Deus pela obediência ao mundo; o dia pela noite; a vida santa pela vida marcada por pecados não confessados; a pureza pela sujeira; o certo pelo errado; a oração pela reclamação; a verdade pela mentira; a inocência pelo cinismo e a sensibilidade a Deus pela dureza do coração. Essas e tantas outras características de um coração afastado de Deus são péssimas trocas que fazemos constantemente por negligenciarmos o Espírito Santo que sinaliza em nosso coração que estamos em pecado e que nossa intimidade com Deus está prejudicada. Só nos resta arrepender e confessar os pecados. Mas, muitas vezes, continuamos duros e cínicos e por isso, caminhamos de mal a pior.
Portanto, devemos observar nossa vida cristã agora à luz da Palavra de Deus, a fim de sabermos como está nossa vida de oração, de leitura da Palavra, de comunhão com Deus e de freqüência às reuniões da igreja. Estamos indo aos poucos para longe de Deus com o nosso viver diário? Analisemos nossas amizades, os ambientes onde estamos freqüentando e nosso linguajar. Temos tipo pensamentos sobre a volta de Jesus, sobre a importância da integridade na vida cristã e sobre o amor a Deus? Não há como fugirmos dessas verdades. A única saída para o cristão é suplicar pela misericórdia de Deus, pedindo que nos convença dos nossos pecados, levando-nos ao genuíno arrependimento que, inevitavelmente, no fará retornar ao caminho da consagração, da santidade, da separação do mundo, do arrependimento e da obediência à Santa Palavra de Deus. A volta também deve ser aos poucos e sempre, retornando diariamente nossa busca pela Verdade, santidade e pureza em todas as áreas da nossa vida. Cuidemos, pois é aos poucos que vamos nos afastando de Deus assim como somos afastados da praia pela correnteza do mar.
Alexandre P. Bornelli

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