PENSAI NAS COISAS DO ALTO

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Evitando a contenda

Relacionamentos não são fáceis de serem mantidos corretamente, mas são possíveis. A fonte maior de contendas entre os irmãos é fruto do mau uso da língua e, consequentemente, das palavras. Tiago capítulo 3 merece ser lido pois é farto em nos exortar com relação ao perigo da língua. Também em Efésios 4:25, Paulo faz a seguinte orientação: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e, sim, unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e assim transmita graça aos que ouvem”.
Seja nos relacionamentos conjugais, entre pais e filhos, entre amigos, parentes, no ambiente social, de trabalho e na vida da igreja, estamos vulneráveis a atritos com as pessoas. Somos diferentes, pensamos diferentes, temos hábitos diferentes, nossas preferências não são as mesmas, nosso modo de vestir, falar, se comportar, criar os filhos, de nos divertir, de nos expressar, são heterogêneos. E não há um milímetro de erro nisso. O problema está no fato de querermos padronizar as pessoas usando-nos como o modelo a ser seguido. Quando nós mesmos queremos mudar as pessoas estamos sendo soberbos. Quando criticamos e atritamos com alguma pessoa por algo que ela fez, faz ou deixa de fazer estamos dizendo, com nossas atitudes, que jamais faríamos o mesmo. Nos colocamos acima deles e então, a crítica e os atritos aparecem naturalmente. Sentenciamos que tal pessoa é muito imatura, egoísta, grossa, cínica, invejosa, falsa e, por nos acharmos livres destes pecados, passamos a criticá-los. Não nos damos conta de que em nosso coração também mora “os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba e a loucura”, conforme a lista de Marcos 7:21 e 22. Com esta soberba instalada em nosso coração, nasce em nossa língua as críticas, intrigas, fofocas, falatório inútil e seus derivados. É a Bíblia que afirma que a “a boca fala do que está cheio o coração”! Em Provérbios 26: 20, 21 também somos exortados: “Sem lenha, o fogo se apaga, e, não havendo maldizente, cessa a contenda. Como o carvão é para a brasa e a lenha para o fogo, assim é o homem contencioso para acender rixas." Por natureza somos acendedores de rixas e contendas, maldizentes e contenciosos. Como diz Tiago 3, se conseguíssemos frear nossa língua do mal evitaríamos muitas rixas. Porém, falamos mal das pessoas com muita facilidade e, às vezes, sob o disfarce de estarmos apenas comentando algo. Contudo, nossa motivação que é conhecida por Deus, muita vezes é maligna. Realmente, somos contenciosos e rápidos para começarmos ou alimentarmos uma rixa, como o álcool é para acender o fogo. Gastamos muita saliva e tempo destruindo amizades por invejas; estragando relacionamentos por fofocas e criticando as pessoas por nos acharmos melhores do que elas.
Que Deus tenha profunda misericórdia de cada um de nós e nos dê genuíno arrependimento para que amando mais a Ele possamos também, consequentemente, amar mais o nosso próximo. A prova que amamos a Ele e ao próximo é o fato de usarmos nossas palavras para glorificá-Lo e edificar a vida das pessoas. Perguntemo-nos sempre: “Senhor, isso traz edificação para o seu reino? Isso edifica os irmãos?” Quando começarmos a obedecer mais este mandamento de não falar mal, de não gerar contendas e falar coisas edificantes, iremos progredir na vida cristã. Espiritualidade genuína é aquela capaz de ir transformando nossos relacionamentos, nosso falar, agir e pensar. Podemos escrever livros, dar palestras, estudos bíblicos, mas se nossa família e nossos irmãos estão sendo alvos de nossas críticas, rixas e contendas, nossa espiritualidade é falsa. Ninguém melhor para medir nossa espiritualidade do que nosso cônjuge e família que convivem o maior tempo conosco. Perguntemos a eles se somos contenciosos, críticos e rixosos ou se falamos palavras que edificam e perdoam, que destilam amor e misericórdia. Só não podemos, dependendo da resposta, causar novas rixas. Já disse João Calvino: “Somos capazes de cometer todos os pecados do nosso próximo a não ser que a Graça de Deus nos contenha.”

Alexandre Pereira Bornelli

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