PENSAI NAS COISAS DO ALTO

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Vergonha ou vantagem?

A vida do cristão deve ser marcada de forma inconfundível pelo antes e o depois da conversão. Antes, vivíamos para satisfazer “a vontade da carne e dos pensamentos pois éramos por natureza, filhos da ira” (Efésios 2). Depois da conversão, porém, a nova vida deve ser marcada por uma busca pela santidade e pelo prazer em fazer a vontade do Senhor Jesus. E algo que evidencia a real conversão é o fato de que não sentimos saudades ou não contamos vantagens sobre a vida que vivíamos antes de sermos ganhos pelo Senhor.
É justamente isto que aprendemos com o apóstolo Paulo em Romanos 6:20 a 23. Na primeira parte do texto, versos 20 e 21, Paulo diz: “Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça. Naquele tempo que resultados colhestes? Somente as coisas de que agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte”. Diz João Calvino que “o apóstolo reitera a distinção entre o jugo do pecado e o (jugo) da justiça que mencionara anteriormente. Pecado e justiça são tão opostos uma ao outro, que qualquer pessoa que se devote a um deles, também deve ficar longe do outro.” Paulo nos ensina que antes de sermos salvos por Cristo não éramos livres, como muitos pensam, para fazer o que queríamos. Ao contrário, estávamos sob o comando do pecado, assim como estão aqueles que ainda não foram salvos. Trata-se de uma falsa liberdade. Por este motivo é que Paulo diz que a vida passada resultou em vergonha e morte. Aprendemos aqui que os verdadeiros cristãos jamais devem se gloriar da vida passada. Contar vantagens da época em que era escravo do pecado evidencia uma falsa salvação. Paulo ensina justamente o contrário. O que antes era motivo de orgulho, hoje é motivo de vergonha. João Calvino comentando Romanos, pag.231, diz: “Tão logo os fiéis começam a receber a iluminação do Espírito de Cristo e a pregação do Evangelho, também espontaneamente reconhecem que toda sua vida pregressa, a qual viveram sem Cristo, é de fato digna de condenação. Em vez de desculpar-se, na verdade, execram a si mesmos. Na verdade vão ainda mais longe, ou seja: sentem em suas mentes contínua desdita, de tal modo que, envergonhados e confusos, sincera e voluntariamente se humilham diante de Deus”.
Completando sua exortação, nos versos 22 e 23 temos Paulo falando a respeito da vida após a conversão. Assim ele diz: “Agora, porém, libertos do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação, e por fim a vida eterna; porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor”. Que contraste entre o passado e o presente! Antes estávamos cegos com relação a graça de Deus, por isso sentíamos orgulho e prazer no pecado. Agora, não mais deve ser assim. Paulo agora enfoca totalmente no presente, na vida que foi ganha por Cristo. A questão não é que não pecamos mais, pois ainda cometemos pecado. Mas, que não somos mais escravos pecado! Fomos libertos da servidão do pecado, para servirmos ao Senhor. Fica claro pelo texto, que com a salvação houve uma mudança de senhorio. Antes servíamos o pecado, agora, porém, servimos a Deus! Isso nos ensina que não fomos salvos para nós mesmos, para vivermos do jeito que desejamos. O mesmo Paulo fala aos Coríntios: “Não sois de vós mesmos, porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.” (I Co 6:19,20; também em Rm 7: 4, 5,6 e II Cor. 5:16). Como conseqüência dessa nova vida a serviço de Cristo, temos a santificação que passa a ser nosso objetivo diário. E, por fim, Paulo faz um comparativo dos salários da vida antes e depois da conversão. A vida de antes tem como salário a morte, ou seja, o afastamento de Deus. A vida após a salvação tem como salário o dom gratuito de Deus, a saber, a vida eterna em Cristo Jesus. Paulo esclarece este ponto enfatizando que a vida eterna é um dom gratuito de Deus! Os méritos são todos do Senhor.
Diante disto, devemos refletir se porventura, temos tido saudades daquela época que vivíamos longe de Deus, escravos do pecado. Ainda contamos vantagens da vida que tínhamos antes de termos sido encontrados por Cristo? Temos experimentado a libertação do pecado em nossa vida? Perseguimos a santidade dia após dia? Responder a estas perguntas é fundamental.

Alexandre Pereira Bornelli

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