PENSAI NAS COISAS DO ALTO

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Seguros estamos nas mãos de Deus


Quando estou passeando com meu filho a pé, ele tem 3 anos, sempre procuro segurar na mão dele pra evitar um imprevisto ao atravessar a rua, por exemplo. Embora estejamos de mãos dadas, percebo que ele está andando distraidamente sem se preocupar em segurar firme na minha mão, pois sabe que estou segurando firme na mãozinha dele. Isto o dá segurança.
Com Deus é a mesma coisa. Não temos condições de segurar em “Sua mão”. Embora insistamos em cantar “segura na mão de Deus, pois ela te sustentará...”, precisamos crer que isto não é possível. Deveríamos mudar a letra e cantar, “seguro estou nas mãos de Deus". Afinal, somos incapazes, por nós mesmos, de nos manter seguros nas “mãos” de Deus. O humanismo tenta nos convencer que conseguimos segurar firmes na mão de Deus, pois isto traz mérito ao homem. Por toda a história do povo de Israel vemos o contrário, ou seja, que foi a mão de Deus que os sustentava, segurava e provia todas as coisas, apesar das infidelidades e pecados insistentes do povo. Isso é confirmado em Isaías 41:13: “Porque eu, o Senhor teu Deus, te seguro pela tua mão direita; e te digo: Não temas; eu te ajudarei”. Esta é também a nossa história!Precisamos crer realmente que é Deus quem segura a nossa mão, quem sustenta a nossa vida e não, o contrário. Embora estejamos de “mãos dadas” com Deus, metaforicamente falando, nossa mão está sendo totalmente segura pela dEle. Não temos capacidade de segurar nas “mãos” do Senhor. É ele quem rege e nos guia a cada passo, nos segurando pela mão. Isto quer dizer que dependemos do Senhor a cada segundo e para todas as coisas. Graças a Deus que não somos nós que estamos segurando na “mão” dEle e, sim, que estamos sendo segurados pela sua “mão”! Isto é pura misericórdia do Senhor, pois se Ele deixasse para que segurássemos em sua “mão” estaríamos perdidos. Crer nessa verdade é fundamental, pois quem acredita que está segurando na “mão” de Deus, acredita também que ele e Deus contribuem para seu cuidado conjuntamente. Ora, isto fere a Cruz, a soberania e a providência total do Senhor em nossas vidas. Humanamente, isto pode trazer alegria ao coração de muitos, porque pensam ter méritos por estarem segurando nas “mãos” de Deus. A glória é então dividida entre o homem e Deus. Isso ofende diretamente a Cruz de Cristo e sua glória absoluta sobre nossas vidas. De outro lado, falar que estamos sendo totalmente seguros pela boa “mão” de Deus, afeta nosso orgulho, nosso eu e nossa estrutura. E foi para isso que Cristo veio em nossas vidas. Porém, enaltece a Cruz e dá toda glória ao Senhor. Isto é o evangelho!
Portanto, creiamos que é somente Deus quem nos sustenta e segura nossa “mão”, exercendo total controle e sustento em nossas vidas. Estamos seguros em Cristo graças à sua poderosa “mão” que não solta da nossa. Do contrário, a muito estaríamos à deriva neste mundo mal e perverso! Seguros estamos nas mãos de Deus!
Alexandre Pereira Bornelli

terça-feira, 28 de julho de 2009

Se Deus não me escolhesse

"Creio na doutrina da eleição porque tenho absoluta certeza que, se Deus não me escolhesse, eu jamais O escolheria. Tenho certeza que Ele me escolheu antes de eu nascer, ou do contrário nunca me escolheria depois disso." Charles Haddon Spurgeon

Não há o que acrescentar a esta maravilhosa verdade acima transcrita. Então, vamos pensar um pouco nos preciosos ensinamentos que ela nos ensina. Comecemos então nos perguntando se alguém tem condições, por si próprio, de escolher Deus como Senhor e Salvador de sua vida?
Segundo as Escrituras, a depravação do ser humano foi total. Numa linguagem securitária, o pecado causou perda total em todos nós. Não há a mínima possibilidade de sermos reaproveitados, pois tudo foi severamente marcado e danificado pelo pecado. Precisamos nascer de novo, sermos feitos novas criaturas, deixando as coisas velhas para trás (II Cor. 5:17). A Bíblia mesmo diz que “não há um justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há um sequer.” (Rm 3:10 a 12).
Talvez não estejamos convencidos pelo Espírito Santo sobre nossa condição conforme descrito em Romanos, a ponto de honestamente concordar com o texto Bíblico e com o depoimento pessoal de Spurgeon. Quem sabe nosso orgulho pecaminoso esteja tão ativo que nos deixa cegos a respeito de nós mesmos, fazendo-nos crer que tivemos méritos na salvação. Quem sabe, pensamos que fomos nós que escolhemos e aceitamos a Jesus; que fomos nós que O buscamos primeiro, que O encontramos, quando na verdade foi o contrário que aconteceu. Foi Ele quem nos aceitou, encontrou e nos amou primeiro (I Jo. 4:19). A Bíblia diz em II Coríntios que "tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo...". Isto, Ele fez unicamente por Sua graça, antes da fundação do mundo. Tudo provém de Deus! Spurgeon cria na sua incapacidade de ir a Cristo e de O escolher. Ele realmente cria que foi escolhido por Deus e que esta escolha foi feita antes da fundação do mundo, o que demonstra que não foi por nada que ele tenha feito e muito antes dele a desejar. Ele ainda afirma que se fosse para Deus o escolher depois de seu nascimento, Deus jamais o faria, porque não veria motivo algum, como não viu ao escolhê-lo antes também. Mas, o fato de o ter escolhido antes da fundação do mundo, como o fez com todos os eleitos seus, foi para deixar sem qualquer dúvida que tal salvação foi puramente um ato da misericórdia e da soberana vontade de Deus. Precisamos realmente crer nessas verdades urgentemente, e sermos eternamente gratos por ela.
Acaso temos vivido ainda pensando além do que convém a respeito de nós mesmos? Temos enchido o peito de orgulho por ternos sido escolhidos por Deus, como enchemos quando somos escolhidos para ser titular de um time de futebol por jogarmos bem, ou para alguma vaga em algum emprego? Ali, pode ter sido por mérito nosso (embora tudo esteja dentro da vontade de Deus). Contudo, com respeito a nossa salvação, foi tão somente pela graça maravilhosa do Senhor. Tudo provém de Deus! Em Mateus 11:25 e 26 lemos que Deus se revela a alguns e se oculta a outros. Isso é soberania absoluta e eleição total! E porque Deus age assim, perguntamos indignados com nossa justiça (que não passa de um trapo de imundícia)? O verso 26 dá uma maravilhosa explicação: “Sim, ó pai, porque isso foi do seu agrado”. Ou seja, foi da vontade absoluta e soberana de Deus se ocultar a alguns e se revelar a outros. Isto espanca qualquer mérito nosso, pois todos nós merecíamos o inferno e nem todos vamos para lá, porque foi do agrado do Senhor escolher uns e não outros. Não sabemos o porquê disso. Ninguém explica esse e tantos outros mistérios registrados na Bíblia, afinal, “quem compreendeu a mente do Senhor, ou quem foi o seu conselheiro...”? (Ler também Rm. 9:20; 11:33 a 36 E Dn. 4:35). Então, só nos resta orar em gratidão e com toda humildade como fez Salmista no Salmo 139:6, quando disse que “tal conhecimento é maravilhoso demais para mim, sobremodo elevado que não posso atingir”. Assim sentenciou nosso Deus em Isaías 55:8: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos”. Martinho Lutero disse: "não conheço muitos caminhos que Deus me faz andar, mas conheço muito bem o meu guia", e isso nos basta. Somos chamados a crer sempre e, em alguns casos, a entender também. Somente Deus entende Deus. Somos seres humanos e assim o seremos para sempre, o que deve nos colocar em nosso devido lugar como criaturas limitadas diante de um Deus ilimitado e soberano. João Calvino, na Exposição de Romanos (Rm 8:7), página 267, diz que "...a vontade humana é em todos os aspectos oposta à vontade divina, pois assim como há uma grande diferença entre nós e Deus, também deve haver entre a depravação e a retidão."
Só nos restar em oração, suplicar para que o Espírito Santo quebrante nosso coração (Isaías 57:15), nos convencendo genuinamente destas verdades: que fomos escolhidos por Deus, que foi Ele que nos aceitou incondicionalmente, que não tínhamos condições alguma de O escolher e que essa escolha dEle foi antes da fundação do mundo, do contrário, como diz Spurgeon, Ele jamais nos escolheria. Tenhamos a certeza que se Deus não nos escolhesse primeiro, nós também jamais o escolheríamos.
Alexandre Pereira Bornelli

domingo, 19 de julho de 2009

Pequenos reparos

Os casados vão me entender melhor. Sabe aquele dia que você tirou pra descansar, pra não fazer nada? Então, justamente neste dia que você está de "jáque" aparece muitas tarefas pra se fazer em casa. Lembra-se daquelas coisinhas que você disse pra sua esposa que ia dar um jeito? Então, chegou o dia! De repente, sua esposa te ve esparramado no sofá ou andando à toa pra lá e pra cá, afinal é feriado ou fim de semana mesmo e, carinhosamente, diz: "benhê, 'jáque' você não ta fazendo nada, pendura esses 12 quadros na parede pra mim, depois, arruma a torneira da pia, o abajur, o jardim, o varal, etc?" E assim vai o fim de semana todo, "jáque" você não estava fazendo nada mesmo. Engraçado que são pequenas coisas, pequenos reparos que você nâo notava que faziam tanta falta, até arrumá-los. Essas pequenas coisas estragadas bagunçam o andamento da casa, tornando as atividades do lar mais complicadas. O homem não dá muito valor em vaso a ser pendurado, em torneira pingando (desde que nao encareça muito a conta de água), em pendurador de toalhas quebrado, em falta de varal, etc. Mas, as mulheres dão o devido valor e com razão. Em contrapartida, quando a geladeira (principalmente), a internet (essa então é prioridade) ou a TV (indispensável pra você) estragam, imediatamente são arrumados ou trocados por novos, antes mesmo de sua mulher ter percebido que estragaram. Mas, as demais coisas da casa, que fazem parte da enorme lista feminina sem tanta importância para os homens, sempre são deixadas pro último segundo, do último minuto, da última hora, do último dia do prazo, injustamente. A regra é que priorizamos arrumar as coisas mais significantes e as que julgamos ser de maior valor pra nossa comodidade.
A mesma coisa acontece em nossa vida cristã. Damos mais atenção e tentamos resolver os "grandes" pecados, as grandes faltas, as desavencas mais notórias que julgamos particularmente mais graves. Isto é bom, mas não é tudo. Não são das grandes coisas que estamos falando e, sim, das pequenas, das coisinhas do nosso dia-a-dia, dos "pequenos" pecados, das desavenças aparentemente insignficantes, das "mentirinhas", e por ai vai. São nestas que tropeçamos, embora não vejamos urgência em resolvê-las. Todavia, são essas mesmas "coisinhas" que travam a engrenagem da nossa vida diária, fazendo-nos viver com nosso relacionamento com Deus e com o próximo muito abaixo do nível do que deveríamos viver. Talvez não temos dado suficiente atenção para aquela "mentirinha", aquela piada com duplo sentido, aquele vocabulário sensual dito de vez enquando, para certas más companhias, certos programas de TV, certos vídeos do youtube, pois os julgamos inofensivos e praticados raramente. Contudo, estejamos certos de que Deus abomina tais "pecadinhos" mesmo que esporádicos, assim como abomina os "pecadões", pois ofendem igualmente Sua Santidade, além de fazer um grande mal à nossa saúde espiritual. Como já disse Willian Shaskepeare: "As pequenas mentiras fazem o grande mentiroso". Então, é hora de resolver os pequenos reparos em nossa vida cristã à Luz da Palavra de Deus.
Quem sabe você não consiga identificar um problemão, um "pecadão" hoje na sua vida que inspire urgente solução. Contudo, deve haver pequenos reparos em seu vocabulário, comportamento, costume, lazer, namoro, em seus relacionamentos em casa, na escola, na igreja, com os pais, filhos, marido, esposa, que precise ser consertado pra que a engrenagem da sua vida possa voltar a funcionar em paz e a perfeita comunhão com Deus, restaurada. Não nos enganemos, precisamos urgentemente nos arrepender das pequenas coisas também, a fim de podermos gozar de paz com Deus novamente.
Não desprezemos, não procrastinemos e não adiemos mais os pequenos reparos da nossa vida cristã para o próximo fim de semana, para o próximo feriado ou próximo acampamento de casais ou de jovens. Nem esperemos acumular uma porção de coisinhas para começarmos a resolver. Peçamos graça de Deus para fazermos todos os reparos em nossoa vida cristã hoje, dando contínua manutenção, fazendo os reparos que forem sendo necessários à luz da Palavra de Deus com um profundo e genuíno arrependimento.
ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI

terça-feira, 7 de julho de 2009

O fazendeiro e nós.

A passagem registrada em Lucas 12, a respeito do fazendeiro que teve uma colheita invejável, tendo enchido seus celeiros a ponto de ter que construir outros e dito a si mesmo: “Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te” serve de alerta a todos os cristãos, fazendeiros ou não.
Muitos cristãos tem se envaidecido por serem ricos, cheios de posses, com lucros recordes a cada mês. Vejam que não há problema em ser rico, ter posses, lucros etc. O problema está em se envaidecer, descansar e confiar a vida nisso esquecendo-se de que é algo passageiro, terreno. Além do que, Deus pode em questão de pouco tempo, nos fazer ficar sem as riquezas, seja tirando-as de nós ou, ou nos tirando dela (pela morte). Assim, de nada adiantará confiar em nossos celeiros ou contas bancárias, por melhores que estejam. Por outro lado, isto não quer dizer que não devamos ser diligentes em nossa profissão ou que seja errado ir bem financeirmente. O foco é onde está o nosso coração. Jesus chamou o fazendeiro de louco por estar confiando sua tranquilidade e sua vida, no que tinha colhido. A censura de Jesus não era porque ele era rico, mas porque confiava em sua riqueza.
Contudo, o foco desta devocional é no perigo de descansarmos e confiarmos numa outra “riqueza”; o conhecimento. Antes, falamos do perigo de confiarmos no celeiro cheio, agora, falamos do perigo de confiarmos no cérebro cheio. O que isto quer dizer? É algo sutil, mas precisa ser considerado. É imprescindível investirmos na leitura da Bíblia e algo muito bom, termos o bom hábite de ler bons livros cristãos, comentários bíblicos, etc. Contudo, podemos estar incorrendo no mesmo erro do fazendeiro, acumulando coisas e confiando nelas. Tanto a colheita do fazendeiro quanto nossa leitura são coisas boas em si mesmas. O erro está em como estamos lidando com elas. Podemos estar enchendo nosso cérebro de uma irretocável teologia, e apenas isso. Podemos estar confiando que isto basta diante de Deus, chegando a dizer: “Pronto, já li, já sei os 5 pontos do calvinismo, sei muito sobre a reforma e os reformadores, aprendi a criticar uma pregação, a ser rigoroso no que assistir e ler. Cérebro, tens em depósito muitos bens teológicos para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te”. Nossa confiança como cristãos tem sido apenas no conhecimento teológico correto? No tanto que temos armazenado de teologia em nossa mente? Nosso “filtro” crítico pode estar ativado, não deixando escapar quase nada que não esteja em perfeita harmonia com a boa teologia reformada, enquanto nossas vidas podem ainda estar em total desacordo com os padrões bíblicos. Isso é uma tragédia!! É a clássica questão teoria x prática, que Jesus sempre enfatizou citando como exemplo negativo os fariseus. Sejamos sinceros, quantos cristãos há que são leitores assíduos de comentários bíblicos, lêem Calvino, Spurgeon, A.W.Pink, John Piper, A. Tozer, Augustus Nicodemos, Herminstein Maia e apesar da ótima leitura que fazem e que devem continuar fazendo, estão apenas armazenando tais conhecimentos sem suplicar que o Espírito Santo vivifique tais verdades em seus corações, para terem suas vidas transformadas a cada dia. Não podemos descansar no fato de estarmos com nossa mente cheia de informação teológica correta para, em seguida, sentar e ficar vivendo do jeito que estávamos. Seria a mesma atitude do fazendeiro que foi alertado por Jesus no fato de que estava confiando em algo que não era digno de confiança.
Jesus não é contra o celeiro e o cérebro cheios! Ele é contra confiarmos no que está dentro do celeiro assim, como é contra ficarmos confiantes apenas no tanto de teologia armazenada em nosso cérebro, sem que pratiquemos os princípios cristãos em nosso dia-a-dia, nos relacionamentos entre marido e mulher; pais e filhos; entre os irmãos, etc.
Observemos se nosso cérebro não está cheio e nosso coração vazio, para não ficarmos pensando que estamos seguros, enquanto, na verdade, estamos loucos, ou seja, tendo atitude insana, confiando em algo que não é digno de confiança.

ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI