PENSAI NAS COISAS DO ALTO

terça-feira, 7 de julho de 2009

O fazendeiro e nós.

A passagem registrada em Lucas 12, a respeito do fazendeiro que teve uma colheita invejável, tendo enchido seus celeiros a ponto de ter que construir outros e dito a si mesmo: “Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te” serve de alerta a todos os cristãos, fazendeiros ou não.
Muitos cristãos tem se envaidecido por serem ricos, cheios de posses, com lucros recordes a cada mês. Vejam que não há problema em ser rico, ter posses, lucros etc. O problema está em se envaidecer, descansar e confiar a vida nisso esquecendo-se de que é algo passageiro, terreno. Além do que, Deus pode em questão de pouco tempo, nos fazer ficar sem as riquezas, seja tirando-as de nós ou, ou nos tirando dela (pela morte). Assim, de nada adiantará confiar em nossos celeiros ou contas bancárias, por melhores que estejam. Por outro lado, isto não quer dizer que não devamos ser diligentes em nossa profissão ou que seja errado ir bem financeirmente. O foco é onde está o nosso coração. Jesus chamou o fazendeiro de louco por estar confiando sua tranquilidade e sua vida, no que tinha colhido. A censura de Jesus não era porque ele era rico, mas porque confiava em sua riqueza.
Contudo, o foco desta devocional é no perigo de descansarmos e confiarmos numa outra “riqueza”; o conhecimento. Antes, falamos do perigo de confiarmos no celeiro cheio, agora, falamos do perigo de confiarmos no cérebro cheio. O que isto quer dizer? É algo sutil, mas precisa ser considerado. É imprescindível investirmos na leitura da Bíblia e algo muito bom, termos o bom hábite de ler bons livros cristãos, comentários bíblicos, etc. Contudo, podemos estar incorrendo no mesmo erro do fazendeiro, acumulando coisas e confiando nelas. Tanto a colheita do fazendeiro quanto nossa leitura são coisas boas em si mesmas. O erro está em como estamos lidando com elas. Podemos estar enchendo nosso cérebro de uma irretocável teologia, e apenas isso. Podemos estar confiando que isto basta diante de Deus, chegando a dizer: “Pronto, já li, já sei os 5 pontos do calvinismo, sei muito sobre a reforma e os reformadores, aprendi a criticar uma pregação, a ser rigoroso no que assistir e ler. Cérebro, tens em depósito muitos bens teológicos para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te”. Nossa confiança como cristãos tem sido apenas no conhecimento teológico correto? No tanto que temos armazenado de teologia em nossa mente? Nosso “filtro” crítico pode estar ativado, não deixando escapar quase nada que não esteja em perfeita harmonia com a boa teologia reformada, enquanto nossas vidas podem ainda estar em total desacordo com os padrões bíblicos. Isso é uma tragédia!! É a clássica questão teoria x prática, que Jesus sempre enfatizou citando como exemplo negativo os fariseus. Sejamos sinceros, quantos cristãos há que são leitores assíduos de comentários bíblicos, lêem Calvino, Spurgeon, A.W.Pink, John Piper, A. Tozer, Augustus Nicodemos, Herminstein Maia e apesar da ótima leitura que fazem e que devem continuar fazendo, estão apenas armazenando tais conhecimentos sem suplicar que o Espírito Santo vivifique tais verdades em seus corações, para terem suas vidas transformadas a cada dia. Não podemos descansar no fato de estarmos com nossa mente cheia de informação teológica correta para, em seguida, sentar e ficar vivendo do jeito que estávamos. Seria a mesma atitude do fazendeiro que foi alertado por Jesus no fato de que estava confiando em algo que não era digno de confiança.
Jesus não é contra o celeiro e o cérebro cheios! Ele é contra confiarmos no que está dentro do celeiro assim, como é contra ficarmos confiantes apenas no tanto de teologia armazenada em nosso cérebro, sem que pratiquemos os princípios cristãos em nosso dia-a-dia, nos relacionamentos entre marido e mulher; pais e filhos; entre os irmãos, etc.
Observemos se nosso cérebro não está cheio e nosso coração vazio, para não ficarmos pensando que estamos seguros, enquanto, na verdade, estamos loucos, ou seja, tendo atitude insana, confiando em algo que não é digno de confiança.

ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI

Um comentário:

Oliveira disse...

Excelentes e oportunas palavras.