PENSAI NAS COISAS DO ALTO

terça-feira, 28 de julho de 2009

Se Deus não me escolhesse

"Creio na doutrina da eleição porque tenho absoluta certeza que, se Deus não me escolhesse, eu jamais O escolheria. Tenho certeza que Ele me escolheu antes de eu nascer, ou do contrário nunca me escolheria depois disso." Charles Haddon Spurgeon

Não há o que acrescentar a esta maravilhosa verdade acima transcrita. Então, vamos pensar um pouco nos preciosos ensinamentos que ela nos ensina. Comecemos então nos perguntando se alguém tem condições, por si próprio, de escolher Deus como Senhor e Salvador de sua vida?
Segundo as Escrituras, a depravação do ser humano foi total. Numa linguagem securitária, o pecado causou perda total em todos nós. Não há a mínima possibilidade de sermos reaproveitados, pois tudo foi severamente marcado e danificado pelo pecado. Precisamos nascer de novo, sermos feitos novas criaturas, deixando as coisas velhas para trás (II Cor. 5:17). A Bíblia mesmo diz que “não há um justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há um sequer.” (Rm 3:10 a 12).
Talvez não estejamos convencidos pelo Espírito Santo sobre nossa condição conforme descrito em Romanos, a ponto de honestamente concordar com o texto Bíblico e com o depoimento pessoal de Spurgeon. Quem sabe nosso orgulho pecaminoso esteja tão ativo que nos deixa cegos a respeito de nós mesmos, fazendo-nos crer que tivemos méritos na salvação. Quem sabe, pensamos que fomos nós que escolhemos e aceitamos a Jesus; que fomos nós que O buscamos primeiro, que O encontramos, quando na verdade foi o contrário que aconteceu. Foi Ele quem nos aceitou, encontrou e nos amou primeiro (I Jo. 4:19). A Bíblia diz em II Coríntios que "tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo...". Isto, Ele fez unicamente por Sua graça, antes da fundação do mundo. Tudo provém de Deus! Spurgeon cria na sua incapacidade de ir a Cristo e de O escolher. Ele realmente cria que foi escolhido por Deus e que esta escolha foi feita antes da fundação do mundo, o que demonstra que não foi por nada que ele tenha feito e muito antes dele a desejar. Ele ainda afirma que se fosse para Deus o escolher depois de seu nascimento, Deus jamais o faria, porque não veria motivo algum, como não viu ao escolhê-lo antes também. Mas, o fato de o ter escolhido antes da fundação do mundo, como o fez com todos os eleitos seus, foi para deixar sem qualquer dúvida que tal salvação foi puramente um ato da misericórdia e da soberana vontade de Deus. Precisamos realmente crer nessas verdades urgentemente, e sermos eternamente gratos por ela.
Acaso temos vivido ainda pensando além do que convém a respeito de nós mesmos? Temos enchido o peito de orgulho por ternos sido escolhidos por Deus, como enchemos quando somos escolhidos para ser titular de um time de futebol por jogarmos bem, ou para alguma vaga em algum emprego? Ali, pode ter sido por mérito nosso (embora tudo esteja dentro da vontade de Deus). Contudo, com respeito a nossa salvação, foi tão somente pela graça maravilhosa do Senhor. Tudo provém de Deus! Em Mateus 11:25 e 26 lemos que Deus se revela a alguns e se oculta a outros. Isso é soberania absoluta e eleição total! E porque Deus age assim, perguntamos indignados com nossa justiça (que não passa de um trapo de imundícia)? O verso 26 dá uma maravilhosa explicação: “Sim, ó pai, porque isso foi do seu agrado”. Ou seja, foi da vontade absoluta e soberana de Deus se ocultar a alguns e se revelar a outros. Isto espanca qualquer mérito nosso, pois todos nós merecíamos o inferno e nem todos vamos para lá, porque foi do agrado do Senhor escolher uns e não outros. Não sabemos o porquê disso. Ninguém explica esse e tantos outros mistérios registrados na Bíblia, afinal, “quem compreendeu a mente do Senhor, ou quem foi o seu conselheiro...”? (Ler também Rm. 9:20; 11:33 a 36 E Dn. 4:35). Então, só nos resta orar em gratidão e com toda humildade como fez Salmista no Salmo 139:6, quando disse que “tal conhecimento é maravilhoso demais para mim, sobremodo elevado que não posso atingir”. Assim sentenciou nosso Deus em Isaías 55:8: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos”. Martinho Lutero disse: "não conheço muitos caminhos que Deus me faz andar, mas conheço muito bem o meu guia", e isso nos basta. Somos chamados a crer sempre e, em alguns casos, a entender também. Somente Deus entende Deus. Somos seres humanos e assim o seremos para sempre, o que deve nos colocar em nosso devido lugar como criaturas limitadas diante de um Deus ilimitado e soberano. João Calvino, na Exposição de Romanos (Rm 8:7), página 267, diz que "...a vontade humana é em todos os aspectos oposta à vontade divina, pois assim como há uma grande diferença entre nós e Deus, também deve haver entre a depravação e a retidão."
Só nos restar em oração, suplicar para que o Espírito Santo quebrante nosso coração (Isaías 57:15), nos convencendo genuinamente destas verdades: que fomos escolhidos por Deus, que foi Ele que nos aceitou incondicionalmente, que não tínhamos condições alguma de O escolher e que essa escolha dEle foi antes da fundação do mundo, do contrário, como diz Spurgeon, Ele jamais nos escolheria. Tenhamos a certeza que se Deus não nos escolhesse primeiro, nós também jamais o escolheríamos.
Alexandre Pereira Bornelli

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