PENSAI NAS COISAS DO ALTO

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Até que o orgulho nos separe.

A morte sempre foi a maior responsável por separar os casais. Porém, ela nunca foi a única. O orgulho, apesar de manter o corpo dos cônjuges vivos, apesar de manter o sangue em circulação e a respiração ativa, é capaz de matar o relacionamento do casamento, eliminando a harmonia e o amor entre o casal. Então, dizer - até que o orgulho nos separe - é algo que deve fazer parte dos votos matrimoniais.
Instituído pelo próprio Deus, o casamento é uma benção e uma das áreas mais eficazes a revelar as virtudes mas, também, os problemas de caráter, personalidade e temperamento dos cônjuges. Nesta divina instituição, não há como se manter escondido um do outro por muito tempo e ainda assim, desfrutar de um bom relacionamento conjugal à luz da Palavra de Deus. Os cônjuges, de duas uma: ou submetem-se aos padrões e princípios de Deus, ou então, o casamento caminhará de mal a pior. Neste contexto, o matrimônio pode representar tanto uma benção, quanto uma maldição para o casal. Tudo vai depender de ambos aplicarem ou não os princípios Bíblicos em suas vidas individuais e no relacionamento conjugal. Não existe sorte ou azar no casamento. Existe o praticar ou não a Palavra de Deus. Evidentemente que este praticar a Palavra, não isenta marido e mulher de possíveis conflitos, divergências e tribulações na vida a dois, frutos do pecado que ainda habite em nós, apesar de salvos pela Graça. O fato é que quando o casal não se submete a Autoridade Divina, não há como construir-se um casamento sólido, feliz e promissor. Pois, Deus é o sustentador do casamento, da fidelidade do casal, do respeito mútuo, do perdão, amor, da amizade que deve existir e persistir durante toda a vida.
Levando em consideração o orgulho em nossa vida, percebemos que a origem da maioria das desavenças no casamento ou nos relacionamentos em geral, é causado por este pecado. Lutando contra o pecado do orgulho que também o afetava, Agostinho afirmou categoricamente: “O orgulho é a única fonte de todas as enfermidades, porque é a fonte de todos os vícios”. O mesmo autor nos deixou outra máxima: “O orgulho não é grandeza, e sim inchação. O que está inchado parece grande, mas não tem saúde”. Pouca coisa desgasta tanto um relacionamento, do que a presença ativa do orgulho. O orgulho desmorona casamentos, põe fim a relacionamentos antigos, desfaz novas amizades, torna as pessoas ensimesmadas e fecha novas oportunidades de se desenvolver como pessoa e mais ainda, como cristão. Deus reprova o orgulho, porque o vê como pecado (Pv.21:4). Expressando o mesmo entendimento de Agostinho, Teofrasto, um irmão do passado, também contribui dizendo: “É preciso definir o orgulho como uma paixão que faz com o que o homem, entre tudo quanto há neste mundo não estime outra coisa senão a si próprio”. De forma bastante prática, La Rochefoucauld, também um irmão do passado, assim registrou: “Se não fôssemos orgulhosos, não nos queixaríamos do orgulho dos demais”. E, por fim, para entendermos o mal que o orgulho faz na vida do cristão, D. M. Lloydes Jones, um grande teólogo e homem de Deus, com autoridade assim definiu: “O orgulho, manipulado pelo diabo, leva ao ciúme, à inveja, ao ressentimento por não estarmos sendo apreciados e alguém estar sendo posto diante de nós. Deste modo o diabo pode derrubar uma igreja ou comunidade; e isto tem sido feito muitas vezes.”
Não devemos permanecer inertes em relação ao mal provocado por este pecado. Só há um meio eficaz de tratarmos com ele, é à luz da Palavra de Deus, confessando-o como pecado (I João 1:9 diz – Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça). Quanto mais cedo reconhecermos que o orgulho é pecado, quanto antes o confessarmos e o abandonarmos, mais nosso casamento, nossa família, nossa vida espiritual, nossas amizades e nossa vida cristã pessoal serão preservados pelos efeitos restauradores recebidos pela confissão genuína dos pecados. De outro lado, quanto mais encobrirmos nosso orgulho, dando a ele outro nome qualquer para evitar tratá-lo como pecado, tanto mais seremos escravizados por ele e teremos nossos relacionamentos definhando como uma planta cujas raízes estão fora da terra.

Alexandre P. Bornelli

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