O pecado afetou drasticamente
todo o nosso ser, bem como todo o universo. Uma das evidências foi fazer-nos
amantes de nós mesmos. O amor próprio, este na forma exagerada e pecaminosa,
tem sido o grande empecilho dos relacionamentos progredirem. Em nosso
relacionamento com Deus o amor próprio atrapalha porque não cremos que somos
vis pecadores e desprezíveis criaturas rebeldes para com seu Criador. Em nossos
demais relacionamentos humanos, o grande mal que nos causa é fazer-nos
egocêntricos. Nada mais importa se algo não nos importa. Quando estamos bem,
isto basta. Cremos que somos a medida de todas as coisas e todas elas devem
girar em nosso redor. Até mesmo a verdade deve ser subjetiva para sempre nos
preservar. O amor próprio impede os cônjuges de se perdoarem porque ninguém
quer assumir a verdade de que errou. Isto machuca o ego. Então, preferimos continuar
nos amando a praticar a verdade. Amar a si mesmo na Bíblia nada tem a ver com
ser egoísta e egocêntrico. Fala de nos aceitarmos como criação de Deus. Porém,
o pecado deturpou este conceito, fazendo-nos pessoas ensimesmadas e egoístas. Tudo
isto causa não somente disputas externas, entre nós e as pessoas as quais nos
relacionamos, como também, disputas interiores, entre nosso ego que luta por
preservação permanente e a verdade que quer prevalecer. Toda vez que está em jogo a verdade ou nossa
preservação, optamos na maioria delas por nossas preservação em detrimento da
verdade. É o que Alberto Antonio de Moraes Carvalho: “Nas disputas o maior inimigo da verdade é o amor próprio,
que, ainda depois de convencido, não se dá por vencido". O egoísmo é algo que temos que mortificar todos os dias, sempre e
sempre até a volta de Cristo.
Assim é que a Palavra de Deus nos diz enfaticamente em João 3:30: “Convém
que Ele cresça e que eu diminua”. Na prática, quer-nos dizer o texto
bíblico que nosso egoísmo deve ser substituído por nosso amor a Deus, pois
quando amamos a Deus corretamente, também iremos nos amar como a Bíblia nos
orienta. Não que iremos nos odiar, ou anular nossa personalidade, jamais. Mas
que, quando amarmos a Deus correta e intensamente, iremos nos amar sem ser
egoístas, porque iremos amar a Deus e ao próximo também. Willian Hendriksen, em seu
comentário de II Tm, pag. 349, traz um exemplo interessante sobre o egoísta,
dizendo-o ser igual ao ouriço que
enrola-se sobre si mesmo, formando uma bola, deixando em seu interior a penugem
suave e quente (amante de si mesmo, egoísta) e exibe os espinhos agudos para
quem estiver do lado de fora (que agrada a si próprio, soberbo, arrogante).
Mattew Henry, comentando o livro de II Timóteo, pag. 714, diz: “Quem não ama a si mesmo? Mas, aqui se tem em
mente um amor próprio irregular e pecaminoso. As pessoas amam o seu eu carnal
mais do que o seu eu espiritual. Elas têm prazer em gratificar seus próprios
desejos mais do que agradar a Deus e cumprir seu dever. Em vez da caridade
cristã, que cuida do bem-estar dos outros, elas somente se preocupam consigo
mesmas e preferem sua própria gratificação à edificação da igreja”. O
pecado, enfatizamos, deturpou o conceito bíblico de amor próprio.
O fato é que nascemos em pecado e por isso, somos egoístas e centralizados em nós
mesmos. Somos unidos à nossa própria vontade egoísta e pecaminosa e isto causa
divisão e tragédia em todos os nossos relacionamentos de forma que somente Jesus Cristo, ao nos
regenerar e somente quando buscarmos a santidade diária, é que então iremos nos
separar dessa união trágica, nos fazendo amar a Deus acima de todas as coisas e
ao próximo como a nós mesmos.
ALEXANDRE PEREIRA
BORNELLI
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