PENSAI NAS COISAS DO ALTO

terça-feira, 10 de abril de 2012

QUEREMOS OU NÃO QUEREMOS O CÉU?

Desejamos realmente o céu? Se perguntassem a nós para onde queremos ir, certamente falaríamos que desejaríamos conhecer vários lugares do mundo. E não há pecado nisso. Mas, alguém de nós, espontânea e sinceramente, responderia o céu?
Uma evidência incontestável da gravidade e malignidade do pecado em nossa vida é vista no fato de ainda desejarmos pouco (se é que a desejamos!) a volta de Cristo. Mesmo vivendo num mundo violento, promíscuo, onde doenças, tragédias, perdas e mortes fazem parte do nosso dia-a-dia, ainda assim não queremos o céu, mesmo lendo nas Escrituras ser um lugar onde não haverá dor, morte, sofrimento e estaremos para sempre com Cristo. Preferíamos um mundo melhor por aqui mesmo, mas não necessariamente, o céu.  Isto, porque não fomos ganhos e constrangidos suficientemente pelo amor de Deus. Ninguém deve desejar o céu como escape das responsabilidades da vida ou por alívio de alguma dor. Afinal, Deus nos colocou neste mundo para sermos sal e luz, suas fiéis testemunhas. Mas, cristãos que não desejam a volta de Cristo, que não desejam estar eternamente com Jesus é uma contradição de termos. É evidente que contamos com as bênçãos de Deus aqui, tais como o casamento, filhos, família, amigos, igreja, etc. No entanto, nada disso pode ser comparado com o fato de estarmos definitivamente com Cristo.  Será que a promessa bíblica que afirma ser o  céu algo incomparavelmente melhor do que esta vida é um golpe? Evidentemente que não. Daí percebemos como o pecado é mais gravoso do que imaginamos. Ele nos faz duvidar que o céu será realmente melhor do que o melhor que pudermos experimentar nesta vida. O problema é que estamos muito dividido e enraizado neste mundo, tendo o nosso coração ainda fixo nas mais coisas terrenas e materiais do que nas espirituais e eternas. Richard Baxter diz que  "em nada, a não ser no céu, vale a pena colocar nosso coração”. Precisamos crer nessa verdade! Quanto mais do céu desejarmos, menos da terra cobiçaremos e o contrário também é verdadeiro. O escritor cristão J. C. Ryle, autor do excelente livro Santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor, disse: “ É provável que nada nos prepare tanto para aquele céu, onde a presença pessoal de Cristo será tudo, e para aquela glória onde encontraremos Cristo face a face, do que perceber, enquanto estamos aqui na terra, que ter comunhão com Cristo é ter comunhão com um Pessoa viva e real.” O fato de desejarmos tão pouco o céu reflete o tanto que ainda não desfrutamos de comunhão real com Cristo nesta terra. Precisamos crer que Palavra de Deus tem poder e eficácia para ganhar nossos afetos a ponto de, mesmo tendo uma vida cristã boa, assim pode nos fazer buscar arduamente desejar o céu. É o que diz Arthur W. Pink em seu livro – A Vida de Elias, pag. 233: “Deveria ser destacado que há uma diferença radical entre desejar ser liberto de um mundo de contratempos e tristeza, e um desejo de ser liberto deste corpo mortal, a fim de estarmos na presença do Senhor. Era esse último desejo que  o apóstolo abrigava, quando disse: "tenho o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor" (Fl 1:23). Um desejo de ser liberto da pobreza desprezível ou um leito de fraqueza é apenas natural, mas um desejo ardente de ser liberto de um mundo de iniquidade e de um corpo mortal para podermos gozar perfeita comunhão com o Amado, isso é de fato espiritual.”
Diante desse dilema que castiga a todos nós, onde por um lado falamos que queremos o céu e por outro, não demonstramos isso em nossa vida, anseios e orações, não nos preparando para ele, concluímos que ainda não queremos de fato o céu porque amamos muito a terra. É preciso sinceridade em nossa confissão, orando a Deus para que ganhe mais nossos afetos, nos desarraigando da terra, a fim de desfrutarmos de um relacionamento mais íntimo com Ele. Isto nos fará desejar a Sua volta e consequentemente o céu, independentemente das circunstâncias da nossa vida aqui na terra.

Alexandre Pereira Bornelli

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