PENSAI NAS COISAS DO ALTO

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Academia da santidade


Com a moda das academias de musculação se proliferando, a mais recente é a academia ao ar livre para o pessoal da terceira idade (ATI). Algo que tem acontecido em academias de musculação com certa freqüência é o fato de um jovem se matricular e já começar a orgulhar-se, desde já, de seus músculos a seu amigo que não quis matricular-se. O novato, somente com a confirmação da sua matrícula, já está festejando sua nova forma física, embora não tenha praticado nem mesmo um dia de treinamento. O outro vê isso e fica assustado com tal atitude, pois não viu qualquer diferença exterior, apenas em seu orgulho interior que o faz acreditar estar forte, quando ainda permanece fraco como sempre esteve. A única diferença, até agora, entre os dois amigos é que um é matriculado e o outro, não.
Para os cristãos existe a academia da santidade. Onde fomos “matriculados” por Deus, através da justificação, para praticarmos diariamente os exercícios para desenvolvermos a santidade. E, quantos de nós estamos nos gabando de estarmos vivendo em santidade, quando na realidade, estamos apenas matriculados na “escola” da santidade. Nem mesmo essa “matrícula” é mérito nosso. Foi Cristo, sem qualquer mérito e obra do homem, que nos colocou ali, através da justificação. O caminho de santificação exige cooperação do crente. A santidade, ao contrário da justificação, exige de cada crente um exercício diário nos “aparelhos” da oração, leitura Bíblia, participação das reuniões da igreja e da Ceia do Senhor, que a fortalecem e a desenvolvem. De nada adianta gabar-se por ter sido “matriculado”, justificado, sem que diariamente, pratique a santidade. Por um lado, todos que foram redimidos por Deus Pai, foram para sempre igualmente justificados. Ninguém, realmente salvo, é menos ou mais justificados do que o outro. Somos tão justificados quanto é John Piper, J. C. Ryle, Wiiliam Hendriksen, Mattew Henry, o ladrão da cruz, a mulher adúltera e qualquer mendigo alcançado pela Graça Soberana de Deus. Isto nos choca! Em Efésios 2:8 e 9 temos a resposta disso, quando lemos “porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” Um pouco antes, no capitulo 1:4, diz que “assim nos escolheu nele antes da fundação do mundo...”! Porém, quando o assunto é santificação, temos que analisar de forma diferente. Isso, porque na santificação existe nossa participação. A santificação é algo que admite crescimento e graus de intensidade em cada crente, o que não ocorre na justificação. É certo que não somos nós que nos santificamos, senão que participamos do processo do Espírito Santo de Deus, quando, justamente, vivemos com os meios de graça a poucos citados como práticas constantes em nossa vida. Ou seja, ninguém será santificado sem uma vida diária com Deus. Se por um lado não existe cristão menos ou mais justificado que outro, é certo que existe cristão menos e mais santificado. O grande teólogo reformado J. C. Ryle diz que “As Escrituras certamente nos ensinam que para seguir a santidade, o verdadeiro crente precisa exercer esforço pessoal e trabalho tanto quanto a fé (Gl. 2: 20, I Co 9:26; 2 Co 7:1; Hb 4: 11 e 12:1)”[i]. Isto quer dizer que você pode ter sido justificado, matriculado por Deus na academia da santidade, que é o propósito pelo qual fomos redimidos, mas não estar trilhando o caminho da santidade, não estar “malhando” com os exercícios que fortalecem a santidade pessoal. Pode estar contente por ter sido justificado, apenas, como o jovem que se contenta com a simples matrícula na academia. No entanto, a prova real dos que foram realmente justificados é que estão sendo, dia-a-dia, santificados, cooperando com o Espírito Santo de Deus, exercitando-se na santidade todos os dias (Hb 12:14). Não se trata de fazer força para ser certinhos, bonzinhos, educados, modestos, humildes, etc. Nossa participação diz respeito a permanecermos em Cristo (João 15), a obedecermos os seus mandamentos, andando na Verdade, arrependendo, lendo a Bíblia, etc.. Não é que precisamos dizer: “de agora em diante farei isso ou serei assim”. Não. Isto é moralismo e sua durabilidade é tão longa quanto uma neblina da manhã. O que devemos fazer é orar para que Deus nos capacite a usar os meios de graça: leitura da Bíblia, reunião da igreja, oração, para que através deles, nossa fé seja aumentada e uma vez aumentada, nos mantenha nos caminhos do Senhor que são santos. Santidade é caminhar pelos caminhos do Senhor, é falar, pensar, agir, viver para a Glória de Deus (I Co 10:31). E isto, não depende só de Deus, mas de cada um de nós também. A. W. Tozer já disse que “Santos sem santidade são a tragédia do cristianismo”. E J. C. Ryle novamente nos adverte dizendo: “O homem que professa ser um verdadeiro crente, enquanto se contenta com um baixíssimo grau de santificação, se é que tem algum, e que friamente diz que “nada pode fazer”, exibe um quadro lamentável, além de ser um homem muito ignorante.”[ii] Temos cooperado com a santidade ou temos sido causa dessa tragédia, de cristãos sem santidade?

Alexandre Pereira Bornelli
[i] J. C. Ryle, Santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor, pag. 17
[ii] Idem, pag. 48,49

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