PENSAI NAS COISAS DO ALTO

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Não te esqueças do Senhor

"11-Guarda-te não te esqueças do Senhor teu Deus, não cumprindo os seus mandamentos, os seus juízos e os seus estatutos, que hoje te ordeno; 12-para não suceder que, depois de teres comido e estiveres farto, depois de haveres edificado boas casas e morado nelas; 13-depois de se multiplicarem os teus gados e os teus rebanhos, e se aumentar a tua prato e o teu ouro, e ser abundante tudo quanto tens, 14-se ele o teu coração e te esqueças do Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão;15- que te conduziu por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras, de escorpiões, e de secura, em que não havia água, e te fez sair da perdeneira; 16- que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheceram; para te humilhar, e para te provar, e afinal te fazer bem. 17- Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas. 18- Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, porque é ele o que te dá força para adquirires riquezas; para confirmar a sua aliança que, sob juramento, prometeu a teus pais, como hoje se vê. 19- Se te esqueceres do Senhor teu Deus e andares após outros deuses, e os servires, e os adorares, protesto hoje contra vós outros que perecereis. 20- Como as nações que o Senhor destruiu de diante de vós, assim perecereis: porquanto não quisestes obedecer à voz do Senhor vosso Deus." (Deuteronômio 8:11 a 20)
O texto da Palavra de Deus acima transcrito deixa claro que o materialismo tem a capacidade de cegar a nossa visão da graça de Deus, fazendo-nos viver esquecidos da bondade do Senhor e da sua providência quando as coisas nos vão bem. O alerta não é contra a riqueza em si, mas sim, contra os perigos inerentes a ela. Quando estamos necessitados lembramos do Senhor e nos tornamos, via de regras, pessoas de oração e dependentes de Deus. Entretanto, quando nossos negócios estão lucrando como nunca, quando somos promovidos na empresa, qual é a nossa reação? Vemos a mão de Deus ou creditamos tudo à nossa capacidade? Comemoramos com oração ou apenas fazemos festa em nossa homenagem?
Primeiramente (verso 1), somos exortados a guardarmos e a lembrarmos do próprio Deus. Parece-nos óbvio a recomendação, afinal, quem deseja se esquecer do Criador? Porém, realmente, não há nada mais importante que devamos guardar e lembrar do que o próprio Senhor. E o motivo da exortação é especificamente para lembrarmo-nos do Senhor quando a nossa vida está indo muito bem. Isto, porque quando nossos negócios estão indo de vento e popa, somos tendentes a esquecer que foi a graça de Deus que realizou isso através de nós. Pensamos que foi nossa capacidade que nos levou à fartura. Ora, e a prova que não nos esquecemos do Senhor é quando o amamos em todas as circunstâncias e quando cumprimos e guardamos os seus mandamentos, conforme nos diz João 14:21 - "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda este é o que me ama..." .
A exortação de Deuteronômio foi especificamente para o povo de Israel que foi liberto da escravidão do Egito. Era para eles não esquecerem de onde Deus os havia tirado com mão forte, para que no tempo da bonança e fartura, eles soubessem reconhecer também a mão de Deus.
No decorrer do texto, lemos que o excesso de fartura e o conforto são coisas perigosas, pois frequentemente nos faz esquecer de Deus, fazendo-nos confiar em nós mesmos, em nossa capacidade e não, na providência de Deus. Vejamos algumas coisas citadas no próprio texto (versos 12 e 13) que podem nos fazer esquecer de Deus: fartura de alimento, morar em boas casas, ter os gados multiplicados, ter mais prata e ouro e tudo o que tivermos em abundância. Estas coisas em si mesmas são pecaminosas? O texto é contra o cristão ter conforto, casa boa para morar, etc? Evidentemente que não. Então, qual a razão da exortação? Vejamos a partir do versículo 14, o que estas coisas, astutamente, podem fazer com o nosso coração. Elas podem fazer com que nosso coração se eleve, se engrandeça, julgando que tudo isso que temos em fartura é fruto da nossa capacidade, força e que somos merecedores de tudo o que temos. Com isso, nos esquecemos de Deus e lembramos somente de nós mesmos. Não enxergamos a graça de Deus, não identificamos o agir de Deus, não reconhecemos a soberania do Senhor sobre todas as coisas. Ao contrário, podemos crer que tudo pertence à nós e que conseguimos por nossas próprias condições e méritos. Toda a glória vai para o homem. Isto frequentemente acontece com todos nós quando recebemos um aumento de salário, ao sermos promovidos na empresa, ao obter sucesso nas vendas, ao comprarmos carros novos, ao fazermos viagens fantásticas, etc. Tanto isto é verdade, que o verso 17 chega a nos alertar para não dizermos que tudo o que temos e conseguimos é fruto da nossa capacidade e força, porque se temos alguma condição para trabalhar, se temos inteligência, se nossa profissão e nossos negócios têm dado certo, tudo devemos dedicar unicamente ao Senhor que nos dá forças para trabalhar e condições para viver e ter. Será que temos pensado e crido assim em nossa vida? Temos reconhecido a mão de Deus em tudo o que fazemos ou creditamos tudo a nós mesmos? Nossos negócios, nossa profissão, será que cremos piamente que Deus é quem está no controle de tudo e que tudo depende da Sua vontade?
Os versos 19 e 20 trazem uma forte exortação final para não esquecermos do Senhor, porque assim como Deus destruiu as nações que fizeram tais coisas, o mesmo será feito com os que assim procederem, não ouvindo à voz do Senhor e não devotando a Ele toda a glória e honra.
A lição prática para nós é para termos a humildade em reconhecer a soberania e a providência de Deus em cada área da nossa vida. Deus é o dono de tudo, da nossa vida, bens, capacidade, etc. Se temos tido algum progresso na vida material, não nos deixemos ser dopados pela sedução de pensarmos que somos capazes de alguma coisa à parte de Deus, pois, isso, é abominável aos seus olhos. Fiquemos firmes de que é a graça de Deus e que esta mesma graça pode nos fazer perder tudo os bens que hoje temos para provar onde está o nosso coração, em Deus ou nas riquezas? A prova que acreditamos realmente que tudo vem de Deus é quando não amamos o que temos e quando não usamos o que conseguimos somente para o nosso bem estar, mas também para a edificação do corpo de Cristo e para ajudar o próximo. É possível viver com fartura de forma simples e cristã, como se nada tivéssemos. Um sinal disso é quando nossas amizades permanecem as mesmas de antes, nossos relacionamentos não sofreram rupturas por causa do dinheiro e a nossa fé foi fortalecida pois reconhecemos que por nós mesmos nada teríamos e que Deus pode nos tirar o que Ele mesmo nos concedeu a qualquer momento, sem nos desesperar por isso, porque nosso tesouro verdadeiro está nos céus onde a traça e a ferrugem não podem consumir.
Por fim, citamos a belíssima oração de Agur (Provérbios 30:7 a 9) que teve a coragem e a sinceridade de orar: "Duas coisas te peço; não mas negues, antes que eu morra: Afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza: da-me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o Senhor? ou que, empobrecido, não venha a furtar, e profane o nome de Deus."
Que esta também seja a nossa sincera oração.
Alexandre Pereira Bornelli

Um comentário:

Oliveira disse...

Caro colega

Excelente reflexão e admoestação.

Muito bom também relembrar o texto que citas "...para te humilhar, e para te provar, e afinal te fazer bem." e refletir sobre os aspectos envolvidos.

Um abraço