PENSAI NAS COISAS DO ALTO

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Milhagens celestiais

A moda é acumular pontos com os gastos no cartão de crédito para trocar as milhagens por passagens aéreas e viajar de graça. Ao receber o extrato do cartão, a maioria nem confere o tanto que gastou e nem, se o gasto foi em coisas supérfluas ou necessárias. Querem gastar para somar pontos e trocar por passagens aéreas. Verificam quantos pontos acumularam naquele mês, quantos pontos possuem no total e para qual cidade é possível viajar com a quantidade de milhas acumuladas. Gastam sem problemas, desde que ganhem pontos para trocar por passagens aéreas. É um negócio.
O problema surge ou, se potencializa, quando este hábito passa para a vida cristã. Muitos cristãos vão às reuniões da igreja, acampamentos, ofertam, ajudam ao próximo, oram, jejuam, fazem sacrifícios de todos os tipos com a motivação de acumular pontos no céu e receber bênção de Deus. Para esses cristãos, o relacionamento com Deus é um comercio. Cada ida à reunião da igreja, cada oração feita, todo centavo de oferta, jejum, leitura bíblica etc, é um sacrifício que vale à pena pois entendem que com isso, estão acumulando pontos com Deus para trocar por bênçãos terrenas. É como se eles fizessem a parte deles e agora, Deus está obrigado a fazer o que julgam merecer. No fim do mês, contabilizam as obras que fizeram (segundo entendem) e esperam saber quantos pontos acumularam no céu e quais benefícios têm direito. Querem ver seu "extrato celestial" para trocarem por bênçãos materiais, graças a tantas obras e sacrifícios realizados naquele mês. E, no mês seguinte recomeça a negociação.
Porém, neste caso, ao contrário do cartão de crédito, a pontuação não vem. O que vem então, como resultado desta crença errada em um Deus negociante, é: amargura, decepção, esgotamento espiritual e murmuração. Muitos dizem: "Deus não foi justo comigo, fiz tanto para Ele e não recebi nada por isso". E, continuam seu pobre discurso: “Tudo bem, eu não faço isso, não faço aquilo, e faço isso e aquilo, mas quero minha recompensa, minha bênção financeira, minha cura, algum benefício material e físico”. Tais pessoas não buscam relacionamento pessoal com Deus, mas tão somente relacionamento comercial, uma vida de negócios com o Criador. Jamais devemos pensar assim, afinal este não é o Deus das Escrituras. Deus em nenhum momento nos prometeu um relacionamento lucrativo, materialmente falando. Ao contrário, deixou bem claro que seríamos perseguidos, odiados e que teríamos aflições no mundo (Jo. 16:33). Qual a saída desta visão errada de Deus? É preciso entendermos que a maior bênção por servirmos a Deus, e de fato ela existe, é sermos desarraigados deste mundo perverso, sermos transformados ao caráter de Cristo e receber dEle, todo o conforto e amparo para enfrentar as lutas desta vida passageira.
Precisamos resgatar o chamado divino para andarmos com Deus em relacionamento pessoal. Qualquer tipo de troca, negócio ou lucro por estarmos servindo ao Senhor deve ser excluído da nossa mente, por estar fora das Escrituras. Não há pontos acumulados, não há direitos a bênçãos terrenas a ser recebida por termos feito isso ou aquilo. Não há negócio com Deus. Relacionamento pessoal e santificador é o que Ele requer de nós. Isto, por causa dEle mesmo, como resposta ao Seu amor, como gratidão por tão grande salvação, ainda que esse relacionamento não nos dê lucros e novas oportunidades lucrativas nesta vida. Afinal, foi para servirmos ao Senhor com alegria (Sl 100) e para andarmos com Ele em intimidade e integridade que Ele nos chamou.

Alexandre Pereira Bornelli – abril 2010

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