PENSAI NAS COISAS DO ALTO

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O forte e o fraco Sansão

Ler Juízes capítulos 13 a 16.
Muitas riquezas podem ser extraídas da história de Sansão. É como se estivéssemos diante de um banquete. Não conseguimos aproveitar todas as coisas em uma única refeição, embora elas estejam disponíveis à nossa frente. É isso que este artigo se propõe. Ele é apenas uma refeição dentre muitas outras que podem ser feitas por cada um de nós, diante deste banquete, onde o “prato” do dia é Sansão seduzido pelo tempero do mundo.
O que mais se destaca da história de Sansão? Não erraram os que pensaram em força. Porém, sedução é algo que está tão evidente quanto a força na vida de Sansão. Ser seduzido é ser levado para o lado, ser desencaminhado.
A nação de Israel estava sob opressão dos filisteus e Deus anuncia que nascerá um menino, que crescerá sob cuidados especiais (Jz 13:5), não podendo ter seus cabelos cortados como sinal do pacto de Deus com ele. Sansão seria o instrumento de Deus para libertar o povo de Israel da opressão dos filisteus. Sproul, um renomado escritor cristão afirmou um detalhe importante, disse que o povo de Israel se acostumou com a opressão dos filisteus, pois estes eram um povo, embora inimigo, civilizados, educados. Por um bom tempo Sansão realmente foi um instrumento nas mãos de Deus. Estava caminhando bem, usando sua força super-humana dentro da vontade de Deus e mantendo seu voto de nazireu em sigilo. Por vários versículos, lemos o quanto Deus estava com Sansão, cuidando dele de modo especial. Esse lado da vida de Sansão nos impressiona, porque não imaginamos o que é ter uma força física dessa à nossa disposição. Vejamos o outro lado do mesmo Sansão.
Logo no início do cap. 16 lemos uma proeza desumana que Sansão fez. Ele pegou as portas das cidades, com ambos os umbrais, arrancou-as juntamente com a tranca e, pondo-as sobre os ombros, levou-as até o cume do monte que está defronte de Hebrom. Calcula-se que tenha caminhado com esse peso todo, aproximadamente 50 km!!! Estava comprovado que na força física ninguém o vencia. Os filisteus, inimigos do povo de Israel, sabendo disto, usaram a estratégia certa, a isca certa para o peixe certo. É o que nos conta o capítulo 16 a partir do verso 4. Dalila surge para destruir Sansão. Sim, o que um leão (14:6) e mil homens (15:16) não conseguiram fazer, ou seja, vencê-lo, agora tal objetivo está nas mãos de uma mulher. Fisicamente Dalila era inofensiva a ele. Mas, com um coração astuto e cheio de maldade ela se tornara perigosa. Logo após demonstrar tamanha força física carregando as portas da cidade, diz o verso 4 que Sansão se afeiçoou a uma mulher do vale de Soreque, cujo nome era Dalila. Resumindo (não deixem de ler os cap. 13 a 16), os príncipes dos filisteus contrataram Dalila por um preço, para seduzir Sansão e extrair dele o segredo da sua força. Ora, seus cabelos não eram mágicos, mas eram símbolos da aliança de Deus com Sansão. Sua força estava em Deus, mas Deus condicionou manter sua força à fidelidade de Sansão em não contar a ninguém o real motivo. Porém, toda a força física de Sansão o fez altivo, dono de si, preparando-o para a queda. A Bíblia mesmo diz que o orgulho precede a queda. Sansão experimentou isso. Aquele que tinha rasgado um leão ao meio pensava poder brincar com a tentação. Aquele que estava firme em Deus estava, agora, fraco diante de Dalila. Se o pecado viesse em forma de “leão”, com aparência perigosa, lutaríamos contra ele. Contudo, nosso inimigo vem como “anjo de luz”. O pecado vem com aparência inofensiva, como Dalila e não como um leão. A verdade é que o relacionamento de Sansão com Dalila era jugo desigual. Ele tinha um relacionamento com Deus, ela, não. Embora ela fosse supostamente bonita, aparentasse ser inofensiva, dócil, uma moça pra casar, era na verdade, astuta e má. Sansão, seduzido pela beleza da mulher, não via maldade nenhuma em estar com ela. Por 3 vezes Dalila tenta seduzir Sansão, para saber o segredo de sua força. Igualmente por 3 vezes Sansão mentiu a ela. Ele estava brincando com a tentação chamada Dalila. Após o fracasso de Dalila por 3 vezes, ela ainda não desistiu. Isto prova como o pecado não desiste de nós! Nossa luta e resistência contra o pecado, como diz Hebreus, deve ser até o sangue. O verso 16 do cap. 16 diz que Dalila importunou (seduziu) Sansão todos os dias para que lhe entregasse o segredo da sua força. Dalila então partiu pra sedução emocional, dizendo que ele não a amava, pois estava escondendo seu segredo e zombando dela. Coitadinha? Que nada! Mas, Sansão ficou com dó e caiu na conversa dela, pois desprezou a força da tentação. O forte agora é fraco. Ela conseguiu então seduzi-lo de vez (16:19). Neste momento, já era pra Sansão ter desconfiado da intenção maligna da mulher, pois nas 3 vezes que ele mentiu pra ela, os filisteus vieram para tentar pega-lo e ele escapou facilmente. Porém, ele não cria que estava correndo perigo se relacionando com ela. Julgava forte e íntegro o bastante para manter-se fiel a Deus. Como Pedro que disse a Jesus que todos podiam negá-lo, menos ele. Sabemos que Pedro foi o primeiro a negar. Esse é o nosso coração (Jr. 17:9). Pela insistência diária da mulher, Sansão não suportou sua sedução e abriu-lhe o coração, dormindo no colo da mulher após contar-lhe todo o segredo (16:18). Impressionante! Sansão se rendeu á tentação e ainda dormiu no colo da mulher. Dormindo com o inimigo! Parecia um momento romântico entre ambos. Contudo, era o começo de algo terrível na vida de Sansão. Ele estava se entregando ao pecado. Fora infiel com Deus e vai pagar caro por isso. Aquele homem forte, valente, vitorioso em grandes batalhas, agora está entregue e impotente nas mãos de seus inimigos. Quem antes brincava com a tentação, agora é alvo de zombaria e motivo de diversão dos filisteus. Com os olhos vazados, sem sua força dada por Deus, Sansão era zombado por todos (16:21 a 25). Todavia, ainda não era o fim. Passou por um período terrível, colhendo tudo o que plantou (Gl 6:7). Então, seus cabelos começaram a crescer em sinal de arrependimento. Então, clamou a Deus para que Deus lhe desse força para se vingar dos filisteus. Misericordiosamente, Deus o atendeu e lhe deu novamente força e ele derrubou as colunas do palácio, matando mais pessoas do que em toda a sua vida, porém, vindo a morrer também.
São muitas a lições para todos nós. A primeira delas é que também nascemos com um chamado especifico para sermos um instrumento nas mãos de Deus, santos num mundo pecaminoso (Ef. 1:4). A segunda, é que precisamos crer que nosso namoro com as “Dalilas”, com as coisas do mundo, são totalmente prejudiciais à nós. Todos aqueles que querem ser amigos do mundo, são infiéis, verdadeiros adúlteros espirituais e inimigos de Deus (Tg 4:4. I João 2:15 a 17). Não podemos brincar com a tentação. Não somos capazes de brincar com a tentação sem cair em pecado, embora pensemos como Sansão que sim. Temos inimigos ao nosso redor querendo a todo instante nos afastar da vontade de Deus e, mesmo assim, temos brincando com coisas que devemos levar muito a sério. Por mais sedutores e, aparentemente inofensivos, nossos relacionamentos fora dos princípios de Cristo devem ser evitados. É momento de nos perguntar se temos ido ao encontro de coisas, lugares e pessoas que deveríamos fugir. Com qual “Dalila” temos nos relacionado? Qual paixão pelas coisas do mundo tem nos importunado diariamente, querendo nos fazer cair em pecado? Não podemos brincar com a tentação, menosprezá-la, por isso a melhor coisa a fazer é o que Paulo recomendou a Timóteo o que José fez, ou seja, fugir! Aprendamos com Sansão que todos nós, por melhores que possamos pensar ser, por mais fortes fisicamente que sejamos ou por mais autoconfiantes que pensamos ser, a verdade é que somos frágeis e impotentes diante da tentação sem a graça de Deus. Que abandonemos todos os tipos de relacionamentos prejudiciais à nossa vida cristã urgentemente. Tudo o que estivermos plantando, isso colheremos. Sansão que o diga.

Alexandre Pereira Bornelli

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