PENSAI NAS COISAS DO ALTO

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

QUAL A DISTÂNCIA ENTRE A BOCA E O CORAÇÃO?


Ter um discurso impecável, irretocável, teologicamente correto, mas um coração vazio e sem realidade espiritual é algo condenado pelas Escrituras. Este é o seu caso?

Lemos uma séria advertência na Palavra de Deus a respeito desse grave perigo em  Isaías 29:13, diz: “O Senhor diz: Esse povo se aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. A adoração que me prestam é feita só de regras ensinadas por homens”. Em I João 2:6 lemos: “Aquele que diz estar nEle, deve andar como Ele andou”. Ou seja, apesar do discurso correto, se nossa vida e nosso coração não estão em sintonia com o discurso, somos hipócritas.

Um exemplo positivo de alguém que falava e vivia de acordo com a Verdade de Deus está registrado no capítulo 119, verso 97 do livro de Salmos. Assim diz o texto bíblico: “Como eu amo a Tua Lei, medito nela o dia inteiro”. Muitos de nós podemos falar como ele que amamos a Palavra de Deus. Contudo, talvez poucos podem afirmar que meditam diariamente nas Escrituras como o salmista.

A evidência do nosso amor à Palavra está no fato de que investimos tempo na leitura, oração e meditação, como nos adverte o Salmo 1. João Calvino, em seu comentário do livro de Salmos, vol. 4, pag. 245, adverte-nos: “Se alguém se vangloria de amar a Lei de Deus, mas negligencia o seu estudo e aplica sua mente a outras coisas, tal pessoa revela a mais grosseira hipocrisia, pois um amor à lei, produz sempre meditação continua sobre ela”.

O tempo que temos investido diariamente na leitura e meditação da Palavra de Deus revela o tanto que de fato amamos a Deus e Sua Palavra. Willian Inge, nos pergunta: "Se gastamos 16 horas por dia em contato com as coisas desta vida e apenas 5 minutos por dia com Deus, será de admirar que as coisas desta vida sejam 200 vezes mais  reais do que Deus para nós?" Paul Washer nos desafia: "Vá e ofereça ao seu chefe o que você oferece a Deus, e veja quanto tempo você durará. Ofereça até mesmo aos seus amigos o que você oferece a Deus e veja quanto tempo vocês ainda serão amigos. Ofereça à sua família o que você oferece a Deus e veja por quanto tempo você terá uma família."

Aprendemos então que, embora fisicamente a boca fique próxima do coração, espiritualmente ambos estão muito distantes entre si, sendo que ter um bom discurso apenas, sem uma realidade interior no coração é o mesmo que afirmar que estamos mortos espiritualmente. Você vive de discurso apenas ou tem meditado nas Escrituras para ser ensinado e transformado por ela?

Alexandre Pereira Bornelli

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

NÃO PERCA TEMPO.



Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio. Salmo 90:12

Hoje em dia virou status dizer que não se tem muito tempo, embora o tempo continue o mesmo. Pessoas acumulam compromissos em excesso e depois reclamam de problemas de saúde. Crianças cada vez mais atarefadas e adultos com agendas lotadas são evidencias disto.

A ordem que se ecoa num mundo cada vez mais competitivo é para aproveitar o tempo, afinal, se tem algo que não conseguimos recuperar sãos os minutos que já se passaram. A questão é: o que é aproveitar o tempo?

Inseridos neste contexto, cristãos sofrem a mesma pressão. A correria, o excesso de atividades, compromissos e projetos pessoais ambiciosos têm roubado todo o tempo e sugado a energia que deveriam ser investidos nas questões eternas, onde o tempo não existirá.

Refletindo sobre isso, Willian Inge, nos pergunta: “Se gastamos 16 horas por dia em contato com as coisas desta vida e apenas 5 minutos por dia com Deus, será de admirar que as coisas desta vida sejam 200 vezes mais  reais do que Deus para nós?” É justamente isto que tem acontecido.

O tempo está passando e com ele os anos, a idade e as oportunidades. Estamos envelhecendo, os filhos estão crescendo, mas continuamos perdendo tempo em não praticar a Palavra de Deus, em guardar amargura, ressentimento e inveja no coração a despeito de estarmos aproveitando cada minuto para vivermos em função da nossa própria vontade.

Famílias se desintegrando e casamentos explodindo, mas poucos querem gastar tempo para refletir nisto à luz da Palavra de Deus. Procrastinam em obedecer a Palavra e se agarram no suposto direito e justiça própria que julgam ter. Enquanto isso, o tempo está passando.

Paul Washer nos exorta: Vá e ofereça ao seu chefe o que você oferece a Deus, e veja quanto tempo você durará. Ofereça até mesmo aos seus amigos o que você oferece a Deus e veja quanto tempo vocês ainda serão amigos. Ofereça à sua família o que você oferece a Deus e veja por quanto tempo você terá uma família.” E Richard Baxter nos desafia a pensar, ao dizer: Se vós apenas desejásseis obter o conhecimento de Deus e das coisas celestiais tanto quanto desejais saber exercer vossa profissão, já teríeis vos lançado a este empreendimento, sem vos importardes com o custo ou as dificuldades, até que o tivésseis obtido. Mas vós dedicais de bom grado sete anos a aprender a profissão, e nem um dia, em cada sete, quereis entregar ao aprendizado diligente das coisas concernentes à vossa salvação”.

Diante da gravidade do quadro apresentado, devemos refletir sobre nossa própria condição e nos perguntar: até quando vamos continuar ocupando todo ou a maior parte do nosso tempo para nossos projetos e ambições pessoais e desperdiçando nosso tempo em não investirmos nas coisas eternas? Até quando iremos permanecer desobedientes a Deus? Até quando iremos abrigar ira, ressentimento, falta de perdão, amargura em nosso coração contra alguém e pensar que estamos em paz com o Senhor?  Isso é perda de tempo. Afinal, o tempo está passando e chegará um momento em que não teremos mais tempo para arrependimento. Ter coração sábio é aproveitar o tempo e os dias para temer e obedecer ao Senhor.

Alexandre Pereira Bornelli

terça-feira, 24 de setembro de 2013

DE ONDE VEM A INVEJA?



“Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti: Aqueles que praticam tais coisas não herdarão o Reino de Deus.”                    Gálatas 5:19 a 21
A inveja não é algo aceitável e bem visto em lugar nenhum. Não é preciso ser cristão para rejeitar a inveja. A Bíblia a trata  mais severamente do que apenas algo ruim ou prejudicial aos relacionamentos, dizendo ser ela obra da carne, conforme o texto acima transcrito.

Saul é um exemplo típico de alguém invejoso. Sendo ungido o primeiro rei de Israel de forma particular por Samuel e em sua primeira batalha ter obtido vitória sobre os amonitas, Saul desfrutou de popularidade entre o povo de Israel, sendo aclamado, ovacionado e admirado.  

A despeito desse início aparentemente promissor, com o povo ao seu lado, Saul falhou terrivelmente, desobedecendo a Deus em duas principais ocasiões. A primeira foi por ter aguardado impacientemente pela chegada de Samuel em Gilgal, tomando a iniciativa de oficiar pessoalmente o sacrifício (I Sm 13:8). A segunda falha foi em sua vitória contra os amalequitas, quando cedeu à pressão do povo em vez de pôr em execução as instruções de Samuel. Por isto, o profeta Samuel deixou Saul entregue a si mesmo e então, Saul veio a perder seu reinado. (A História de Israel, Samuel J. Schultz, pag. 151)

Por ser uma pessoa obstinada, orgulhosa, faminta por reconhecimento, glória e popularidade, não aceitou a perda de seu reinado. Quando soube que Samuel havia ungido Davi como novo Rei de Israel, Saul teve inveja e passou a persegui-lo.

Em I Samuel 18:9 diz que “daí em diante Saul olhava com inveja para Davi”. Os olhos de Saul eram como que canos de arma de fogo apontados para Davi. Lendo a história bíblica, porém, em nenhum momento vemos Davi provocando Saul ou querendo tomar seu lugar. Ao contrário, vemos um novo rei humilde, esperando o tempo de Deus. A inveja de Saul não foi fruto de provocação externa, mas sim de impulso interno do seu próprio coração, conforme lemos em Marcos 7: 21,22: “Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos ... a inveja...”. 

Realmente, nossa inveja vem de dentro e talvez o primeiro sintoma externo seja a mudança do nosso olhar, fruto da inveja crescente no coração. Passamos a olhar com inveja as pessoas que nos substituem ou ocupando uma função a qual julgamos ser merecedores.  

Sendo assim, jamais podemos culpar outros pela inveja que temos. É o nosso orgulho de querer a glória e o reconhecimento que nos leva a inveja, quando não recebemos tais honrarias. 

O prejuízo causado pela inveja é devastador, segundo descreveu D. M. Lloydes Jones: “O orgulho, manipulado pelo diabo, leva ao ciúme, à inveja, ao ressentimento por não estarmos sendo apreciados e alguém estar sendo posto diante de nós. Deste modo o diabo pode derrubar uma igreja ou comunidade; e isto tem sido feito muitas vezes”. 

Portanto, é preciso confessar a Deus que somos invejosos. Reconhecer e pedir-Lhe graça para sermos libertos da inveja, praticando o amor fraternal, fruto do nosso amor a Deus é o começo de um caminho de salvação que devemos andar nele todos os dias nesta vida.
Textos Bíblicos adicionais: Tiago, capítulo 3: 14; I Pedro 2:1.

Alexandre Pereira Bornelli

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

POSSO CONFIAR EM MINHA CONSCIÊNCIA?



A Bíblia fala sobre a importância de mantermos nossa consciência limpa diante de Deus. Porém, a mesma Bíblia não coloca nossa consciência como estágio final e definitivo em relação a estarmos certou ou errados. É possível ser enganado pela própria consciência?

Alguns textos bíblicos nos exortam a respeito disto. Em Jó 27:6, lemos:” Manterei minha retidão, e nunca a deixarei; enquanto eu viver, a minha consciência não me repreenderá”. Paulo nos diz em Atos 23:1: “Paulo, fixando os olhos no Sinédrio, disse: Meus irmãos, tenho cumprido meu dever para com Deus com toda a boa consciência, até o dia de hoje”. No capítulo 24:16 ele novamente diz: “ Por isso procuro sempre conservar minha consciência limpa diante de Deus e dos homens”. Em I Timóteo 1:5, Paulo afirma: “O objetivo desta instrução é o amor que procede de um coração puro, de uma consciência e de uma fé sincera”, e no verso 19, traz o alerta: “Mantendo a fé a boa consciência que alguns rejeitaram e, por isso, naufragaram na fé”. Em  Romanos 14:22, Paulo diz:”Feliz o homem que não se condena naquilo que aprova”, ou seja, que faz as coisas sem acusação”.

Em contrapartira, lemos a séria advertência em I Timóteo 4:2: “Tais ensinamentos vêm de homens hipócritas e mentirosos, que têm a consciência cauterizada”. Aqui vemos que nossa consciência não é referencial último e absoluto para medir nossa santidade, pois ela pode estar cauterizada,  insensível para com a Palavra de Deus e mesmo assim, crendo estar em paz. 

Por esta razão, João Calvino[i] afirma que “não há nenhuma paz genuína que seja desfrutada neste mundo senão na atitude repousante nas promessas de Deus. Os que não lançam mão delas podem ser bem sucedidos por algum tempo em abafar ou expulsar os terrores da consciência, mas sempre deixarão de desfrutar do genuíno conforto íntimo”.

Onde encontrarmos na Bíblia sobre o perigo de confiarmos única e exclusivamente em nossa consciência? O texto está em I Coríntios 4: 14, que diz: “Embora em nada minha consciência me acuse, nem por isso justifico a mim mesmo; o Senhor é quem me julga”.  

Nossa consciência deve estar totalmente sujeita à Palavra de Deus. Paulo não confiou e descansou no fato de sua consciência não o acusar. O critério absoluto para ele era a Palavra de Deus que é a verdade (João 17:17). Foi justamente isto que afirmou Martinho Lutero, ao dizer: “Minha consciência é escrava da Palavra de Deus”. Nossa consciência deve estar sujeita a Palavra e não o contrário.

Não adianta dizemos: “estou em paz, minha consciência não me acusa”. Isto é bom, mas não pode ser algo definitivo. Deixemo-nos ser julgados pela Palavra de Deus. Coloquemos-nos diante dela em submissão para que o Senhor mesmo nos julgue.

Alexandre Pereira Bornelli


[i] O LIVRO DOS SALMOS, VOL. 2 (SL 51:8-9), pag. 436

domingo, 15 de setembro de 2013

LEMBRETES



Temos memória curta. Uma das provas disto é que precisamos usar agendas, lembretes no celular, colarmos papéis na geladeira, no painel do carro, uns até amarram fita do dedo, tudo para não esquecermos de compromissos.

Com relação às coisas de Deus, infelizmente, também somos esquecidos. Lutando contra isso, lemos no salmo 119:93 a preocupação do salmista neste sentido, ao orar: “Jamais me esquecerei dos teus preceitos, pois é por meio deles que preservas a minha vida.”

Alguém precisa pedir para você beber água, se alimentar ou dormir costumeiramente? Não, porque isso faz falta para você, sem isso você morre. É exatamente isto que o salmista está dizendo a respeito da Palavra de Deus.  

Davi orou não no sentido de que era capaz de por si só guardar os mandamentos de Deus. Ele estava orando que desejava isso. Esse desejo já é uma evidência do nosso amor por Ele.

Também não podemos pensar que conseguimos lembrar por nossa conta. Conhecendo a história de Pedro que negou a Jesus depois de garantir-lhe que todos poderiam negá-Lo, menos ele, sabemos faremos o mesmo se pensarmos que somos capazes.

O salmista tinha esse sincero desejo justamente porque sabia que era essa Palavra que o preservava. E é essa mesma Palavra eterna, imutável e inerrante que nos preserva ainda hoje, por isso não podemos esquecê-la jamais!

A questão importante é nos perguntar: o que estamos fazendo para não nos esquecermos desta Palavra? Ir às reuniões uma ou duas vezes por semana não basta.

É preciso ler, meditar, falar e orar a Palavra diariamente (Josué 1:8), relembrando-nos dos feitos de Deus, de Seus atributos e de nossa obediência à Palavra. Muitas coisas até mesmo lícitas querem sobrecarregar nossa mente nos fazendo esquecer do que realmente importa, as coisas eternas, a Palavra de Deus.

Portanto, se não fizermos isto, iremos nos esquecer facilmente da Palavra e então, não seremos preservados diariamente do pecado que tenazmente nos assedia.

Alexandre Pereira Bornelli