PENSAI NAS COISAS DO ALTO

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Bem-aventurados os humildes de espírito.


Iniciaremos uma série de reflexões sobre as conhecidas bem-aventuranças registradas em Mateus 5. Não iremos fazer um estudo minucioso aqui. Optaremos por algo prático, fiel às Escrituras e de agradável leitura.

A primeira bem-aventurança fala de uma qualidade rara, que o mundo desconhece, mas que é fundamental para o cristão. Na verdade é o alicerce de todas a demais que virão na sequência. 

Não foi sem razão que Jesus começou dizendo sobre a humildade de espírito. Afinal, sem esta humildade nenhuma outra bem-aventurança pode ser desfrutada. 

E ninguém há que possa escolher uma dentre as 8 bem-aventuranças. Não existe a possibilidade de queremos ser do time dos mansos, mas não dos humildes; dos pacíficos, mas não dos que choram, etc. Estas características são como uma corrente, onde cada elo deve estar ligado ao outro, para nos firmar na fé. 

Não se trata de condições para sermos salvos. Ao contrário, estas bem-aventuranças devem ser características de todos os que já nasceram de novo. 

Esta humildade que Jesus ensina no verso 3 do capítulo 5 de Mateus, não é humildade material. Antes, trata-se da humildade espiritual, ou seja, humildes são aqueles que reconhecem que são pecadores, que não possuem nada para oferecer a Deus, que foram salvos unicamente pela Graça (Efésios 2:8,9). 

Ser humilde aqui é estar ciente da nossa dependência total do Senhor, bem como não se achar bom ou melhor do que ninguém. 

Verdadeira humildade é dizer de coração como o Apóstolo Paulo disse: “sou o menor de todos os santos”, depois, crescendo mais na graça de Jesus, disse “sou o menor dos apóstolos” e, quando já mais maduro na fé, afirmou ser “o principal dos pecadores.” Com isso, vemos que o crescimento cristão é para baixo (Filipenses 2:5 a 9).

Aprendemos esta humildade com Aquele é Verdadeiramente humilde: Jesus (Mateus 11:28 a 30). Ser verdadeiramente humilde é clamar como o Publicano (Lucas 18:13): "Senhor, sê propicio a mim pecador". Esta humildade não é opcional para o cristão. 

Precisamos aprender com o Senhor esta humildade de espírito se quisermos experimentar a verdadeira felicidade prometida por Ele.

Portanto, não pensemos que humildade é ser pobre neste mundo, ou sermos simples, ou outra característica exterior qualquer. Somente será bem-aventurado aquele que estiver consciente de sua pobreza espiritual diante de Deus, sabendo que foi salvo unicamente pelas misericórdias do Senhor.

Você tem esta convicção pessoal? Ore com sinceridade ao Senhor.

ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

FAZER TUDO NÃO BASTA.


 Muitos de nós podemos ser ociosos e preguiçosos. Para estes, a Bíblia adverte comparando-os com a formiga. É o que lemos em Provérbios 6: 6 a 9: “Observe a formiga, preguiçoso, reflita nos caminhos dela e seja sábio! Ela não tem nem chefe, nem supervisor, nem governante, e ainda assim armazena as suas provisões no verão e na época da colheita ajunta o seu alimento. Até quando você ficará deitado, preguiçoso? Quando se levantará do seu sono?” Portanto, os grandes preguiçosos devem aprender esta preciosa lição com a minúscula formiga, de como trabalhar e não procrastinar as coisas. Porém, existem aqueles que não são preguiçosos por natureza, ao contrário, são ativos, dinâmicos e sempre dispostos. Enquanto alguém está pensando em colher espigas de milho, ele já fez o bolo. São rápidos, não medem esforços para fazer e ajudar os outros. Sabemos quem são os preguiçosos e quem são os dispostos. Basta precisarmos de ajuda para carregarmos uma geladeira num domingo a tarde que rapidamente, saberemos a quem chamar. Tem uns que não compensa o custo da ligação telefônica. Porém, ser disposto pode ser tão pecaminoso quanto ser preguiçoso.
A Bíblia nos exorta em Filipenses 2:14, Paulo diz: “Fazei tudo sem murmuração nem contendas”. O que isso tem a ver com as pessoas ativas e dinâmicas? Creio que Paulo está dizendo que não é suficiente ajudarmos sempre e que não é biblicamente correto apenas fazermos tudo que o tem que ser feito. Paulo não está ensinando ativismo religioso ou social. A triste realidade é que existem pessoas que fazem muitas coisas, são rápidas em ajudar, socorrer alguém, não medem esforços para se voluntariarem dia e noite pelos amigos e irmãos. Porém, fazem tudo isso murmurando, se fazendo de vítimas, dizendo, até mesmo e ainda que somente em seu próprio coração: “sempre sobra pra mim”, “porque ninguém mais ajuda?”, “logo essa pessoa que nunca me ajudou agora vem me pedir ajuda” e por ai vai. Suas mãos podem estar dispostas em ajudar, seu semblante pode dar a impressão de alegria por estar socorrendo alguém até mesmo na alta madrugada fria e chuvosa, mas seu coração não para de murmurar. Esse tipo de ajuda pode servir para as pessoas, pois elas muitas vezes não percebem nosso coração. Entretanto, Deus o conhece e julga-nos de acordo com nossas motivações. Precisamos então, aprender não apenas a fazer tudo, mas a fazer sem murmuração, e sem murmuração no coração, aquela que é discreta, mas que Deus ouve.
A murmuração, primeiramente é prejudicial a quem a pratica, porque como uma bola de neve ela, após iniciada, tende a aumentar progressiva e assustadoramente. Segundo, murmurar é pecado. Em Judas versículos 14 a 16, vemos que Deus julgará os murmuradores! Murmurar também é rebelião contra Deus, como vemos quando o povo de Israel murmurou contra Deus mesmo Deus os tendo livrado do Egito (Números 14:26 a 29). Toda murmuração, mesmo que dirigida especificamente contra alguém ou uma situação, na verdade, é contra Deus, conforme Números 14:27 diz:”Até quando esta comunidade ímpia se queixará contra mim? Tenho ouvido as queixas desses israelitas murmuradores”. Ora, a princípio, a murmuração do povo era contra Moisés. Contudo, Deus afirma que estavam murmurando contra Ele, porque Ele estava acima de Moisés, como está acima das circunstâncias da nossa vida também. A murmuração também provoca a ira de Deus, conforme versos 28 a 30 do capítulo 14 do livro de Números diz: “Diga-lhes: Juro pelo meu nome, declara o Senhor, que  farei a vocês tudo o que pediram: Cairão neste deserto os cadáveres de todos vocês, de vinte anos para cima, que foram contados no recenseamento e que se queixaram contra mim. Nenhum de vocês entrará na terra que, com mão levantada, jurei dar-lhes para sua habitação, exceto Calebe, filho de Jefoné, e Jousé, filho de Num.”
Aprendemos então, que tão pecaminoso quanto ser preguiçoso é fazer as coisas com murmuração. Deus não precisa de pessoas que simplesmente fazem. Ele não precisa de ninguém, na verdade. Mas, ele não usa, melhor dizendo, pessoas que simplesmente fazem tudo, mas que são murmuradoras. Ele quer nos ensinar a fazer tudo sem murmuração. Afinal, para apenas fazer as coisas, não precisa ser cristão. Mas, para fazer, mesmo não recebendo nada em troca, mesmo ajudando nossos inimigos, mesmo socorrendo aqueles que nunca moveram um dedo em nosso favor, sem murmuração, antes, fazer com alegria, como para ao Senhor, é imprescindível um coração regenerado, humilde, com motivações puras. Que Deus nos ensine, e oramos para que comece ainda hoje, a ter um coração tão disposto como são nossas mãos, tão sincero quanto devemos ser e tão alegres e contentes com a Bíblia nos ensina a ser. Que façamos todas as coisas, e não apenas algumas coisas, como para ao Senhor e que oremos e vigiemos para não pecarmos contra Deus sendo murmuradores.

ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI

terça-feira, 9 de outubro de 2012

DESOBEDECENDO EM MEIO À OBEDIÊNCIA.


Sabemos que na vida cristã o que vale realmente é a motivação do coração. Atos externos, por mais puros e certinhos que sejam, não valem de nada para Deus, embora valham muito diante dos homens. Deus conhece nosso coração e deseja levar-nos a viver a vida cristã com a motivação interior correta em todas as áreas da nossa vida. Um desses aspectos é a obediência. Precisamos aprender a obedecer corretamente, a ter prazer na obediência. Deus nunca se agradou de sacrifícios, nunca quis obediência cega de seus filhos. Antes, deseja levar-nos a entender que ao Lhe obedecermos prazerosamente, estaremos glorificando o Seu nome, ao mesmo tempo em que desfrutaremos de paz enquanto Lhe obedecemos. A obediência legalista, ao contrário, traz condenação. Obediência por medo de Deus ou simplesmente porque Ele mandou, demonstra que não entendemos a vontade Deus para nós. Quando nosso coração está sem a motivação correta nossa obediência nos traz culpa, medo e tristeza.
Semana passada estava voltando de uma longa viagem de carro e fiquei observando os radares na rodovia. Para os que têm a motivação correta de viajar dentro da lei de trânsito, eles são uma proteção. Porém, aos que desejam infringir tal lei, eles são uma ameaça e transtorno, deixando-os indignados e raivosos. Mas, algumas lições pessoais aprendi com isso. A primeira é que não podemos viver em desobediência constante à Palavra de Deus e somente buscarmos obedecê-la quando na presença de algum irmão na fé. A maioria dos motoristas fazem isso nas estradas, eles correm mais que o permitido, ultrapassam onde não pode, mas quando se deparam placas avisando que tem radar, hipocritamente, diminuem a velocidade por alguns segundos, retomando-a logo após para seguir viagem em flagrante desrespeito às leis de trânsito como vinham até então. Semelhantemente, a presença dos irmãos tem servido de radar para aqueles que ainda não aprenderam o prazer de obedecer a Deus. Imaginem o que tais pessoas não fazem quando estão num quarto de hotel sozinhos, quando estão distantes de irmãos na fé, visto que obedecem apenas por medo de serem pegos e de sofrerem alguma punição ou, mesmo, por medo de decepcionarem alguém. Existem ainda os que respeitam as leis de trânsito, porém, não o fazem por prazer em obedecê-las, não por entenderem que isso é o melhor pra eles, não porque querem honrar as autoridades, mas porque querem ser certinhos. É grande o número de motoristas que respeitam as leis de trânsito com raiva dela, inconformados com o limite permitido, viajam dentro da Lei, mas com o coração odiando aquilo, achando um absurdo as placas de limite de velocidade e ultrapassagem. Em ambos os casos, a motivação está errada. Na vida cristã ocorre o mesmo. Quando amor a Deus, a glória de Deus, a obediência voluntária e prazerosa está totalmente fora de sua motivação, mesmo obedecendo estamos desobedecendo porque o fazemos com a motivação errada.
A segunda lição é que desejamos sempre o que é proibido. Na estrada é assim. Quando é permitido atingir a velocidade de 100 km/h, queremos andar a 110 km/h. Quando a rodovia permite 110 km/h avançamos a 120 km/h e até quando nos é permitido 120 km/h, insatisfeitos, dirigimos a velocidade superior. Isto mostra o pecado do nosso coração em sermos sempre insatisfeitos, sempre querendo o que não temos ou o que não podemos, e também nossa rebelião em desobedecer as autoridades instituías por Deus (Rm 13). Temos repulsa em obedecer porque odiamos estar debaixo de qualquer autoridade. Esse pecado invade de forma mais destruidora nossa vida espiritual. Diz Martinho Lutero que “diante da Palavra todos precisam ceder”. Mas não é isso que vemos na maioria dos cristãos e em nossa própria vida, muitas vezes. Resistimos aos mandamos por que nosso pecado da soberba e do orgulho e de não querermos submeter a nada, nem mesmo à inerrante Palavra de Deus fala mais alto. Veja a que ponto chegou nossa depravação!
Aprendemos que podemos estar desobedecendo a Deus enquanto lhe obedecemos. Como isto pode acontecer? Quando obedecemos de forma legalista, por medo, por obrigação apenas ou por querer mostrar que somos melhores que os demais. Nossa obediência deve ser fruto de nosso relacionamento correto com Deus. Precisamos aprender a obedecer com prazer, com alegria, sabendo que isso é a vontade de Deus para nós. Foi isso que disse Andrew Murray em seu livro  A Escola da Obediência, pag. 84: “ Um coração rendido a Deus em obediência sem reservas é a condição essencial para progredir na escola de Cristo e para crescer no conhecimento espiritual da vontade de Deus.” Logo à frente, na pag. 90, o autor completa dizendo: “ A obediência à vontade de Deus se mostra na terna valorização da voz da consciência. Isso se mostra útil com respeito ao comer e beber, ao dormir e repousar, ao gastar dinheiro e buscar prazer, que tudo seja trazido à sujeição da vontade de Deus.” E, fechando, finaliza com uma afirmativa exortativa: “Oh, quando vamos aprender quão agradável é a obediência aos olhos de Deus e quão indizível recompensa Ele concede ao obediente! A maneira de sermos bênção para o mundo é sermos homens obedientes; conhecidos por Deus e pelo mundo por esta característica única – uma vontade completamente rendida à vontade de Deus.” Para as autoridades deste mundo, o que importa é a obediência. Ninguém irá te perguntar qual a sua motivação por não estar infringindo uma lei. Desde que obedeçamos, isso é o que importa. Mas, na vida Deus não basta apenas obedecermos. Ele deseja que nossa motivação seja correta, Ele sonda nossos corações e intenções e elas é que determinarão se estamos realmente obedecemos como a Bíblia nos ensina ou se estamos simplesmente obedecendo de qualquer modo, com outra motivação. Oremos a Deus, para que Ele sonde nosso coração nos fazendo obedecer com a motivação correta, entendendo que isso O glorifica, que é um testemunho correto ao Seu nome e que traz paz ao nosso coração.


ALEXANDRE PEREIRA BORNELLI