PENSAI NAS COISAS DO ALTO

quinta-feira, 26 de abril de 2012

UM PECADO CHAMA OUTRO.

"Assim como lançando uma pedra em um grande poço se faz um círculo na água, e dele procede outro maior, e este maior faz outro mais estendido, após o qual vem outro, e outros cada vez maiores quase em infinito, assim de um erro nasce outro, e este traz outro consigo maior, após o qual vem outros cada vez maiores quase em infinito se lhe não atalham logo ao princípio."

O autor da frase acima, Fr. Heitor Pinto, sintetizou muito bem como um erro chama outro erro. Quem já não cometeu um erro e, ao invés de consertá-lo, deixou-o para lá, e este trouxe outros erros? 
Igualmente acontece com o pecado em nossa vida. A Bíblia nos chama para nos arrepender e deixar o pecado. É o que diz I João 1: 9: "Se confessarmos os nossos pecados Ele é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar...". E, em Provérbios 28:13, lemos: "O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia". A  ênfase aqui está no deixar. Não basta apenas passar a vida toda confessando o mesmo pecado. Precisamos deixar de praticá-lo. Afinal, a confissão dos pecados não substitui o ato de abandoná-los.
Quando pecamos e não confessamos e deixamos de praticá-lo, embora esse deixar seja algo progressivo, caímos na mesma situação do circulo da água e do erro dito por Heitor Pinto. O pecado não é esquecido pelo tempo e seus efeitos atraem novos pecados. É o que diz F. B. Meyer, no livro Vida Consagrada, Vida Feliz: "Se você deixar cair uma gota de água num balcão de aço, o líquido irá corroer o metal. Se você permitir que um pecado permaneça em seu coração, sem confessá-lo a Deus, ele irá corroer sua paz e tranquilidade. Não espere chegar a noite; ponha-se logo a sós com Deus.Aí mesmo, no meio das pessoas, em meio ao corre-corre da vida, quando as marcas daquele pecado ainda estão recentes, erga o coração para seu misericordioso e sempre atento Salvador.O sangue de Jesus está sempre em operação, purificando-nos de pecados inconscientes. Mas é nossa responsabilidade aplicá-lo aos pecados conscientes, aos pecados de que temos conhecimento, assim que nos dermos conta de que pecamos." Observemos como um pecado não confessado realmente chama outros pecados que a princípios parecem não ter ligação entre si. Contudo, a ligação entre os pecados sempre existe, apesar de seres em áreas totalmente diferentes muitas vezes, porque todo pecado visa um único fim, o de fazer com que eu e você nos rebelemos contra Deus”. Foi com grande sabedoria que Erwin Lutzer disse em seu livro sobre Vitória sobre a Tentação, pág. 259: "Pelo fato de todo pecado ter em comum a rebelião, um pecado pode ser a causa de outro, ainda que haja pouca relação entre ambos. As forças que abrem as portas do coração à lascívia podem ser geradas por uma fonte diferente. Pode ser que você não pense que forjar gastos em seu imposto de renda vai levá-lo à tentação sexual, mas isto pode acontecer. Se a cobiça levou a uma derrota militar, pode levar á uma derrota moral. Podemos testemunhar isso em nossas vidas.
Dai vemos a gravidade do pecado não confessado. Segue então que devemos dar a devida importância à nossa real confissão e luta por abandonar a prática do pecado para que alcancemos uma vida cristã marcada pela busca da santidade em todas as áreas da nossa vida. Um pecado chama o outro e este outro o atende com rapidez, a não ser que a confissão e o abandono separem um do outro.

Alexandre Pereira Bornelli
                                                                                                                                                

                                                                

terça-feira, 17 de abril de 2012

QUE FAREMOS?


 Não podemos permanecer indiferentes diante da Bíblia. Algo sempre acontece quando lemos a Palavra de Deus, seja ele positivo ou negativo. O que não é possível é lermos a Bíblia e nada acontecer.
No livro de Atos, capítulo 2, versos 37 e 38, logo após o conhecido discurso de Pedro, lemos: "Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo."
O contexto aqui revela que eles estavam ouvindo o Evangelho e ainda não tinham sido convertidos ao Senhor. Daí Pedro dizer para arrependerem-se e serem batizados em nome de Jesus. Merece destaque a expressão “compungiu-se-lhes o coração”. A Palavra pregada comoveu, sensibilizou, despertou, convenceu e agiu positivamente no coração dos ouvintes, por isso tiveram condições de reagir à Palavra pregada, dizendo “Que faremos, irmãos?”. Doutro modo, sem esse atuar divino,  por si mesmos, nada poderiam fazer.   Em contrapartida, quando o jovem rico (Lucas 18: 18) encontrou com Jesus, lhe perguntou: "Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" Em seguida (v. 20), Jesus lhe respondeu: "Sabes os mandamentos: não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe." O jovem, cheio de si, respondeu (v.21): "Tudo isso tenho observado desde a minha juventude." Jesus não se impressionou com o discurso do jovem, porque conhecia o seu coração e então, concluiu (v. 22): "Uma coisa ainda te falta: vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus, depois, vem e segue-me". De fato se o jovem tivesse guardado corretamente os mandamentos ele teria obedecido à determinação de Jesus. Mas, sua reação foi negativa, pois lemos no verso 23 que "ouvindo ele estas palavras, ficou muito triste, porque era riquíssimo." A Palavra não compungiu seu coração, por isso, não teve condições de obedecer ao comando de Jesus. O fato é que o jovem não ficou indiferente, ao contrário, ficou triste com a ordem de Jesus. Ninguém, ao ouvir a Palavra de Deus, permanece indiferente. Ou tal pessoa é convencida pelo Espírito Santo a aceitar o convite de se arrepender, ou, se torna mais endurecida pelo engano do pecado. 
Mesmo que no caso do texto de Atos, o "arrependei-vos" era para a salvação inicial, devemos entender que mesmo para aqueles que já foram salvos em Cristo a ordem para arrependimento permanece inalterada. Todas as vezes que lemos a Bíblia, seja em nossa leitura individual ou coletiva, devemos orar perguntando-nos diante de Deus: "O que devo fazer Senhor diante dessas Verdades?".  Ao nos perguntar, demonstramos que fomos primeiramente compungidos a isso. Em I João 4:19 temos a certeza que “O amamos porque Ele nos amou primeiro”. Tudo que fazemos positivamente para Deus é uma reação à ação primeira do Senhor. Não temos condições de por contra própria agirmos em direção a Deus. Sempre reagimos, como resposta a ação soberana de Deus em nosso favor. Por isso, certamente que para nos arrepender da nossa falta de fé e prática na Palavra de Deus dependemos do Senhor. É o que diz Romanos 2: 4: "Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?" Em João 15:5, lemos algo que reforça esta verdade: "Sem mim nada podeis fazer", e, ligando os dois textos, temos: "Sem mim, nada podeis fazer, nem mesmo arrepender, que é fruto da minha bondade". 
Aprendemos que se a Palavra não nos compungir primeiro, não temos condições de dar uma resposta positiva ao Senhor. Porém, devemos orar para que o Espírito Santo opere a Palavra em nosso coração levando-nos sempre a um genuíno e diário arrependimento da nossa incredulidade, do nosso coração dividido, do nosso pouco amor e pouca prática aos mandamentos de Deus.

Alexandre Pereira Bornelli

terça-feira, 10 de abril de 2012

QUEREMOS OU NÃO QUEREMOS O CÉU?

Desejamos realmente o céu? Se perguntassem a nós para onde queremos ir, certamente falaríamos que desejaríamos conhecer vários lugares do mundo. E não há pecado nisso. Mas, alguém de nós, espontânea e sinceramente, responderia o céu?
Uma evidência incontestável da gravidade e malignidade do pecado em nossa vida é vista no fato de ainda desejarmos pouco (se é que a desejamos!) a volta de Cristo. Mesmo vivendo num mundo violento, promíscuo, onde doenças, tragédias, perdas e mortes fazem parte do nosso dia-a-dia, ainda assim não queremos o céu, mesmo lendo nas Escrituras ser um lugar onde não haverá dor, morte, sofrimento e estaremos para sempre com Cristo. Preferíamos um mundo melhor por aqui mesmo, mas não necessariamente, o céu.  Isto, porque não fomos ganhos e constrangidos suficientemente pelo amor de Deus. Ninguém deve desejar o céu como escape das responsabilidades da vida ou por alívio de alguma dor. Afinal, Deus nos colocou neste mundo para sermos sal e luz, suas fiéis testemunhas. Mas, cristãos que não desejam a volta de Cristo, que não desejam estar eternamente com Jesus é uma contradição de termos. É evidente que contamos com as bênçãos de Deus aqui, tais como o casamento, filhos, família, amigos, igreja, etc. No entanto, nada disso pode ser comparado com o fato de estarmos definitivamente com Cristo.  Será que a promessa bíblica que afirma ser o  céu algo incomparavelmente melhor do que esta vida é um golpe? Evidentemente que não. Daí percebemos como o pecado é mais gravoso do que imaginamos. Ele nos faz duvidar que o céu será realmente melhor do que o melhor que pudermos experimentar nesta vida. O problema é que estamos muito dividido e enraizado neste mundo, tendo o nosso coração ainda fixo nas mais coisas terrenas e materiais do que nas espirituais e eternas. Richard Baxter diz que  "em nada, a não ser no céu, vale a pena colocar nosso coração”. Precisamos crer nessa verdade! Quanto mais do céu desejarmos, menos da terra cobiçaremos e o contrário também é verdadeiro. O escritor cristão J. C. Ryle, autor do excelente livro Santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor, disse: “ É provável que nada nos prepare tanto para aquele céu, onde a presença pessoal de Cristo será tudo, e para aquela glória onde encontraremos Cristo face a face, do que perceber, enquanto estamos aqui na terra, que ter comunhão com Cristo é ter comunhão com um Pessoa viva e real.” O fato de desejarmos tão pouco o céu reflete o tanto que ainda não desfrutamos de comunhão real com Cristo nesta terra. Precisamos crer que Palavra de Deus tem poder e eficácia para ganhar nossos afetos a ponto de, mesmo tendo uma vida cristã boa, assim pode nos fazer buscar arduamente desejar o céu. É o que diz Arthur W. Pink em seu livro – A Vida de Elias, pag. 233: “Deveria ser destacado que há uma diferença radical entre desejar ser liberto de um mundo de contratempos e tristeza, e um desejo de ser liberto deste corpo mortal, a fim de estarmos na presença do Senhor. Era esse último desejo que  o apóstolo abrigava, quando disse: "tenho o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor" (Fl 1:23). Um desejo de ser liberto da pobreza desprezível ou um leito de fraqueza é apenas natural, mas um desejo ardente de ser liberto de um mundo de iniquidade e de um corpo mortal para podermos gozar perfeita comunhão com o Amado, isso é de fato espiritual.”
Diante desse dilema que castiga a todos nós, onde por um lado falamos que queremos o céu e por outro, não demonstramos isso em nossa vida, anseios e orações, não nos preparando para ele, concluímos que ainda não queremos de fato o céu porque amamos muito a terra. É preciso sinceridade em nossa confissão, orando a Deus para que ganhe mais nossos afetos, nos desarraigando da terra, a fim de desfrutarmos de um relacionamento mais íntimo com Ele. Isto nos fará desejar a Sua volta e consequentemente o céu, independentemente das circunstâncias da nossa vida aqui na terra.

Alexandre Pereira Bornelli

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Sábio ou insensato?

Crer na Bíblia como a inerrante Palavra de Deus implica, necessariamente, em não crer que este mundo e sua cultura e "sabedoria" são fontes confiáveis para depositarmos nossa vida. A vida cristã é uma contracultura. 
Esta verdade tem várias ramificações. Uma delas é que ser sábio segundo a Palavra de Deus nada tem a ver com a sabedoria do mundo. Para os incrédulos sabedoria é ser independente, autônomo e confiante em si mesmo. Para os cristãos, ser sábio é ser dependente de Deus (João 15:5) e confiar única e totalmente em Jesus Cristo (Salmo 40:4; 71:5). Os conceitos do mundo e de Deus são e serão eternamente opostos. Tiago 4:4 já nos alertou que a amizade com o mundo nos torna inimigos de Deus. 
Tendo por base esta verdade, temos em Provérbios 14:16 que "o sábio é cauteloso e desvia-se do mal, mas o insensato encoleriza-se, e dá-se por seguro". É nos mostrado um contraste neste provérbio. O sábio (segundo a Bíblia) é aquele que não confia em si mesmo, que sabe que seu coração é mal (Marcos 7:20,21), enganoso (Jeremias 17:9), por isso é uma pessoa cautelosa, não afoita, reflexiva e que se desvia do mal, das coisas que confrontam a Palavra de Deus. Este é o sábio segundo Deus. Mas, segundo o mundo, este é o covarde, medroso e inseguro. A segunda parte do texto de provérbios diz algo sobre o insensato, sobre aquele é sábio segundo o mundo. Este é seguro em si mesmo, sua confiança está nele mesmo e tudo gira em torne dele mesmo. A Bíblia o define como insensato, ou seja, louco, maluco, alienado e insano. Para o mundo é um sábio, pois dá-se por seguro de seus próprios caminhos, não é cauteloso, não se desvia do mal, pois ele mesmo confia em seu discernimento. Este é insano e louco.
Como temos sido em nossa caminhada cristã: sábios ou insensatos? Qual nosso conceito de sábio e insensato? É o mesmo da Bíblia ou temos invertido a ordem? Nossas escolhas, caminhos, decisões, amizades, nosso viver, falar, pensar tudo são evidências irrefutáveis do que realmente somos. Temos sido pessoas cautelosas em viver nesse mundo perverso, temos nos desviado do mal? Em caso positivo, somos então sábios aos olhos de Deus por mais que o mundo e as pessoas ao nosso redor digam o contrário. Se, ao contrário, temos nos achado seguros, independentes, se temos confiado em nós mesmos, somos insensatos aos olhos de Deus, mesmo que as pessoas ao nosso redor nos achem sábios. Nossas escolhas dizem quem somos.

Alexandre Pereira Bornelli