PENSAI NAS COISAS DO ALTO

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Macro e micro

Todo cristão confia em Deus? Todo cristão espera confiantemente em Deus? São perguntas que não são fáceis de serem respondidas. O Salmista, no Salmo 40 diz: "Esperei confiantemente no Senhor e ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro". Aprendemos que devemos confiar e que aquele que confia, espera, ou seja, não fica agitado, amedrontado ou ansioso enquanto aguarda a vontade de Deus. Claro que isso é um processo crescente em nossa vida. Ainda não confiamos completamente no Senhor, por isso ainda esperamos agitados, ansiosos e até duvidosos.
É interessante notar que como cristãos, não temos muita dificuldade em confiar num Deus que governa os céus, que dirige a história mundial, os animais e toda a criação. No macro, é mais fácil confiar em Deus. Contudo, quando precisamos confiar num Deus que cuida da nossa vida, que nada acontece sem Sua permissão, que nem mesmo um fio de cabelo cai da nossa cabeça sem que Ele assim permita, ou, que nossa saúde, emprego, família, tudo está sob Seus cuidados, é algo mais desafiador a todo cristão. Isso é confiar em Deus no micro. Muitas vezes, quando perguntados, dizemos que confiamos em Deus. Mas, no dia seguinte, uma febre do nosso filho, um mal-estar nosso, ou algo que saiu diferente do que esperávamos é o suficiente para nos desesperar, deixando-nos sem dormir e comer, além de colocamos em dúvida se a vontade de Deus é realmente boa, perfeita e agradável (Rm 12: 1,2).
Portanto, o desafio para todos nós, indistintamente, é confiar em Deus no micro, nas pequenas coisas, nos imprevistos do dia-a-dia, nos detalhes da vida e assim por diante. Deus nunca falhou e nunca falhará em cumprir Suas promessas. Isto é importante porque muitos pensam, erroneamente, que Deus é fiel a cada um nós, quando na verdade, Ele é fiel às suas promessas, à Sua Palavra. O compromisso de Deus é com a Sua Palavra, por isso que precisamos obedecê-la para desfrutarmos da Sua fidelidade. Porém, o fato de confiarmos em Deus não quer dizer que acontecerá o melhor aos nossos olhos naturais. Mas, sim, que o que acontecer, no plano do Senhor é o melhor que poderia para cooperar no desenvolvimento do caráter de Jesus Cristo em nossa vida, ainda que não entendamos de início. E como confiar assim é difícil! Importante dizermos que nossa confiança em Deus está diretamente relacionada à nossa intimidade com Ele. Quanto mais andamos com Deus em verdade e intimamente, mais vamos conhecendo-O e mais vamos confiando em Seu agir nas pequenas e grandes coisas da nossa existência.

Alexandre Pereira Bornelli

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Pode e não pode

Quando o assunto é santidade está implícito a obediência. Não há santidade sem obediência a Deus. Não uma obediência legalista, rancorosa, onde se obedece exteriormente, mas o coração está murmurante e rebelde. Mas, sim, aquela obediência onde se entende, apesar de muitas vezes ser difícil, que é a vontade de Deus que é boa, perfeita e agradável, por isso obedecemos.
Essa obediência não deve ser como de uma criança que fica o dia todo perguntando aos pais: "Pode fazer isso? Pode ir ali? Posso falar isso?" Quando somos crianças espirituais nos comportamos assim. Queremos a todo instante perguntar ao pastor, a alguém e até mesmo a Deus se posso falar assim, fazer isso, vestir tal roupa, ter tais amizades, ir a tal lugar, etc. Parece que queremos uma lista do que pode e não pode, como se a santidade estivesse nesse tipo de obediência. Santidade não pode ser igualada a este tipo de proibições específicas. Não existe uma lista do que pode e não pode.  Jerry Bridges diz que "quando seguimos essa abordagem de santidade, corremos o risco de nos tornar semelhantes aos fariseus, com sua interminável lista."
Ao invés de nos dar uma lista de pode e não pode, Deus nos deu o Espírito Santo que é o árbitro em nosso coração (Cl 3:15). Cada cristão sabe interiormente, sem o auxílio de lista, o que desagrada e ofende a Deus; quando está em desobediência ou não; quando deve parar de fazer tal coisa ou não e assim por diante. Para andarmos em santidade e obediência, devemos estar sensíveis ao Espírito Santo, andando andando e praticando a verdade com Deus. Por isso que muitos cristãos, infelizmente, prefeririam andar com um lista no bolso, assim não precisariam manter uma vida em intimidade com Deus. Mas o Senhor não fez uma lista, graças a Deus! Por isso, precisamos cultivar uma vida íntegra, andar em verdade, porque Deus ama a verdade no íntimo (Sl 51:6) e estarmos sensíveis ao Espírito que mediante a paz de Deus em nosso coração, sinaliza quando estamos caminhando em terreno espiritualmente perigoso, em pecado. Que todos nós rasguemos nossas listas, ainda que mentais, do que podemos ou não fazer e troquemos por um andar diário com Deus, em oração, leitura da Palavra, nos enchendo do Espírito, para que em obediência prazeirosa, andemos em santidade.

Alexandre Pereira Bornelli


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Guardando a Palavra de Deus

Não resolve nada ler um cardápio e não se alimentar. É perda de tempo comprar um remédio e não tomá-lo. Pior ainda, é ter a Bíblia e deixá-la fechada. A Bíblia fechada não tem poder algum. Aliás, nem mesmo aberta, ela o tem simplesmente por estar aberta. Vemos muitas casas e estabelecimentos comerciais com uma Bíblia aberta, como sendo algo para dar sorte, espantar a crise financeira, ladrões, problemas de saúde, decepções familiares e pessoais, dentre outras coisas.
O Salmista disse no Salmo 119:11: "Guardo no coração as tuas palavras para não pecar contra Ti". Segundo o escritor e pregador da Palavra de Deus Hermistein Maia Pereira da Costa, em seu edificante livro - "A Tua Palavra é a Verdade", pag. 42, guardar a Palavra não é: a) perder - "Aquele documento está tão bem guardado que não consigo achá-lo"; b) esquecer: "guardar na gaveta, engavetar"; também não é, c) reservar: "guardar lugar na fila, reservar algo para um amigo", d) ressentir: "guardei o que você fez comigo", ou, proteger: "guardar o carro na garagem". Quando o salmista disse "guardo no coração a tuas palavras...", continua o mesmo escritor (pag. 45), quis dizer que "este guardar envolve o homem todo. Estamos comprometidos em crer e pensar (meditar) na Palavra, experimentá-la e praticá-la. Guardar a Palavra é transformá-la na palavra final de nossa mente, emoção e vontade. Guardamos a Palavra quando ela se torna o padrão de nosso pensar, sentir e agir."
Por isso o Salmista deu tanta importância em guardar a Palavra de Deus. Nada do que ele guardasse poderia ser útil para livrá-lo do poder do pecado na hora da tentação. Tem pessoas que guardam a foto do cônjuge, ou dos filhos na carteira para quando estiver sendo tentado e ao olhar para seus queridos, tenha força para fugir da tentação e do pecado. Isso pode funcionar um ou poucos dias, mas não tem a cura, não nos transforma interiormente. José não pecou com a mulher de Potifar porque tinha a Palavra de Deus guardada em seu coração, o que lhe gerou temor (Gn 39:9).  Assim também o Salmista não guardava outra coisa senão a Palavra de Deus no seu coração para o mesmo fim. Para guardarmos a Palavra precisamos ler, orar, meditar nEla. Temos feito isso? Na hora da tentação, virá à nossa mente o que temos dentro de nós e se estamos nos alimentando deste mundo, dos desejos carnais, da vaidade, ganância, avareza, sensualidade, será isso que nos "socorrerá" nas horas difíceis. E, sabemos muito bem que essas coisas não têm poder algum de sustentar a vida espiritual de alguém (Lc 12:20).
Daí a importância urgente de nos voltarmos para a Palavra de Deus, guardarmos ela em nosso coração, meditando diariamente nela, orando para que Deus vivifique essa Palavra em nossa vida, a fim de que a obedeçamos irrestrita e inegociavelmente todos os dias e em todas as circunstâncias. A prova que estamos guardando a Palavra de Deus em nosso coração não é que não pecamos mais, mas sim, que tememos mais a Deus, e por isso, fugimos mais do pecado, pensando e agindo em nosso dia-a-dia com a certeza de que Deus nos conhece, está nos vendo e que iremos prestar contas a Ele dos nossos atos.

Alexandre Pereira Bornelli