PENSAI NAS COISAS DO ALTO

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Quanto pesa um copo de água?

Segurar um copo de água com a mão, mantendo o braço esticado, não é um grande desafio a ninguém a partir de um ano de vida. Todavia, o desafio começa quando tentamos segurá-lo na mesma posição por um longo tempo. O que era tão fácil tornar-se-á, ao longo do tempo, insuportável pela dor e pelo cansaço.
Quando Jesus disse em I Pedro 5:7: “lançando sobre ele a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” estava dizendo que não podemos suportar por muito tempo a ansiedade, que é fruto das preocupações da vida. Talvez, temos segurado a ansiedade com nossas mãos e por isso estamos cansados e sem forças para continuar a crer e descansar no cuidado de Deus. Por isso, Jesus disse para lançarmos sobre Ele nossa ansiedade, porque sabe da nossa frágil estrutura. É o que aprendemos em Mateus 6:25: “não andeis ansiosos pela vossa vida...”, também em Lucas 12:26: “Se, portanto, nada podeis fazer quanto às coisas mínimas, porque andais ansiosos pelas outras?” e, em Filipenses: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.” Por um lado, devemos lançar nossa ansiedade sobre o Senhor; por outro, devemos tornar nossas preocupações conhecidas diante de Deus pela oração. É Deus operando e nós, cooperando através da oração, no processo da nossa libertação da ansiedade. Devemos orar, confessar e lançar sobre Deus nossa ansiedade.
Todos nós temos problemas, medos e preocupações, incredulidades que geram ansiedades. O problema, porém, é que insistimos em resolvê-los por conta própria, resistindo em não lançá-los aos cuidados do Senhor. No fundo, isso revela dois graves problemas do nosso coração: o primeiro é a incredulidade por não confiarmos o suficiente que Jesus realmente cuida de nós. O segundo é a soberba que impede de lançarmos sobre Deus nossas ansiedades porque julgamos ter forças e condições suficientes para carregarmos nossos problemas, preocupações e ansiedades sozinhos. Tanto um quanto o outro são pecados e precisam de confissão e arrependimento. Deus é quem cuidou, cuida e sempre cuidará de nós. De que adianta andarmos ansiosos? Iremos resolver os problemas com a nossa ansiedade? Claro que não. Jesus nos diz: “qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?” (Mt 6:27). A ansiedade não resolve nossos problemas, antes, deixa mais pesado o nosso fardo. Pratiquemos esta verdade, lançando confiantemente nossa ansiedade em Deus pela oração, confessando nossa incapacidade para carregá-la, porque é Ele quem cuida de nós.
Não tentemos segurar nossa ansiedade e nossas preocupações em nosso coração. Antes, entreguemos em oração agora mesmo ao Senhor e descansemos em Sua soberana vontade. Não é fácil lançar sobre Deus porque isso exige fé, mas o caminho estreito nunca será fácil mesmo. Porém é o caminho que nos conduz à salvação tanto eterna, quanto diária das nossas almas.

Alexandre Pereira Bornelli

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Quais são os seus planos?

A Bíblia não condena que façamos planos ou que tenhamos metas na vida. Ela não censura àqueles que desejam expandir seus negócios. O que a Palavra de Deus proíbe é o modo como fazemos isto, confiando em nossa capacidade natural, sem considerar que o Senhor é quem determina tudo.
Tiago 4:13 a 16, nos ensina esta verdade: "Atendei agora, vós que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos para cidade tal, e lã passaremos um ano, e negociaremos e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois apenas como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como faremos isto e aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a esta é maligna." Todos aqueles que dizem com soberba que farão isso ou aquilo, como se tudo dependesse apenas da sua capacidade, boa vontade e disposição recebem uma severa advertência da Bíblia - "Que é a vossa vida? Sois apenas como neblina...". "Vós não sabeis o que sucederá amanhã". Noutras palavras: "quem vocês pensam que são?" O amanhã é algo desconhecido do homem. Deus não nos deu tal conhecimento, conforme vemos em Provérbios 27:1: "Não te glories do dia de amanhã, porque não sabes o que trará à luz". Tiago continua dizendo que até mesmo para permanecermos vivos dependemos da graça e da permissão de Deus, ao nos ensinar (v.15) que devemos dizer: "Se o Senhor quiser, não só viveremos, como faremos isso ou aquilo". Deus é também Senhor dos nosso negócios. Segundo o comentário de Augustus Nicodemus Lopes sobre Tiago, pag. 145, "o cristianismo não é somente acerca do destino futuro de nossa alma, mas também acerca da nossa vida neste mundo". Está claro que dependemos de Deus para continuar simplesmente respirando e para realizarmos algo qualquer que seja! É o que João ensina em João 15:5: "Sem mim nada podeis fazer". Nada mesmo, nem viver, complementa Tiago! Deus é quem nos dá e mantém o fôlego da vida! Ele domina cada área da nossa vida!
Esta jactância de dizer que viveremos e faremos isso ou aquilo sem colocar nossos planos sujeitos à vontade de Deus é maligna, segundo Tiago,justamente porque evidencia uma arrogância em pensar que conseguimos viver e fazer coisas por conta própria. Calvino diz sobre os cristãos que Tiago exorta: "...não somente roubavam a Deus o direito de governar, como também se gloriavam disto".  Com isso, Tiago não quer criar chavões religiosos, não quer que falemos "se Deus quiser" da boca para fora, como sendo algo mágico. A vontade de Deus é o fator determinante e dominante da história, circunstâncias e da nossa vida. O que devemos considerar e aprender com esta preciosa exortação é que devemos realmente crer e planejar a vida à luz desta verdade! Falando com sinceridade que tudo acontecerá somente se Deus permitir, nosso orgulho será confrontado e nossa visão da soberania de Deus e da nossa fragilidade, ficará sempre evidente ante nossos olhos. Isto, se feito com a motivação correta e com realidade espiritual, nos fará viver mais humildes e conscientes de que tudo depende da vontade de Deus.
Pratiquemos esta exortação com realidade em nosso coração. Planejemos sempre com esta verdade diante de nós: "se o Senhor quiser, se o Senhor permitir". Planejar a vida desconsiderando isto é característica daqueles que não conhecem ao Senhor. Vivamos coerentemente com esta verdade que proclamamos. Isso será um lembrete de que somos como a neblina e que Deus é eterno e Soberano sobre tudo e todos. 
Alexandre Pereira Bornelli

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A oração de Agur

A Bíblia contém inúmeras orações, todas elas igualmente preciosas e que nos ensinam a orar diante de Deus. Uma delas está em Provérbios 30: 5 a 9, conhecida como a oração de Agur. Suas sinceras palavras foram assim registradas: “Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam. Nada acrescenteis às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso. Duas coisas te peço; não mas negue, antes que eu morra: Afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza: dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: quem é o Senhor? Ou que, empobrecido, não venha a furtar, e profane o nome de Deus."
Seria pretensioso quem ousasse, em poucas linhas, esgotar esta linda e sincera oração. Sendo assim, alguns, somente alguns princípios serão destacados neste texto para nossa reflexão.
O primeiro princípio claro da oração de Agur é o reconhecimento de que a Palavra de Deus é absolutamente pura, perfeita, completa e que é proteção para os que nela confiam. Não que a Palavra nos protege contra doenças, roubos, tristezas, perdas e mortes. Mas sim, que ela nos protege do pecado, de uma vida alienada de Deus e da morte eterna. Justamente por ser pura e perfeita ninguém deve ousar acrescentar nada a esta Palavra que representa a voz de Deus. Ela não precisa ser reeditada, atualizada ou modernizada. Ela foi, é e sempre será pura, atual e completa. Precisamos crer assim! Caso alguém tente alterar uma vírgula que seja, será tido por mentiroso. Então, diante deste conhecimento correto da Palavra de Deus e da sua eficácia, Agur faz um pedido sincero e correto diante de Deus. Faz dois pedidos. Sua preocupação primeira é com relação ao seu interior, depois com o exterior. Seu primeiro pedido foi para que seja afastada de si a falsidade e a mentira. Essa terrível dupla – falsidade e mentira – são males que sempre se apresentam à nós e são males interiores que só causam incômodo naqueles que realmente querem uma vida santa diante de Deus. Somente após pedir o afastamento da falsidade e da mentira é que Agur ora pedindo algo exterior, que Deus não lhe dê nem a pobreza nem a riqueza, explicando as conseqüências de uma e de outra. Pedir para não ter a pobreza também pedimos, mas e para não ter riqueza? Agur então demonstra um coração equilibrado, não avarento, não arraigado neste mundo e nem um coração que gosta de ser vítima de misericórdia dos outros, por ser pobre. Ao contrário, ele orou para conseguir viver o hoje, conforme a Bíblia nos ensina, ao dizer “dá-me o pão que me for necessário”. Quem de nós ora desta maneira? A preocupação de Agur era não ficar soberbo com a riqueza, esquecendo-se de Deus e nem ficar tentado a furtar e profanar o nome de Deus caso os bens materiais necessários lhes faltasse. Não que os ricos são necessariamente soberbos e os pobres furtam ou profanam. Vemos ricos que furtam e pobres que são soberbos e vice-versa. O problema aqui é do coração do ser humano que é inclinado a agir conforme as circunstâncias exteriores. Agur estava orando algo pessoal, esta seria uma dificuldade particular dele e pode ser a nossa também. Isto demonstra ainda que por ele reconhecer que a Palavra de Deus é pura, também reconhecia seu falho e pecaminoso coração, ao precaver-se da soberba pelo excesso de bens e do roubo e profanação pela falta deles. Agur sabia muito bem do que seu coração pecaminoso era capaz e só sabia disto porque sabia primeiro que a Palavra de Deus é pura. Conhecer a pureza da Palavra é conhecer nossa impureza também. Matthew Henry comentando este assunto, diz que Agur "teme apenas um pecado, porque este pecado o levaria a outro pecado, pois o caminho do pecado é descendente. Ele teme fazer alguma coisa que O ofenda, por causa do relacionamento que tem com Ele."
Aprendemos então, que primeiramente devemos reconhecer a pureza de toda a Palavra de Deus, não há imperfeições, falhas ou omissões nela. Além de completa, ela é pura! Uma vez convencidos disto, iremos pedir algo dentro da vontade Deus. Nossa oração começará manifestando a vontade para que Deus restaure nosso interior e, depois, como conseqüência, nosso exterior. E, por fim, sabendo da pureza do Senhor, saberemos também da impureza do nosso coração que pode ficar soberbo ou profanar dependendo das condições e circunstâncias.  Isto tudo nos levará a fugir de pecar contra o Senhor seja por causa das riquezas ou da pobreza. O verdadeiro relacionamento com o Senhor Jesus nos fará lutar contra o pecado em toda e qualquer situação e circunstância. Comecemos reconhecendo a pureza de Deus e nos coloquemos debaixo da autoridade das Escrituras  para que tenhamos uma vida que agrada e honre a Deus em toda e qualquer situação.


Alexandre Pereira Bornelli

terça-feira, 3 de maio de 2011

Um olho em Deus, outro no mundo.

Há quem assiste dois ou mais programas na televisão ao mesmo tempo, mudando de canal a cada segundo para não perder nada dos programas. Confesso que recentemente tentei assistir dois jogos de futebol ao mesmo tempo. O resultado foi um descontentamento total, porque perdi os melhores momentos dos dois jogos. Na verdade, não assisti nenhum.
Muito embora alguém possa erguer a voz e defender a tese de que é possível ver dois ou mais programas ao mesmo tempo, desfrutando satisfatoriamente de todos, na vida cristã não é possível viver olhando para Deus e para o mundo. Acaso estamos insistindo em viver aproveitando um pouco de Deus e do mundo? Isso não é possível. O crente que fica tentando sintonizar-se nas coisas de Deus e do mundo vive muito mal, fica fora do ar e vive pior do que aquele que está sintonizado somente no mundo. Querer aproveitar das coisas do Senhor, como cristão, e, das coisas do mundo, como se dele fosse, é causa de abatimento, insatisfação e tristeza. Aquele que num dia sintoniza sua mente, vontade e emoções para as coisas deste mundo, buscando a felicidade, prazer e sentido da vida no dinheiro, amor, lazer, diversão, reputação, trabalho e comida e, no dia seguinte, sintoniza-se nas coisas espirituais para buscar alegria e prazer dedicando-se a oração, santidade, leitura bíblica, reunião da igreja, amor a Deus e ao próximo, está condenado a viver mal, pois está dividido entre Deus e o mundo, sendo isso causa de total infelicidade. Algum sábio anônimo do passado escreveu a grande verdade que diz: “pior que um mundano declarado é um cristão dividido”. Sem dúvidas, pois alguém que quer misturar vida cristã com mundanismo é muito mais infeliz do que aquele que vive apenas para este mundo. Um telespectador que mantém o foco num filme o tempo todo aproveitará mais do que aquele que ininterruptamente muda de canal tentando acompanhar mais de um ao mesmo tempo. Da mesma maneira, um cristão que mantém seu foco nas Escrituras, em Jesus, que busca as coisas do Alto e que vive para a eternidade mesmo sendo diligente com suas obrigações nesta vida, será indiscutivelmente mais feliz e realizado do que aquele que é inconstante, de ânimo dobre e que quer ser amigo de Deus e do mundo (Tiago 4:4).
Ser uma pessoa de um foco só, com o desejo de viver para Deus somente é o caminho certo para uma vida cristã feliz. Paremos imediatamente de querer aproveitar as coisas de Deus e as coisas do mundo. São opostos irreconciliáveis e que não se atraem. Desejar num momento as coisas do mundo e, noutro, as coisas eternas, conforme a conveniência é sintoma de quem não foi realmente salvo. Ou seremos cristãos que amam e vivem para Deus, embora com lutas e pecados, mas com o foco no Senhor ou, seremos pessoas do mundo, que tem suas raízes nesta terra e que vivem para as coisas deste século apenas. Querer aproveitar os dois é uma aberração.

Alexandre Pereira Bornelli