PENSAI NAS COISAS DO ALTO

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Luto e festa

No livro de Eclesiastes capítulo 7, versículo 2, Salomão já afirmou que "melhor é ir a casa onde há luto do que onde há festa, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração".
Por acaso, alguém se lembra de ter ido a uma festa e ter refletido sobre a brevidade da vida? Não é refletir com pavor sobre a morte. Mas, pensar em como temos vivido a vida diante de Deus. Como já disse alguém do passado, a coisa mais certa é a morte e, a mais incerta, é a hora da morte. A propósito, já pensamos que hoje mesmo poderemos morrer? É isto que Salomão quis dizer, ao escrever: "e os vivos que o tomem em consideração". Ou seja, todos aqueles que vão onde há luto, devem considerar a certeza da morte. Consequentemente, isto nos leva a pensar em como estamos vivendo diante de Deus. Os vivos que tomem isso em consideração.
Onde há luto, nossa finitude fica escancaradamente evidenciada à nossa frente. Ali, vemos que não há dinheiro, posição, saúde ou beleza que valha alguma coisa. Em contrapartida, onde há festa, essas reflexões não nos vem à mente. Ao contrário disto, temos a sensação de que a vida é apenas alegria e que as coisas sempre serão divertidas, descompromissadas e tranquilas. Precisamos pensar sobre a vida conforme nos ensina a Bíblia. Salomão não está dizendo que é pecado ir a casa onde há festa e que é santidade ir a um funeral. Não! Apenas nos ensina que é melhor ir onde há luto, porque nossos pensamentos e reflexões tendem a nos fazer rever nossa vida, prioridades, arrogância e orgulho de achar que, por estarmos hoje com saúde ou ainda jovens, nossa vida será longa e nossos dias, compridos. Pensamentos estes, que não ocorrem, costumeiramente, em ambiente festivo.
Não percamos a oportunidade de ir onde há luto, pois ali, refletimos, realmente, que não somos nada daquilo que pensamos ser quando estamos em uma festa. Ali, vemos que nossa vida está nas mãos de Deus, como de fato sempre está e isto nos faz viver uma vida em busca da santidade e com temor a Deus. Pensemos sobre o que temos feito com os dias que Deus tem nos dado para que a morte seja, de fato, uma promoção e não, uma perda. Como diz Paulo, quando o viver é Cristo, o morrer é lucro. O contrário também é verdadeiro. Quando o viver não é Cristo, o morrer é uma perda terrível.
Alexandre Pereira Bornelli

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Porque o pródigo voltou?

Dentre as várias lutas que, principalmente, os jovens enfrentam está a luta contra o mundo. Lutar contra o mundanismo é algo que merece nossa atenção redobrada. A Bíblia, veremos isso, nos alerta muito sobre o perigo de amar o mundo, embora tenhamos que viver nele. Jesus mesmo orou em Mateus 6 não para sermos tirados do mundo, mas para sermos libertos do mal. Isso quer dizer que fomos salvos do mundo (sistema perverso), mas, para continuarmos vivendo nele, sem, no entanto, que o mundo viva dentro de nós. Esse é o centro da questão.
Quando falamos em jovem e mundo, qual história vem primeiro em nossa mente? Penso que a história do filho pródigo que abandonou o relacionamento familiar para se aventurar no mundo, em busca de alegria e realizações (Lc 15:11). Sabemos a tragédia que foi sua vida e experiência no mundo. Sobre esta parábola, queremos apenas destacar um aspecto: você já se perguntou porque o pródigo voltou do mundo? Ele não queria tanto ir? Ele não partiu consciente? Não estava fazendo sua própria vontade? Porque então voltou? Sabemos que ele foi, porque aos poucos foi perdendo o relacionamento familiar e aquela vida com o pai, se tornou monótona, sem graça e chata, coisa pra velho, jovem é outro papo, outra vida! Então, de olho nos amigos, festas e alegrias do mundo, partiu. Mas, já descobriu porque ele voltou? Primeiro, porque verdadeiramente ele era filho. Segundo, porque a alegria que ele tanto buscava o mundo não lhe podia dar. Ele percebeu, às duras penas, que o relacionamento com o pai é insubstituível e jamais deve abandonado. Já se perguntou também, porque muitos jovens querem ir justamente onde o filho pródigo foi e voltou? Será que nos achamos mais espertos do que ele? A razão é porque muitos jovens perderam a alegria da salvação (Salmo 51:12). Perderam a certeza bíblica de onde Deus os tirou, “deste mundo perverso” (Gl 1:4), nos “escolheu do mundo” (João 15:19) e “nos tirou do império das trevas” (Cl 1:1 a 15). Por isso, aos poucos foram esfriando o relacionamento com Deus ao ponto de abandonarem, consequentemente, a vida da igreja. O relacionamento com Deus ficou sem graça e a vida da igreja, pior ainda. Será que este é o seu caso? Vejamos que não é possível conciliar Deus e o mundo (Tg 4:4). Para ter a vida no mundo, ele precisou abandonar a vida com o pai e, para ter novamente o relacionamento com o Pai, ele precisou abandonar a vida no mundo. A Palavra já nos deu essa certeza. Vejamos em I João 2:15 a 17, onde somos alertados para não amar o mundo nem as coisas que há no mundo, pois tudo nele é contrário a Deus. Em Tiago 4:4, somos exortados que os querem ser amigos do mundo se tornam inimigos de Deus. Ou um, ou outro. Estamos querendo os dois Não tem jeito. Em João 15:19: “...como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi...”. Não deixemos isso passar despercebido. Quando um cristão quer ir para o mundo, abandonando com isso, necessariamente, seu relacionamento com Deus (uma conseqüência) podemos afirmar que ele está voltando para o mesmo lugar em que Deus o tirou. Sendo mais direto. Tal crente está dizendo, noutras palavras: “Jesus não precisava ter me tirado do mundo. Eu amo aquele lugar, amo tanto, que quero voltar”. Observemos que o texto de João diz que não somos do mundo, justamente, porque Jesus nos escolheu dele! Como então, podemos querer voltar ao lugar perverso que Ele nos tirou?! Em Tido 2:12 também somos exortados dizendo que a Graça de Deus nos salvou para que abandonemos as paixões mundanas, para vivermos neste presente século, sensata, justa e piedosamente. Fica claro que fomos salvos do mundo perverso, mas precisamos viver nele de forma justa, santa e piedosa. É assim que estamos vivendo? E, finalmente, em Gálatas 6:14, lemos Paulo dizendo que o mundo está crucificado para ele e ele, para o mundo, graças a Cruz de Cristo. A Cruz foi um marco onde fomos crucificados para o mundo e vice-versa. Isso é realidade para nós?
Concluindo, vemos em Romanos 12:1 e 2 que somente quando rogamos pelas misericórdias de Deus, somente quando nos apresentamos a Deus diariamente por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus é que não nos conformaremos com este mundo. Consequentemente seremos transformados pela renovação da nossa mente. Não podemos colocar os carros na frente dos bois. Primeiro, vem nossa entrega pessoal, para depois, termos condições de não tomarmos a forma deste mundo. Queremos nos desarraigar deste mundo, não amar o mundo, não ser conformados a ele? Então, que dia a dia roguemos pelas misericórdias do Senhor, nos apresentando diante dEle em obediência e humildade. Não desejemos estar jamais onde Deus nos tirou e onde o pródigo já esteve e voltou, por ser lá um lugar de aparente alegria, mas de uma realidade terrível e trágica; um mundo perverso. Outra forte razão porque devemos nos desarraigar neste mundo é que somos cidadãos do céu, peregrinos nesta terra (Fl 3:20) Por isso, devemos pensar nas coisas lá do Alto, não nas que são aqui da terra (Cl 3) e não ajuntar tesouros na terra onde a traça e a ferrugem corroem, mas sim, nos céu (Mt. 6:19 – 21). Vivamos com os pés na terra e com a mente no céu!
Alexandre Pereira Bornelli