PENSAI NAS COISAS DO ALTO

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Que faremos?

A pregação cristocêntrica está em falta na maioria das igrejas evangélicas. O que se tem ouvido em muitos púlpitos é uma pregação antropocêntrica, que exalta o homem, sob o rótulo de Palavra de Deus. Trata-se de uma mensagem de auto-ajuda, regada a esforço próprio para produzir obras da carne, gerando frutos carnais para a glória humana. A colheita final pode ser muita coisa, menos transformação de vida, arrependimento e santidade nos ouvintes, que, neste caso, saem estimulados a continuarem na mesma vida, com os mesmos hábitos e o que é pior: crendo que Deus aprova tal conduta. São raras as pregações que abordam a malignidade do pecado, a necessidade de arrependimento, a realidade do inferno, a necessidade da santidade, integridade, transformação, etc. Afinal, isto não dá audiência desejada, não enche os bancos denominacionais, o que pode levar a demissão de alguns pastores pelo possível esvaziamento dos cultos e até, a falência financeira da igreja pelas poucas ofertas dos poucos membros remanescentes. Então, a estratégia de muitos pastores é a mesma usada para as questões seculares. Pois, se todo artista tem que ir onde o povo está, conforme diz uma famosa canção secular, o pastor moderno deve pregar o que o povo quer ouvir e não, o que o povo precisa ouvir. E é isto o que tem acontecido em muitos lugares. Pastores pregam uma mensagem relaxante, engraçada, de auto-ajuda e as pessoas, ao ouvirem, saem felizes por terem sido massageadas em seu ego, mas piores espiritualmente, do que quando entraram. Para muitos, a escolha para em que lugar se reunir atualmente não é por ouvir a Verdade do Evangelho. Escolhem freqüentar cultos por conveniência. O critério é: “sentirei bem ali? Serei, de alguma forma, confrontado, exortado, questionado ou orientado a rever meus valores, confessar pecados, a abandonar certas práticas? Não quero isto. Já me desgasto demais durante a semana com a profissão. Preciso ouvir uma pregação descontraída, sobre um Deus que me entende, faz tudo por mim, e que deixa que eu viva do meu jeito.” Tais reuniões não passa de uma terapia de grupo. Por ouvirem um evangelho adulterado, misturado com idéias humanas, os não instruídos seriamente na Palavra saem da reunião mais confiantes em si mesmos do que quando entraram, quando o biblicamente correto seria justamente o contrário. Em tais lugares não há arrependimento e sim, divertimento e entretenimento. E os cultos lotam a cada domingo e as pessoas continuam as mesmas de sempre. É o famoso me engana que eu gosto, na versão gospel.
No entanto, qual é a atitude de quem ouve a genuína Palavra de Deus? É sair satisfeito consigo mesmo? É ficar ainda mais autoconfiante? É sentir-se importante? Vejamos a reação do povo após a pregação de Pedro em Atos 2:37 e 38: “Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”. Já nos perguntamos – que faremos? – diante da verdade do evangelho que ouvimos? Qual evangelho será que Pedro pregou? Leiamos Atos 2:14 a 36. Foi o evangelho de Cristo, que fala de pecado, necessidade de arrependimento e salvação? Ou, foi uma mensagem de auto-ajuda, da sua própria cabeça, que divertiu os ouvintes, exaltou o pregador e fez todos saírem autoconfiantes? Como as pessoas ficaram depois de ouvir a pregação de Pedro? Melhores, cheias de si mesmas, arrogantes? Terminaram de ouvir e foram conversar de outra coisa, se distraírem? Foram logo pra casa para continuar a mesma vida? Vemos que não. A primeira coisa que os ouvintes de Pedro fizeram foi demonstrar um temor pelo que ouviram. “Que faremos, irmãos”, foi a pergunta que não se calava. A Palavra os confrontou e lhes mostrou a necessidade urgente de mudança. E Pedro, homem sério, ao invés de “passar a mão na cabeça dos ouvintes” para adquirir popularidade, os instruiu como poucos pastores hoje em dia teriam a coragem de fazer, lhes dizendo: arrependei-vos.
A conclusão que chegamos é que a Palavra de Deus sempre exige de nós arrependimento. Ninguém pode ouvir a Palavra e sair mais cheio de si do que já estava. Deve haver um confronto da Verdade ouvida com a nossa vida, nos levando a repensar nossos valores, prioridades, com o fim de nos levar ao arrependimento. Observemos que os ouvintes de Pedro pensaram em si próprios, que faremos, foi a pergunta e, não, o que farão? E nós, pensamos que a mensagem foi para nosso cônjuge, filho, patrão, para aquele tal irmão, menos para nós?A Palavra sempre exige de nós arrependimento. Não há nada mais correto, biblicamente falando, do que buscar graça de Deus (Rm. 2:4) para arrepender-nos a cada pregação ouvida, a cada vez que a Bíblia é lida. Podemos até chorar, nos emocionar, comentar a respeito da mensagem pregada, dizer que foi maravilhosa tal pregação, mas, sem arrependimento não há transformação. Que faremos, irmãos? Clamaremos por arrependimento ou, nessa vida morna continuaremos?
Alexandre Pereira Bornelli