PENSAI NAS COISAS DO ALTO

terça-feira, 14 de abril de 2009

A purificação do leproso

O primeiro acontecimento depois que Jesus desceu do monte (após o sermão do monte), descrito por Mateus capítulo 8 é o encontro de Jesus com um leproso. Grande multidão o seguia e um leproso se aproxima dele. Isto nos traz preciosas lições.
A primeira lição foi o fato do leproso ter se aproximado de Jesus. Estavam ali presentes, frente a frente, o mais Santo e o mais impuro. Ao se aproximar de Jesus, o leproso o adorou dizendo (v.2): “ Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.” Bem objetivo em seu desejo, o leproso demonstra que cria no poder de Jesus, pois certamente ele ouviu de longe o sermão do monte. Tal leproso demonstra uma fé correta. Afinal, diz Hebreus 11:6: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe...” O leproso não pergunta a Jesus se Ele pode curá-lo, não diz que Ele tinha o dever de purificá-lo, apenas afirma crer que Jesus tinha poder para isto, ao dizer “Se quiseres...”. O leproso tinha consciência de sua impureza e por isso sabia não ter direito algum. Mesmo assim, tinha fé para crer no poder de Jesus em purificá-lo.
A segunda lição que nos edifica é a atitude de Jesus. Diz o verso 3 que “Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-lhe dizendo: Quero, sê limpo. No mesmo instante ficou purificado da sua lepra.” O fato de Jesus ouvir o leproso já é algo inusitado para os judeus que mantinham distancia total dos leprosos. Era comum os leprosos ficarem de longe para pedir socorro (Lucas 17:12) Porém, mesmo este leproso se aproximando, Jesus ainda estendeu a mão e o tocou. Isto para o judeu era algo inaceitável, pois quem tocasse num leproso estaria contaminado. Mas, Jesus que era sem pecado, não corria este risco. Ao ser tocado, imediatamente o leproso ficou limpo, graças ao poder do Jesus Divino. É assim que acontece quando o Senhor Jesus opera. Ele disse ao leproso “Quero” e este ficou puro. Em Gênesis vemos a mesma ordem “Haja Luz e houve luz”. Quando o Deus onipotente fala, tudo acontece no mesmo instante.
A terceira lição está registrada no verso 4, quando Jesus disse para o agora ex-leproso ir mostrar-se ao sacerdote. Isto porque o sacerdote, embora não tivesse o poder de curar a lepra, nem os médicos tinham (2Reis 5:7), lhe incumbia declarar a pessoa pura ou impura, conforme os sintomas. Jesus bem que podia curar o leproso e pronto. Mas, conforme ele mesmo disse em Mateus 5:17 que não veio para revogar a lei e sim cumpri-la, foi que deu a ordem. Vemos a razão disto em Levítico 14 que diz que o leproso tinha que se apresentar ao sacerdote para receber a declaração de purificação e assim ser restabelecido á sociedade. Isto servira de testemunho ao povo de que Jesus respeitava a lei mosaica e de que Ele tinha poder pra fazer o que nenhum sacerdote tinha, curar leprosos. A lepra excluía a pessoa de todos. Uma das características terríveis da lepra é que ela torna o leproso insensível a dor, sendo este capaz de se ferir ou se machucar e vir a morrer por infecção. O leproso, conforme descrevem os estudiosos, se assemelhava a um morto-vivo. Considerando que a lepra na Bíblia é sinal de pecado (Ex; Mirian, Nm 12:10);
Considerando que todos pecaram (Rm 3:23), e que nascem em pecado (Salmo 51);
Considerando que a salvação pertence somente ao Senhor (Jonas 2:9);
Considerando que o pecado também nos torna insensíveis para com Deus e nos faz viver sem bons relacionamentos (Ef 4:19);
É que somos totalmente atraídos e cativados pelo imensurável amor de Jesus Cristo ao morrer por cada um de nós na Cruz, pecadores condenadas a separação eterna de Jesus, sem qualquer condição de ir a Deus por conta própria, mortos em seus delitos e pecados (Ef. 2) e, por isso, insensíveis à voz Deus. Mesmo diante deste quadro fúnebre, Jesus tomou sobre si o nosso castigo (Is 53), se fez pecado por nós (IICor 5:21) para que fôssemos feitos justiça de Deus. Jesus não apenas tocou pecadores impuros como eu e você, mas Se entregou por nós. Ele é o nosso Sumo Sacerdote (Hb. 4:12).
É a este Deus que devemos adoração, santidade, pureza e consagração, pois éramos como o leproso e, assim como ele, fomos salvos e purificados por Graça e Misericórdia, simplesmente porque Jesus nos disse “Quero, sê limpo”, mesmo não tendo dever nenhum de fazê-lo. Que vivamos então como pessoas salvas e puras para honra e glória do Senhor.

Alexandre Pereira Bornelli

terça-feira, 7 de abril de 2009

Desculpa qualquer coisa

Quando estamos reunidos em família ou com amigos e alguém nos ofende com palavras ou age ironicamente para nos humilhar, e continua ali como se nada tivesse acontecido, nos sentimos mal. Porém, ao se despedir, o ofensor diz com um sorriso “amarelo” e um tapinha em nossas costas: “desculpa qualquer coisa”. Em seguida vai embora. Pergunta: Ele reconheceu o erro? Houve sincero arrependimento?
Conhecemos bem esta situação, afinal, possivelmente já agimos como o tal ofensor, e também já fomos uma dessas vítimas que sofreu o dano e ficou sem saber o que dizer diante de um pedido de desculpa tão hipócrita desses.
Agora, se há uma irrefutável verdade é a de que todos nós agimos assim com Deus num momento ou noutro de nossa caminhada cristã. Sabemos que somos pecadores e que nascemos em pecado (Salmo 51). Porém, lemos em I João 1:9 que “se confessarmos os nossos pecados Ele é fiel e justo para nos perdoar...”. Como deve ser essa confissão? Muitos cristãos se contentam ao fim do dia, em dizer rapidamente: “Senhor, perdoa meus pecados”. Porém, precisamos ir além desta confissão geral e supérflua. Observemos o que a Bíblia nos ensina em Marcos 7:20. Ela diz que é que “do coração do homem procede os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios, a cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez.” O que há de especial neste texto? Notemos que a Bíblia faz questão de dar nomes aos pecados que moram e que saem do meu e do seu coração, embora salvos pela Graça de Deus. Nomes tais como homicídio, cobiça, inveja...!! E, não foi por acaso que esta lista está registrada nas Escrituras. Também lemos em Gálatas 5:19 a 21 sobre os frutos da carne. Porque então a Bíblia não disse apenas que do coração do homem procede um monte de pecado? Porque lemos quais os pecados especificamente que saem do nosso coração? Uma das finalidades é para que saibamos o perigo que corremos se não estivermos cheios do Espírito Santo. Outra, possivelmente é para que saibamos os pecados que moram em nosso coração para que oremos e vigiemos sobre cada um deles. É mais fácil lutarmos quando sabemos especificamente quem são nossos adversários. Uma vez que a Bíblia faz questão de registrar os pecados, dando-lhes nomes, não devemos nós, ao cometê-los, também arrepender e confessar os pecados, citando-lhes os nomes? Não para que Deus saiba, pois Ele nos conhece antes da fundação do mundo. Mas, para que nós enfrentemos nossa depravação frente a frente. Ora, sabemos quando pecamos pela glutonaria, inveja, pornografia, adultério, cobiça, maus pensamentos, prostituição, soberba etc. Então, se sabemos o pecado que cometemos, devemos igualmente ao confessar, dizer: “Senhor, pequei pela glutonaria (por exemplo). Senhor, sou dominado pela comida. Me liberte desse pecado. Em nome de Jesus, amém”. Ou, podemos comer além do limite, prejudicando nossa saúde e ultrapassando a normalidade e necessidade do nosso corpo e dizer apenas: “Senhor, perdoa meus pecados. Amém”. Qual dessas orações seria a mais sincera, profunda e bíblica? Qual delas evidencia um arrependimento mais sincero? Qual delas expõe mais o nosso coração diante de Deus? Creio que a primeira.
Precisamos aprender a confessar exatamente os pecados que cometemos, seja eles quais forem. Não caiamos na vala da maioria que peca e depois desabafa, dizendo “Senhor perdoa meus pecados”. De quais pecados você está pedindo perdão? Seja específico. Para a nossa cura e libertação precisamos aprender a citar o pecado exato que cometemos. Precisamos urgentemente parar de nos contentar em fazer aquelas confissões gerais, vagas, teóricas e supérfluas que mal servem para descansar nosso sentimento de culpa, quanto mais para nos trazer um sincero arrependimento genuíno. Em nossas confissões, devemos dizer claramente: “Senhor cometi esse e esse e mais esse pecado, me perdoa de cada um deles para a honra do teu nome”. Esta sincera confissão nos trará uma sincera cura, pois ao escutarmos com nossos próprios ouvidos exatamente os pecados que cometemos, certamente seremos mais impactados por nossa depravação e, consequentemente, mais atraídos e cativados pela Graça de Deus que perdoa homens e mulheres tão pecadores quanto a mim e a você.


Alexandre Pereira Bornelli.