PENSAI NAS COISAS DO ALTO

domingo, 30 de novembro de 2008

Peco, não nego. Confesso quando puder.

Saber que somos pecadores pode ser um bom começo, mas se pararmos por ai, de nada adiantou. O crente deve ser consciente de que, embora salvo, ainda tem a natureza pecaminosa e por isso, comete pecados. Contudo, apenas saber disto não resolve a questão. A Bíblia exige algo a mais do cristão.
Muitas vezes indaguei a mim mesmo o porque Davi foi chamado o homem segundo o coração de Deus, sendo que a Bíblia registra muitos pecados cometidos por ele. Pecados de várias espécies, desde adultério até homicídio. Mas, o fato é que Davi era um homem que apesar de ser pecador, como todos nós, era um homem que se arrependia geuninamente, como poucos de nós. Eis a questão: saber que é pecador, muitos de nós sabemos, mas, confessar os pecados e os abandonar, somente a minoria o faz. Davi fazia parte da minoria. No conhecido Salmo 51, ele reconhece, confessa e deixa seu pecado cometido com Bate-Seba. Caso Davi apenas tivesse a consciência de que tinha pecado, não confessando e deixando o pecado, certamente não teria experimentado a vida espiritual que desfrutou com Deus. Talvez muitos de nós reconhecemos que temos pecado, mas paramos por ai. Não fazemos mais nada, nenhuma atitude é tomada a despeito disso. A famosa frase do mal pagador (comercialmente falando) "devo, não nego, pago quando puder" tem sido utilizada por alguns cristãos diante de Deus. Muitos concluem, "peco, não nego. Confesso quando puder". Sãos cristãos que admitem que pecam, mas que não querem resolver o problema, confessando e deixando o pecado. E, com isso, vão vivendo conscientemente na prática do pecado. Arrependimento é uma questão futura, que não lhes incomoda. A questão é: temos o controle sobre as coisas, a vida, os acontecimentos, o amanhã? Podemos confiar que nos arrependeremos amanhã, ou, no próximo mês, ou ano? Dentre outros textos bíblicos, o Salmo 39 nos responde que não. É correto deixar para amanhã a confissão do pecado de hoje? O autor de Hebreus (Hb 3:15) nos responde que não. O dia de Deus chama-se hoje, e o dia do diabo chama-se amanhã e tem como objetivo, a eterna procrastinação. Então, não basta sabermos que somos pecadores. De nada adianta termos apenas a consciência de nossos pecados se não os confessamos e os abandonamos. Você sabe que pecou? O que você tem feito com isso? Tem deixado pra lá, tem empurrado isso para debaixo do tapete da distração, preguiça e procrastinação?
A consciência de que somos pecadores é um ótimo início, mas é somente o início. Deus requer que confessemos e abandonemos nossos pecados. Vejamos I João 1:9: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça". O texto não diz "se soubermos que somos pecadores...". E o versículo de Provérbios 28:13: "O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórida". Veja as condições do texto, "confessa e deixa". Nosso dever como cristãos não é apenas reconhecer que somos pecadores, embora o processo de cura e libertação do pecado começe pelo reconhecimento. Devemos prosseguir neste caminho, confessando os pecados diante de Deus e de terceiros (se preciso for) e deixando a sua prática. Ou seja, evitar o máximo possível cometer os mesmos e outros pecados quaisquer, sabendo, porém, que pode acontecer novamente (pois somos pecadores). No entanto, o pecado deve ser algo indesejado e esporádico em nossa vida. Sempre que pecarmos, o procedimento correto, segundo a Bíblia é reconhecê-lo, confessá-lo e abandoná-lo, pois de pouco adianta os dois primeiros passos desacompanhado do terceiro, sob o risco de vivermos num ciclo vicioso constante (peca - confessa - peca - confessa...). Nosso dever pode se resumir na seguinte frase: peco, não nego, confesso (e deixo) agora. Afinal, até mesmo para nos arrepender dependemos de Deus, como nos diz Sua Palavra em Romanos 2:5: "Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?". Quando o Espírito Santo nos revelar o pecado, sejamos obedientes para confessá-lo, arrepender e abandoná-lo.
Alexandre Pereira Bornelli

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O dever do homem e o cuidado de Deus.

Um assunto que sempre causa polêmica, pela dificuldade de se chegar ao equilibrio, é saber até onde vai o dever do homem e, onde começa a soberania de Deus.
Dentre vários textos bíblicos, há um em particular que nos ajuda a compreender bem o que está ao nosso alcance e o que está somente ao alcance de Deus. O Salmo 127:1 e 2 diz: "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela." Este salmo, primeiramente, nos ensina que nossa vida deve ser vivida na dependência do Senhor. Especificamente, os versos 1 e 2, transcritos acima, indicam que nem a edificação de casas e nem a vigilância da cidade podem ser bem sucedidas a não ser pela ajuda de Deus. Eis a questão levantada por alguns: "como Deus é quem edifica a casa e se é Ele que também guarda a cidade, pronto, tudo está resolvido." Negativo. Será que os que pensam desta forma dormem em suas casas com as portas abertas, ou, ao menos, destrancadas? Não é Deus quem faz tudo?
Vejamos que o Salmo tem uma condicionante. Ele começa com a preposição se. O Salmista não está dizendo que o homem não deve edificar a casa, que ele não precisa se preocupar com isso, que ele pode ficar à toa enquanto Deus a edifica. Tampouco, o mesmo Salmista está dizendo que não precisa de guardas nas entradas das cidades, como era o costume da época, pois Deus guardaria a cidade sem a ajuda dos guardas. Claro, Deus é Deus e, portanto, Ele pode edificar a casa sozinho e vigiar a cidade sozinho. Nisto não há dúvidas. Na realidade, Deus não precisa da nossa ajuda para nada. Ele é soberano e totalmente suficiente em Si mesmo. Mas, por sua livre escolha, Ele decidiu que o homem teria uma parcela de participação nisto. É importante dizer, abrindo um parênteses, que com relação a nossa regeneração não há qualquer participação do homem. Porém, na santificação diária, Deus decidiu que tivéssemos nosso dever de buscá-la e persegui-la. O autor de Hebreus, cap. 12 verso 14 diz: "Segui a paz com todos e a santificação sem a qual ninguém verá o Senhor." Por isso que há graus, niveis de santificação, porque nem todos a buscam conforme a vontade de Deus determina que a busquemos. Isso não é verdade quando o assunto é regeneração. Não existe cristão menos regenerado que outro. Também, no aspecto da vida comum do cristão, Deus decidiu soberanamente que o homem tenha sua participação e responsabilidade, embora o controle sobre o resultado não dependa dele (homem). O Salmista usa dois exemplos claros do nosso cotidiano que nos ajuda a entender que não podemos ficar sentados, na vala dos preguiçosos, orando para que Deus faça o que é o nosso dever. Um exemplo disso é tomarmos precauções de segurança. Fechar portas e janelas, erguer o muro da casa, usar alarme e travas de segurança nos carros, etc pode ser considerado como algo ao nosso alcance, como meios legítimos que Deus nos permite usar. Essa é a nossa responsabilidade. As consequências, se nossa casa será assaltada, se nosso carro será roubado, não está a nosso alcance. Não temos o controle sobre os resultados. Isto pertence a Deus. Quando tomamos as providências necessárias, não quer dizer que nada de ruim nos irá acontecer. Mas, que fizemos nossa parte e agora, devemos orar e entregar o cuidado e o resultado nas mãos de quem tem o controle total do universo. Vejamos que o Salmista teve o cuidado de dizer "Se o Senhor...". Isto quer dizer que podemos fazer tudo, tomar todas as providências, usar os melhores recursos contra roubos, perdas, até mesmo, na área da saúde podemos usar todos os melhores medicamentos, ser atendidos pelos melhores médicos, nos melhores hospitais, contudo, se o Senhor não estivesse acima destas coisas, nada disso teria sentido. Então não devemos fazer uso delas? Ao contrário, podemos e devemos. Entretanto, uma coisa não exclui a outra. Nosso dever de procurar bons médicos, de usar bons recursos não nos isenta de problemas e, muito menos, obriga o Senhor a fazer nossa vontade. E, também, se não usarmos bons médicos e se não tomarmos as precauções devidas na vida, estamos desprotegidos. Mesmo não usando estes benefícios a nosso favor, mesmo assim, Deus pode nos curar e nos proteger. Isto, porque nossa ação não gera uma reação em Deus. Deus não reage, Ele, simplesmente, age no seu devido tempo e conforme sua livre determinação soberana. Nossa relação com Deus não de troca, eu faço minha parte e agora Deus está obrigado a fazer o que eu quero. Deus faz a parte dele sempre, pois é fiel a Si mesmo. O fato é que Sua vontade nem sempre corresponde com nossas expectativas. E, graças a Deus por isso.
Portanto, conforme o Salmista diz, façamos nossa parte, usemos os recursos ao nosso alcance, mas saibamos sempre que tudo está na dependência total da vontade de Deus. Devemos trabalhar, guardar e vigiar, mas sempre confiando que é Deus quem controla todas as coisas. É o Senhor quem edifica e guarda, e Ele pode usar ou não o homem para isso. Nosso dever é ser diligente e fiéis em nosso dever. Cabe ao Senhor aproveitar nossa tarefa ou não. Nada do que fazemos tem sentido se Deus não estivesse no controle delas. Todas as coisas já foram predeterminadas por Ele, mas isto não nos isenta de fazer nossa parte, no que nos for permitido fazer. Na verdade a soberania de Deus não começa em algum ponto, como se em algum momento ela não existisse e a partir daquele momento, então, surgisse inesperadamente. A soberania de Deus está desde antes da responsabilidade do homem e prossegue por todos os atos e por todo o tempo. Ela não tem fim. Devemos concordar com a frase de um irmão do passado que disse: "Faça tudo o que Deus ordena, e aceite tudo o que Deus faz".
Alexandre Pereira Bornelli

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Previdência ou Providência?

O mundo está economicamente num momento perigoso. Quem tem ações na bolsa de valores, mais do que nunca, está sem dormir, comer, sorrir e viver. Compensa toda essa angústia, tensão e sofrimento? Depende, se o seu deus for o dinheiro e o lucro, compensa. Caso contrário, não. A confiança no mercado financeiro está em baixa.
Seja no casamento, nas amizades, no emprego, prezamos e valorizamos a confiança. Até mesmo com os bens materiais a confiança é algo positivo. Confiamos em certos carros para viajar com a família, noutros não. Criadores confiam em alguns de seus animais, noutros não. A vida é feita de confiança ou desconfiança. Há uma passagem nas Escrituras que nos ensina sobre no que devemos confiar. É o Salmo 20 que retrata Davi recordando a oração do povo por sua vitória em combate, e relembrando sua própria confiança em Deus para a vitória e reiterando a oração do povo ao Senhor, o seu Rei. Especificamente no verso 7, do cap. 20, Davi diz “uns confiam em carros, outros em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor nosso Deus”. Na linguagem de hoje, podemos dizer que uns confiam em carros novos, outros em seu emprego, outros na Bolsa de Valores, outros em investimentos em imóveis, etc. Mas, a pergunta que devemos fazer é se nós cristãos estamos também confiando nestas coisas terrenas. No que estamos nos gloriando? A confiança em Deus nos faz viver melhor, pois é o único lugar seguro em que realmente podemos descansar, pois é Ele que mantém o nosso fôlego da vida. Temos confiando na providência de Deus? Temos crido realmente que é Deus que nos sustenta, tanto fisicamente quanto materialmente? Crer na providência de Deus é fundamental. Confiar nossa vida aos seus cuidados não é ficar na inércia, sentados esperando as coisas acontecerem. Isso é fatalismo. Crer na providência de Deus nos faz obedecer aos seus mandamentos, nos faz viver diligentemente em busca da santidade pessoal. Faremos o que devemos fazer confiando os resultados ao Senhor Jesus, descansando em sua providência e fidelidade. Por outro lado, quando nossa confiança não está em Deus, vivemos uma vida cristã desprezível. Um dia estamos seguros e estáveis, no outro, desesperados pela alta do dólar, pela perda de algum lucro ou de um bom negócio. Nosso humor é regido pelo humor do mercado financeiro.
Alguns textos bíblicos nos ajudam a manter o foco na confiança que devemos ter somente em Deus. O Salmo 40:4 diz: “Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança...”. Também o Salmo 28:7: “O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele o meu coração confia, nele fui socorrido; por isso o meu coração exulta...” Confiança é entrega. Há um exemplo que ilustra muito bem este fato. Certo homem tinha a habilidade de andar sobre um cabo de aço, se equilibrando a um metros e metros do chão. Durante suas apresentações, a platéia ficava eufórica e o aplaudia por minutos. Num momento ele pegou uma carriola e atravessou empurrando-a sobre o cabo de aço com sucesso. Ao chegar do outro lado e após ser ovacionado, o artista perguntou á sua fiel platéia: “alguém confia que posso repetir o feito com o mesmo sucesso?“ E todos sinalizaram positivamente. Então, ele concluiu: “Quem quer ser o voluntário para sentar na carriola?” Ninguém se prontificou. Alguém realmente confiava no equilibrista? Certamente que não. Caso contrario, se entregariam ao seu cuidado. Assim também é nosso relacionamento com Deus. Confiar é entregar-se aos cuidados de Deus. É isso que diz o Salmo 37:5: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará.” Noutras palavras, sente-se confiadamente na “carriola” que o Senhor o guiará. Outro grande exemplo aconteceu com o maior evangelista de todos os tempos, D.L. Moody. Certa vez Moody estava em um barco pequeno com mais um amigo, quando de repente, começou entrar água no barco por uma rachadura. Moody, rapidamente, pegou um balde começou a retirar água do barco. Seu amigo, olhando aquilo, indagou assustado: “Mas, Moody, não deveríamos estar orando nesta situação?” Ao que Moody lhe respondeu: “Estou orando desde o começo”. E continuava a retirar água, e continuava a orar. Isso é confiar na providência de Deus; fazer o que deve ser feito e confiar na providência de Deus.
Muitos cristãos possuem previdência privada como forma de aposentadoria. Nada há de errado quanto a usarmos, legítima e licitamente, a previdência privada para suprir-nos futuramente em tempos difíceis. Contudo, é preciso nos perguntar se estamos confiando na previdência privada ou na providência divina? A previdência pode falhar e não ser suficiente. Contudo, a providência divina jamais falhou, falha ou falhará e sempre nos será suficiente. Podemos e devemos ser diligentes no trabalho e utilizar métodos à nossa disposição, desde que lícitos e que nos convenha, com o objetivo de precaver-nos de dias piores. O que não podemos é confiar nas coisas materiais e nos bens que possuímos. Podemos ter a previdência privada, mas, devemos confiar na providência divina.

Alexandre Pereira Bornelli